Políticas de ações afirmativas: narrativas de estudantes indígenas da UFSCar sobre acesso/permanência em cursos superiores

Abstract

Estrutura-se, nesta dissertação, uma pesquisa de mestrado que se apoiou na pesquisa narrativa para analisar percepções de estudantes indígenas da UFSCar – Campus São Carlos, acerca do acesso e permanência em cursos de graduação presenciais da área de Enfermagem, Medicina e Psicologia. Trata-se de uma investigação vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da Faculdade de Ciências e Letras – FCLAr – da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" – UNESP, linha de pesquisa "Política e Gestão Educacional". O referencial teórico discute estudos do campo das Políticas de Ações Afirmativas, Relações Étnico-Raciais, com destaques para a presença do indígena no Ensino Superior. Em termos metodológicos, seguindo os pressupostos qualitativos, inspirou-se na narrativa como fonte de produção de dados. Fazer "ecoar" as vozes dos indígenas sobre as vivências nos cursos em que são regularmente matriculados em relação aos processos formativos da inclusão no Ensino Superior no sentido global é pertinente, o que foi possível com base no método da entrevista narrativa. Face a produção do conhecimento da área, com o presente estudo, a perspectiva é contribuir com os trabalhos de temática semelhante ao abordar a narrativa daqueles que vivenciam os espaços-tempos das relações sociais, políticas e humanas no contexto universitário. Os resultados evidenciaram que: 1) o ingresso no instituição ocorreu, no caso investigado, prioritariamente pelo Vestibular Indígena, e os estudantes sentiram-se acolhidos pela instituição a partir das ações tanto da Pró-Reitoria de Graduação quanto da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (ProACE); 2) Houve impacto dos estereótipos étnicos em sala de aula, a partir da interação com colegas dos cursos e estigmas de professores; 3) Na visão deles, alguns professores não estão "preparados" para pensar ações interculturais na aulas, o que dificultou a adaptação nos primeiros anos; e 4) Apesar dos processos destacados, todos os indígenas entrevistados reforçam a importância da UFSCar e das políticas de permanência e seus impactos em suas vidas.

This dissertation is structured around a master's degree research based on narrative research to analyze the perceptions of indigenous students at UFSCar – Campus São Carlos, regarding access to and retention in face-to-face undergraduate courses in the area of Nursing, Medicine and Psychology. This is an investigation linked to the Postgraduate Program in School Education at the Faculty of Sciences and Letters – FCLAr – at the Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" – UNESP, line of research "Educational Policy and Management". The theoretical framework discusses studies in the field of Affirmative Action Policies, Ethnic-Racial Relations, with emphasis on the presence of indigenous people in Higher Education. In methodological terms, following qualitative assumptions, narrative was used as a source of data production. "Echoing" the voices of indigenous people about their experiences in the courses in which they are regularly enrolled in relation to the formative processes of inclusion in Higher Education in a global sense is pertinent, based on the narrative. Given the production of knowledge in the area, with the present study, the perspective is to contribute to works on a similar theme by addressing the narrative of those who experience the space-times of social, political and human relations in the university context. The results showed that: 1) entry into the institution occurred, in the case investigated, primarily through the Indigenous Entrance Exam, and the students felt welcomed by the institution based on the actions of both the Dean of Undergraduate Studies and the Dean of Community Affairs and Student (ProACE); 2) There was an impact of ethnic stereotypes in the classroom, based on interaction with colleagues on the courses; 3) In their view, some teachers are not "prepared" to think about intercultural actions in classes, which made adaptation difficult in the first years; and 4) Despite the highlighted processes, all indigenous people interviewed reinforce the importance of UFSCar and the permanence policies and their impacts on their lives.