Publicação: SÍndrome obstrutiva das vias aéreas braquicefálicas e repercussão no sistema respiratório de cães das raças pug e buldogue francês
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Data
Autores
Orientador
Moraes, Paola Castro (UNESP)
Coorientador
Feliciano, Marcus Antônio Rossi (USP)
Pós-graduação
Ciências Veterinárias - FCAV
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Tese de doutorado
Direito de acesso
Acesso restrito
Resumo
Resumo (português)
Raças de cães braquicefálicos se tornaram muito populares nos últimos anos, entretanto muitos desses animais apresentam alterações secundárias às suas características fenotípicas, como distúrbios respiratórios, de oxigenação e de termorregulação. A fisiopatogenia da síndrome braquicefálica assemelha-se à síndrome obstrutiva da apneia do sono em humanos, na qual associa-se o desenvolvimento de doenças pulmonares secundárias às injúrias causadas pelo aumento da resistência das vias aéreas superiores e hipóxia intermitente. Alterações da linha pleural, diagnosticadas pela ultrassonografia modo-B, têm sido associadas a alterações no trato respiratório. Objetivou-se com este estudo avaliar a repercussão da síndrome obstrutiva das vias aéreas braquicefálicas (SOAB) no sistema respiratório de cães das raças pug e buldogue francês, nos diferentes graus da síndrome, por meio da avaliação hemogasométrica arterial, hemograma e bioquímica sérica, espessura da pleura pelo método de ultrassonografia modo-B e elastografia (ARFI) da superfície pleural. Cinquenta e dois cães das raças pug e buldogue francês foram submetidos ao teste de exercício submáximo, previamente validado na literatura, e classificados em 4 graus: 0- clinicamente não afetado, 1- discreto, 2- moderado e 3- gravemente afetado pela síndrome. Quinze cães da raça beagle foram considerados grupo controle. Foram realizados exame de hemograma, proteína total, albumina, creatinina e alanina aminotransferase. E análise dos gases sanguíneos arteriais: pressão parcial de oxigênio e dióxido de carbono (PaO2 e PaCO2 mmHg), pH, bicarbonato (HCO3) e lactato. Foram realizados exames ultrassonográficos modo B do pulmão com mensuração e elastografia (ARFI) da linha pleuropulmonar. Os resultados obtidos por meio destas análises foram comparados e correlacionados aos graus da SOAB, com nível de significância fixada em 95% (p<0,05) para todos os testes estatísticos utilizados. Cães clinicamente afetados pela SOAB não apresentaram hipóxia, entretanto, apresentaram valores mais elevados de PCO2 (p=0,017) e HCO3 (p=0,004) em relação aos cães mesocefálicos, sugerindo tendência ao estado de hipoventilação. A espessura da pleura avaliada pelo exame ultrassonográfico modo-B, foi maior nos cães braquicefálicos dos graus 2 e 3, em relação aos mesocefálicos e graus 0 e 1 da SOAB, apresentou correlação positiva forte com os valores de PCO2 (R-spearman:0,38 e p=0,002) e HCO3 (R-spearman:0,25 e p=0,042). A pleura dos cães braquicefálicos apresentou tendência a menor rigidez em relação aos cães mesocefálicos (SWV, p= 0,181). Após análise de regressão logística a espessura e a SWV da pleura mostraram capacidade moderada para o diagnóstico da SOAB (p=0,01, valor de corte: >0,82 mm e p=0,04, valor de corte: 3,29 m/s), com baixa sensibilidade e boa especificidade. Os resultados sugerem que existem alterações secundárias à SOAB que levam a repercussões não apenas locais, mas também no trato respiratório caudal, assim como sistêmicas. Ademais, os resultados do presente estudo reforçam a validade da avaliação ultrassonográfica do trato respiratório caudal em cães e juntamente com a elastografia ARFI da superfície pleural, mostrou-se eficiente na identificação de cães clinicamente acometidos pela SOAB.
Resumo (inglês)
Brachycephalic dog breeds have become highly popular in recent years; however, many of these animals exhibit secondary changes related to their phenotypic characteristics, such as respiratory, oxygenation, and thermoregulation disorders. The pathophysiology of brachycephalic syndrome resembles obstructive sleep apnea syndrome in humans, where the development of secondary pulmonary diseases is associated with injuries caused by increased upper airway resistance and intermittent hypoxia. Pleural line alterations, diagnosed via B-mode ultrasonography, have been linked to changes in the respiratory tract. The aim of this study was to evaluate the impact of brachycephalic obstructive airway syndrome (BOAS) on the respiratory system of dogs from the pug and French bulldog breeds, across different grades of the syndrome, through arterial blood gas analysis, complete blood count, serum biochemistry, pleural thickness measured by B-mode ultrasonography, and pleural surface elastography (ARFI). Fifty-two dogs from the pug and French bulldog breeds underwent a submaximal exercise test, previously validated in the literature, and were classified into four grades: 0 – clinically unaffected, 1 – mild, 2 – moderate, and 3 – severely affected by the syndrome. Fifteen beagle dogs were considered as a control group. Blood tests, including complete blood count, total protein, albumin, creatinine, and alanine aminotransferase, were performed. Arterial blood gas analysis was conducted for partial pressure of oxygen and carbon dioxide (PaO2 and PaCO2, mmHg), pH, bicarbonate (HCO3), and lactate. B-mode ultrasonography of the lung was performed with measurement and elastography (ARFI) of the pleuropulmonary line. The results obtained from these analyses were compared and correlated with the BOAS grades, with a significance level set at 95% (p<0.05) for all statistical tests used. Clinically affected dogs with BOAS did not present hypoxia but had higher levels of PCO2 (p=0.017) and HCO3 (p=0.004) compared to mesocephalic dogs, suggesting a tendency toward hypoventilation. Pleural thickness, assessed by B-mode ultrasonography, was greater in brachycephalic dogs in grades 2 and 3 compared to mesocephalic dogs and grade 0 and 1 BOAS dogs. It showed a strong positive correlation with PCO2 (R-spearman: 0.38 and p=0.002) and HCO3 (R-spearman: 0.25 and p=0.042) values. The pleura in brachycephalic dogs showed a tendency for lower stiffness compared to mesocephalic dogs (SWV, p=0.181). After logistic regression analysis, pleural thickness and SWV showed moderate diagnostic capacity for BOAS (p=0.01, cutoff value: >0.82 mm, and p=0.04, cutoff value: 3.29 m/s), with low sensitivity and good specificity. The results suggest that there are secondary changes associated with BOAS that lead to repercussions not only locally but also in the caudal respiratory tract, as well as systemic effects. Furthermore, the findings of this study reinforce the validity of ultrasonographic evaluation of the caudal respiratory tract in dogs, which, when combined with ARFI elastography of the pleural surface, proved to be effective in identifying dogs clinically affected by BOAS.
Descrição
Palavras-chave
Aparelho respiratório, Ultrassonografia, Pleura, Cães, Inflamação
Idioma
Português
Como citar
REIN, A. - SÍndrome obstrutiva das vias aéreas braquicefálicas e repercussão no sistema respiratório de cães das raças pug e buldogue francês - 2025, 64f - Tese (Doutorado em Ciências Veterinárias) - Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho", Jaboticabal, 2025.