Espiritualidade: Uma reflexão sobre o que sabem e o que fazem os enfermeiros

Abstract

Introdução: o tema espiritualidade continua sem uma definição aceita por todos os profissionais de saúde, apesar de nos últimos anos ter sido possível constatar cada vez mais fóruns de discussão sobre o assunto e bibliografias nacionais e inter-nacionais. Objetivo: desvelar os significados de espiritualidade na prática clínica do enfermeiro e identificar e descrever a relação entre espiritualidade e a dimensão do cuidar, por meio dos diagnósticos e intervenções de enfermagem. Método: tra-ta-se de pesquisa qualitativa com abordagem fenomenológica, cujo objeto de estu-do é a espiritualidade na prática clínica dos enfermeiros. Teve como perguntas nor-teadoras: O que significa espiritualidade para você? Na sua prática diária, como você cuida levando em consideração a espiritualidade? Realiza ou realizou alguma intervenção de enfermagem relacionada com espiritualidade? Os dados foram co-letados na modalidade síncrona, por meio de entrevista semiestruturada via plata-forma Google Meet e/ou vídeo-áudio do sistema Android ou similar. Os participan-tes responderam questões fechadas sobre experiência e o tempo de serviço na insti-tuição, idade, estado civil, religião e sexo. As respostas foram gravadas e os conte-údos transcritos na íntegra. Para o tratamento dos dados, utilizou-se das análises ideográfica e nomotética e a síntese dos mesmos. Resultados: Foram coletadas 13 entrevistas, as quais revelaram que todos os enfermeiros declararam ter religião. Os profissionais conceituaram a espiritualidade como algo superior, que transcende o humano como força divina, acalento e tem ligação com o sagrado. No contexto do trabalho, cuidam levando em consideração essa concepção de espiritualidade. Ao prescrever os diagnósticos de enfermagem, não incluem a espiritualidade na Siste-matização de Assistência de Enfermagem, mas utilizam intervenções permeadas por práticas não medicamentosas, por afeto, empatia, carinho e oração junto aos pacientes e familiares. Considerações finais: A espiritualidade mostrou-se presen-te na prática clínica dos enfermeiros na interação entre enfermeiro e usuário, mas o não registro de seu diagnóstico denota uma inabilidade técnica por parte dos pro-fissionais. Há necessidade de investir em competências comunicacionais e tecnolo-gia leve, as quais podem favorecer seu registro e a ampla interação dos saberes e práticas do cuidado.