Determinações territoriais do assentamento Camaquã/Ipeúna-SP: relações de poder e territorialidades

Abstract

Considerando que os territórios são construídos e mantidos através de relações de poder exercidas por grupos sociais, hegemônicos ou não, entende-se que analisar as práticas que configuram tais territórios permitem a identificação dessas relações de poder. Em locais com práticas específicas, como os territórios agrários brasileiros, as relações de poder podem ser exercidas de duas formas: favoráveis à alienação territorial, ou favoráveis aos constructos territoriais. Para o segundo caso, os assentamentos rurais configuram-se como sendo os locais onde as práticas contra hegemônicas podem ser exercidas. Entretanto, a localização do assentamento, a origem dos assentados e suas ações enquanto sujeitos históricos e de luta pelo acesso a terra, podem, em oposição, favorecer a cultura hegemônica, diminuindo a autonomia desses territórios e desses agricultores. Esta pesquisa tem por objetivo analisar as práticas socioespaciais exercidas no Assentamento Camaquã, em Ipeúna, SP; o qual demonstrou um alto nível de alienação territorial e de práticas que favoreçam a dependência deste território pelo capital externo a si, e uma elevada tendência à acumulação pela renda da terra através da monocultura e arrendamento.

Considering that territories are built and maintained through power relations exercised by social groups, hegemonic or not, it is understood that analyzing the practices that configure such territories allows the identification of these power relations. In places with specific practices, such as Brazilian agrarian territories, power relations can be exercised in two ways: favorable to territorial alienation, or favorable to territorial constructs. For the second case, rural settlements are configured as places where anti-hegemonic practices can be exercised. However, the location of the settlement, the origin of the settlers and their actions as historical subjects and of struggle for access to land can, in opposition, favor the hegemonic culture, reducing the autonomy of these territories and these farmers. This research aims to analyze the socio-spatial practices exercised in the Camaquã Settlement, in Ipeúna, SP, which demonstrated a high level of territorial alienation and practices that favor the dependence of this territory to external capital, and a high tendency to accumulate by renting the land through monoculture and leasing.