Publicação: Estimulação táctil em peixes: efeitos no apaziguamento e modulação dopaminérgica
Carregando...
Data
Autores
Orientador
Freitas, Eliane Gonçalves de 

Coorientador
Soares, Marta Candeia
Gesto, Manuel
Pós-graduação
Biodiversidade - IBILCE
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Dissertação de mestrado
Direito de acesso
Acesso restrito
Resumo
Resumo (português)
A estimulação táctil corporal (ET), semelhante a toques e massagens terapêuticas, é um tipo de enriquecimento sensorial que melhora o bem-estar de peixes reduzindo a agressividade e o estresse, e aumentando o crescimento. Esses efeitos são importantes em espécies territoriais, como Geophagus iporangensis e Sparus aurata, nas quais a agressividade compõe o comportamento natural, mas pode ser intensificada em níveis não-adaptativos quando em condições de criação artificial. Esta dissertação objetivou explorar mecanismos comportamentais e fisiológicos associados à ET em peixes. A ET foi realizada artificialmente através de um aparato formado por uma moldura de PVC, preenchida por hastes plásticas contendo cerdas de silicone nas laterais, posicionado centralmente no aquário. Os peixes recebiam ET ao passarem entre as cerdas. Em um primeiro estudo, testamos o efeito da ET sobre o comportamento de apaziguamento em G. iporangensis. Nas lutas, o nível de agressividade depende do comportamento do dominante e de comportamentos de apaziguamento do submisso. Portanto, o apaziguamento tem sido associado a um sinal de submissão que deve reduzir a probabilidade de agressão de outros indivíduos, como mudanças na coloração corporal e postura. Os animais permaneceram por 21 dias em um tratamento com estimulação ou em um controle, sem as cerdas de silicone (n=15 em cada tratamento). Posteriormente, cada indivíduo foi pareado com outro para observação de lutas e quantificação do apaziguamento. Após as lutas, foi realizada coleta de sangue para avaliação do cortisol plasmático (indicador de estresse). Os comportamentos de submissão são estados, portanto utilizamos registro intervalar de 15s em 30min de gravação, resultando em 12 intervalos, com score de 0,0 a 1,0. Ademais, utilizamos um score cumulativo (0,0 a 9,0), já que as unidades de comportamento de submissão podem ocorrer simultaneamente. Não encontramos diferenças em cada unidade isolada. Porém, constatamos que indivíduos que receberam ET aumentaram significativamente o score de apaziguamento cumulativo no final da luta, aumentando, portanto, os sinais de apaziguamento. Não encontramos diferenças nos níveis de cortisol entre os tratamentos, mas encontramos correlação negativa entre cortisol e atravessamentos pelas cerdas de silicone, indicando uma tendência da ET em reduzir o estresse nesses animais. Em um segundo estudo, testamos a possível modulação da ET pela dopamina em S. aurata, já que um provável mecanismo para os efeitos da ET em mamíferos envolve as vias dopaminérgicas de recompensa. Grupos de quatro peixes permaneceram em ET por 7 dias e, depois, foram destinados a um dos três tratamentos do estudo (n=12 cada): injeções intramusculares de agonista D1, antagonista D1 ou salina. Depois, os grupos foram reinseridos no aquário contendo, dessa vez, um estimulador com 50% cerdas e 50% sem cerdas, para analisar a escolha dos indivíduos pela ET. Constatamos que indivíduos tratados com antagonista D1 apresentaram maior frequência relativa da escolha pela ET que os demais tratamentos. Esses resultados mostram que a ET é modulada pela dopamina, como nos mamíferos, geralmente associado à recompensa. Em geral, sugerimos que a ET afeta o comportamento dos peixes por vários mecanismos e, embora sejam necessárias mais investigações, é um tipo de enriquecimento ambiental que melhora o bem-estar dos peixes.
Resumo (inglês)
Tactile body stimulation (TS), similar to therapeutic massage and touch, has been shown to improve fish welfare by reducing aggression and stress and increasing growth rate. These effects are important for territorial species such as Geophagus iporangensis and Sparus aurata, in which aggression is part of natural behavior but can be increased to non-adaptive levels under artificial rearing conditions. The aim of this thesis was to investigate some of the behavioral and physiological mechanisms associated with TS in fish. TS was artificially induced using an apparatus made of a PVC frame filled with plastic sticks, sided with silicone bristles, and positioned in the center of the aquarium. The fish receive TS by passing through the bristles. In the first study, we tested the effect of TS on the appeasement behavior of G. iporangensis. In fights, the level of aggression depends on both, the dominant’s behavior as well as the subordinate’s appeasement behavior. In this sense, appeasement is associated with signs of submission that should reduce the likelihood of aggression from other individuals, such as changes in body color and posture. The animals remained individually in a stimulation treatment or in a control one, without the silicone bristles, for 21 days (n=15 each treatment). Each individual was then paired with another one to observe fights and quantify appeasement. After the fights, blood was taken to measure plasma cortisol (an indicator of stress). As subordination is a state, we used time sampling with 15 s interval in 30 min recording, resulting in a behavioral score. We found that individuals who received TS significantly increased subordinate score at the end of the fight, therefore increasing appeasement behavior. We did not find any differences in cortisol levels between the two treatments. However, we found a negative correlation between cortisol and crossings through the bristles, indicating a tendency for TS to reduce stress in these animals. In a second study, we tested the potential modulation of TS by dopamine in S. aurata, since a likely mechanism for the effects of TS in mammals involves dopaminergic reward pathways. Groups of four fish fish remained under TS for 7 days and then were assigned to one out of the three treatments (n=12 each): intramuscular injections of D1 agonist, D1 antagonist or saline. After that, the groups were returned to the aquarium, this time containing an apparatus with 50% bristles and 50% without ones, to analyze the individuals' choice for TS. We found that individuals treated with antagonist D1 had a higher relative frequency of choosing TS than the other treatments. These results show that TS is modulated by DA like mammals, which are usually associated with reward. Overall, we suggest that TS affects fish behavior by several mechanisms and, although more investigations are needed, it is a type of environmental enrichment that improves fish welfare.
Descrição
Palavras-chave
Biologia, Animais - comportamento, Bem-estar, Dopamina, Animal behavior, Dopamine
Idioma
Português
Como citar
SILVA, Bianca Cambiaghi e. Estimulação táctil em peixes: efeitos no apaziguamento e modulação dopaminérgica. 2025. 78 f. Dissertação (Mestrado em Biodiversidade) – Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas, São José do Rio Preto, 2025.