Influência da urbanização no tamanho corporal de duas espécies de sabiás

Abstract

A Mata Atlântica é o bioma brasileiro mais afetado pela expansão da urbanização e de atividades antrópicas e hoje em dia é composto por mosaicos de fragmentos florestais imersos em diferentes usos antrópicos, inclusive por centros urbanos. No entanto, a Mata Atlântica é considerada um Hotspot de biodiversidade, por ser tão ameaçada, mas por ainda manter elevada riqueza e grau de endemismo, e com inúmeras espécies a serem estudadas. As aves são indicadoras de perturbações ambientais, em particular aquelas espécies que dependem diretamente de florestas para sobreviver, podendo ser afetadas pela transformação do seu habitat. Além das mudanças na paisagem poderem causar declínio populacional e extensão local de espécies, muitos processos ainda são desconhecidos, como é o caso de quais são as consequências da intensidade de urbanização sobre as mudanças morfológicas das espécies. Neste estudo analisamos se medidas de morfometria (tamanho do tarso e do bico) de duas espécies de sabiás (Turdus leucomelas e Turdus rufiventris) respondem à cobertura de área urbanizada. Essas aves foram selecionadas por serem bem adaptadas a ambientes urbanos e por serem importantes dispersoras de sementes nesses ambientes. Foram utilizadas morfometrias de indivíduos das duas espécies para 33 localidades no Estado de São Paulo. Como os ambientes florestais são mais estáveis, esperávamos que as aves tivessem bico e tarso maior comparado ao ambiente urbano. O tarso é de extrema importância para que as aves consigam ter um melhor forrageamento. Verificamos que na população da família Turdidae ocorre diferenças morfométricas pelo fato de serem aves tolerantes a ambientes urbanizados, assim sendo indicadores desses ambientes. Nossos resultados mostram que os dois ambientes influenciam no tamanho do bico e tarso para a espécie T. leucomelas, enquanto que para T. rufiventris, as análises foram inconclusivas.