Avaliação ecocardiografica em cadelas gestantes

Abstract

Durante o processo gestacional, adaptações no sistema cardiovascular são necessárias para garantir adequada perfusão uterina e desenvolvimento embrionário e fetal. Estes mecanismos de adaptação fisiológica parecem responsáveis pela manutenção hemodinâmica materno-fetal durante a gestação, portanto, compreender este processo pode prover informações valiosas para o entendimento e avaliação da função hemodinâmica durante a gestação em cães e servir como modelo fisiológico para outras espécies ou para o estudo da fisiologia gestacional. Em cadelas existem poucas informações a esse respeito, deste modo, objetivou-se avaliar as adaptações cardiovasculares por meio da ecocardiografia e “Doppler” tecidual durante a gestação de cadelas. Foram avaliadas quinze cadelas, saudáveis com idades entre 2 e 6 anos e pesando entre 5 e 15 kg. Realizou-se avaliação clínica da frequência cardíaca e pressão arterial, assim como exame ecocardiográfico Modo-M, “Doppler” espectral e tecidual, no anestro (AZ), estro (EZ), a cada 15 dias durante a gestação (DG 15, 30, 45 e 60) e 45 dias após o parto (PP) e análise estatística dos resultados. A frequência cardíaca (FC) (p=0,286) e pressão arterial sistólica (PA) (p=0,686) não apresentaram variações significativas durante o período gestacional. Os parâmetros que sofreram alteração significativa foram, fração de ejeção (FE) (p=0,0016) e fração de encurtamento (FEC) (p=0,00004). As variáveis do “Doppler” espectral onda A e E:A do fluxo transmitral, tempo de relaxamento isovolumétrico (TRIV), picos de velocidade do fluxo aórtico e mitral (PVVmáx e AVVmáx), ondas E’(s) e E’(lat), A’(s) e A’(lat), S’(s) e S’(lat) e E:E’(s) do “Doppler” tecidual variaram com relação aos momentos estudados (p<0,05). Estes resultados indicam que o aumento da volemia decorrente da gestação produz modificações na hemodinâmica materna com consequências sobre a função cardiovascular que se adapta através de mudanças na função sistólica e diastólica refletidas por um melhor desempenho sistólico do miocárdio e aumento da complacência ventricular.

During gestational process, a structural cardiovascular adaptation is necessary to ensure adequate uterine perfusion embryonic and fetal development. These physiological mechanisms of adaptation seem to be responsible for maternalfetal hemodynamic maintenance during pregnancy, so understanding this process can provide valuable information for the knowledge and evaluation of gestational hemodynamics in dogs and may serve as physiological model for other species or for gestational physiopathology studies. In bitches, information in this respect are limited, then to evaluate cardiovascular adaptations through echocardiography and tissue. Fifteen healthy bitches aged between 2 and 6 years and weighing between 5 and 15 kg were evaluated. Clinical evaluation of heart rate and blood pressure, as well as echocardiographic M-Mode, spectral and tissue Doppler, in anestrus (AZ), estrus (EZ), every 15 days during gestation (PG 15, 30 , 45 and 60) and 45 days after delivery (PP) and statistical analysis of the results. Heart rate (HR) (p = 0.286) and systolic blood pressure (BP) (p = 0.686) did not show significant changes during the gestational period. The parameters that underwent significant change were ejection fraction (EF) (p = 0.0016) and shortening fraction (FS) (p = 0.00004). The spectral Doppler variables A and E: A of the transmitral flow, isovolumetric relaxation time (IVR), aortic and mitral flow velocity peaks (PVVmax and AVVmax), E '(s) and E' waves ), A '(s) and A' (lat), S '(s) and S' (lat) and E: E '(s) of the tissue Doppler varied with respect to the moments studied (p <0.05 ). These results indicate that the increase in blood volume due to gestation produces changes in maternal hemodynamics with consequences on cardiovascular function that adapts through changes in systolic and diastolic function reflected by better myocardial systolic performance and increased ventricular complacency.