Sou brasileira ou japonesa? : identidade, imigração e feminismo

Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo compreender os efeitos do feminismo asiático-brasileiro na construção da identidade de mulheres nipo-brasileiras que tiveram contato com ele, assim como compreender de que forma os estereótipos de perigo amarelo e minoria modelo, a fetichização e sexualização de mulheres asiáticas e os efeitos da intersecção entre o patriarcado japonês e brasileiro interferem na vida dessa população. Foi realizado um estudo descritivo e exploratório de cunho qualitativo, por meio de entrevistas semi-estruturadas com seis mulheres nipo-brasileiras, três com idade entre 20-27 anos que tiveram contato com o feminismo asiático-brasileiro e três com idade entre 51-76 anos que não tiveram contato com o feminismo asiático-brasileiro, selecionadas por meio da técnica Snowball. Os dados foram analisados a partir da análise de conteúdo proposta por Bardin e divididos em categorias prévias e a posteriori. A análise foi realizada a partir da perspectiva do feminismo interseccional, da decolonialidade e de uma psicanálise com perspectiva de gênero e de questões raciais. Os resultados evidenciam a importância do feminismo asiático-brasileiro para a validação das experiências vividas pelas participantes mais jovens. Além disso, mostram as ferramentas utilizadas pelas mulheres mais velhas para escapar dos estereótipos de gênero atribuídos às mulheres nipo-brasileiras de passividade e subserviência. Espera-se que esta pesquisa contribua com o campo de estudos asiáticos contemporâneos e estudos feministas.

This research aims to understand the effects of Asian-Brazilian feminism on the construction of identity for Japanese-Brazilian women who have been exposed to it, as well as to understand how stereotypes such as the "yellow peril" and "model minority," the fetishization and sexualization of Asian women, and the effects of the intersection between the Japanese and Brazilian patriarchy interfere in the lives of this population. A descriptive and exploratory qualitative study was conducted through semi-structured interviews with six Japanese-Brazilian women—three aged between 20-27 years who had been in contact with Asian-Brazilian feminism and three aged between 51-76 years who had not been exposed to Asian-Brazilian feminism—selected through the Snowball technique. The data were analyzed using content analysis as proposed by Bardin, divided into predefined and emergent categories. The analysis was conducted from the perspective of intersectional feminism, decoloniality, and a psychoanalysis with gender and race approaches. The results highlight the importance of Asian-Brazilian feminism in validating the lived experiences of the younger participants. Additionally, they show the tools used by the older women to escape the gender stereotypes attributed to Japanese-Brazilian women, such as passivity and subservience. This research is expected to contribute to the field of contemporary Asian studies and feminist studies.