Fatores associados à infecção de corrente sanguínea no cateter central de inserção periférica em neonatos

Abstract

Introdução: O uso de dispositivos intravasculares teve grande avanço nos últimos anos, a utilização do cateter central de inserção periférica (PICC) permite uma prolongada permanência do cateter, sendo o mais indicado em neonatologia e contribui para a sobrevida dos recém-nascidos, porém não é isento de complicações, as quais as infecciosas aumentam a morbimortalidade e os custos hospitalares, afetando negativamente a segurança do paciente. Objetivo: Identificar os fatores associados à infecção de corrente sanguínea pelo uso do PICC em recém-nascidos internados em unidade de terapia intensiva neonatal. Método: Estudo de coorte, retrospectivo, realizado com 684 neonatos com cateteres centrais de inserção periférica em um hospital terciário do interior de São Paulo. Empregou-se formulário estruturado para registro dos dados do prontuário eletrônico do paciente. Os critérios de inclusão foram neonatos nascidos na própria maternidade do hospital, sem o uso concomitante de outro tipo de cateter venoso central com registro no prontuário eletrônico acerca das variáveis de desfecho do estudo. Já os critérios de exclusão foram os pacientes com ausência de dados no prontuário eletrônico, com infecções congênitas sintomáticas, que já tenham usado anteriormente cateter com suspeita de infecção e neonatos transferidos para outras unidades em uso do cateter. As variáveis estudadas foram relacionadas à caracterização da amostra, à indicação do PICC, à inserção e remoção do cateter, sendo a variável dependente a infecção de corrente sanguínea. Realizou-se a análise por estatística descritiva e estatística inferencial (qui-quadrado, teste t-student e modelo de regressão logística). Resultados: Dentre os neonatos que tiveram o PICC, houve predominância de prematuridade, muito baixo peso e desconforto respiratório. Em relação aos eventos adversos, 12,87% tiveram sua remoção por sinais de infecção no cateter. Dois fatores associaram à infecção de corrente sanguínea pelo uso do cateter; politerapia e ter sete dias de vida ou menos no momento de inserção do PICC. A variável peso apresentou uma tendência a ser um fator de risco para infecção no cateter. O uso do conector sem agulha para sistema fechado foi um fator de proteção para infecção de corrente sanguínea. Dentre as duas amostras de hemoculturas, os Gram positivo foram os mais encontrados, e em relação a ponta de cateter, três amostras tiveram resultado com presença de Gram positivo. Conclusão: Ter sete dias de vida ou menos e a indicação de politerapia para uso do cateter foram fatores de risco para a infecção de corrente sanguínea pelo uso do PICC, que podem ser justificados pela idade neonatal precoce na inserção do cateter e pela grande manipulação, pela equipe de enfermagem, das vias de acesso, devido a diversas soluções que são infundidas em um único lúmen. A utilização do conector sem agulha para sistema fechado foi um fator de proteção para infecção, mas é necessário o correto manuseio e cuidado com este dispositivo pela equipe que o manipula para a infusão de soluções endovenosas. Todos este fatores necessitam de educação permanente da equipe de enfermagem no manejo adequado do cateter com implementação de medidas rigorosas de prevenção de infecção de corrente sanguínea com vigilância ativa do enfermeiro para minimizar os riscos. Novos estudos nesta área podem contribuir para uma prática mais eficaz.

Introduction: Introduction: The use of intravascular devices has made great progress in recent years, the use of the peripherally inserted central catheter (PICC) allows for a prolonged catheter stay, being the most indicated in neonatology and contributing to the survival of newborns, but not It is free from complications, with infectious complications increasing morbidity and mortality and hospital costs, negatively affecting patient safety. Objective: To identify the factors associated with bloodstream infection due to the use of PICC in newborns admitted to a neonatal intensive care unit. Method: Retrospective cohort study, carried out with 684 newborns with peripherally inserted central catheters in a tertiary hospital in the interior of São Paulo. A structured form was used to record data from the patient's electronic medical record. The inclusion criteria were newborns born in the hospital's own maternity ward, without the concomitant use of another type of central venous catheter with record in the electronic medical record regarding the study outcome variables. The exclusion criteria were patients with no data in the electronic medical record, with symptomatic congenital infections, who had previously used a catheter with suspected infection and newborns transferred to other units using the catheter. The variables studied were related to the characterization of the sample, the indication of the PICC, the insertion and removal of the catheter, with the dependent variable being bloodstream infection. Analysis was performed using descriptive statistics and inferential statistics (chi-square, student's t-test and logistic regression model). Results: Among the newborns who had PICC, there was a predominance of prematurity, very low birth weight and respiratory distress. Regarding adverse events, 12.87% were removed due to signs of infection in the catheter. Two factors were associated with bloodstream infection due to the use of the catheter; polytherapy and being seven days old or less at the time of PICC insertion. The weight variable tended to be a risk factor for catheter infection. The use of the needleless connector for a closed system was a protective factor against bloodstream infections. Among the two blood culture samples, Gram positives were the most frequently found, and in relation to the catheter tip, three samples tested Gram positive.Conclusion: Being seven days old or less and the indication of polytherapy for the use of the catheter were risk factors for bloodstream infection due to PICC use, which can be justified by the early neonatal age at catheter insertion and the extensive manipulation, by the nursing team, access routes, due to several solutions that are infused into a single lumen. The use of the needle-free connector for a closed system was a protective factor against infection, but correct handling and care with this device is necessary by the team that handles it for the infusion of intravenous solutions. All these factors require permanent education of the nursing team in the appropriate management of the catheter with the implementation of strict measures to prevent bloodstream infections with active surveillance by nurses to minimize risks. New studies in this area can contribute to more effective practice. Descriptors: Nursing Care, Catheterization, Central Venous; Neonatal Nursing; Infant, Newborn; Cohort studies.