Estimulação transcutânea bilateral do nervo tibial com diferentes parâmetros em mulheres com incontinência urinária: ensaio clínico randomizado

Abstract

Introdução: A neuromodulação vesical, através da estimulação elétrica transcutânea do nervo tibial (TTNS), é amplamente empregada para tratar mulheres com sintomas de incontinência urinária por urgência (IUU). Contudo, a literatura carece de consenso sobre a modalidade ideal de eletroestimulação para esse fim. Enquanto a estimulação elétrica de baixa frequência e curta duração de pulso é a mais difundida, correntes de média frequência ganham destaque devido à sua maior penetração e conforto. Este ensaio clínico randomizado, com avaliadores, participantes e estatístico foram cegados. Objetivo foi comparar efeitos das diferentes correntes elétricas no tratamento de sintomas de IUU feminina por meio de TTNS bilateral, verificar o efeito a longo prazo após terapia e verificar se existe superioridade de alguma das correntes utilizadas. Metodologia: total de 123 mulheres incontinentes foi randomizado, com avaliações realizadas nos dias um, dez e vinte da intervenção. As participantes foram alocadas aleatoriamente em cinco grupos, cada um representando uma modalidade de eletroestimulação, um deles utilizado como padrão ouro da área de baixa frequência (TTNS-LF), outra de alta frequência (TTNS-HF), com correntes de média frequência aussie (GAMF), interferencial (GIMF) e um grupo com a corrente de alta voltagem (GHVS). O protocolo de tratamento consistiu em 20 sessões de 30 minutos, duas a três vezes por semana. Dados pessoais, anamnese, questionários específicos e avaliações físicas do assoalho pélvico foram coletados. Resultados: No ICIC-SF (gravidade da IU e interferência na vida diária), todas as correntes reduziram os scores na primeira metade do protocolo (p<0,05) e sem diferenças significativas entre os tipos de eletroestimulação. No OAB-V8 (percepção dos sintomas de bexiga hiperativa), exceto pela GTTNS-HF que continuou potencializando os resultados positivos após dez sessões. No ICIC-OAB (gravidade dos sintomas de urgência), todos os grupos tiveram redução significativa dos sintomas (p<0,05) na décima sessão, mas a melhora não se sustentou para TTNS-HF, GAMF e GIMF. Quanto à gravidade da IU pelo ISI, "aussie" não causou mudanças, GHVS teve benefícios apenas ao final, enquanto GTENS-LF, GTENS-HF e GIMF tiveram resultados positivos desde a décima sessão até o final do protocolo. Conclusão: No contexto deste ensaio clínico randomizado, observou-se que tanto as correntes de baixa quanto as de média frequência foram capazes de reduzir os sintomas de IUU quando aplicadas bilateralmente no nervo tibial. Todas as correntes testadas apresentaram características semelhantes quanto à redução de sintomas da IUU, com uma diminuição rápida no início do tratamento e a manutenção dos efeitos até a décima semana, sem ganho adicional relevante nas sessões subsequentes.

Introduction: Bladder neuromodulation through transcutaneous electrical nerve stimulation (TTNS) is widely used to treat women with urgency urinary incontinence (UUI) symptoms. However, the literature lacks consensus on the optimal modality of electrostimulation for this purpose. While low-frequency and short-pulse electrical stimulation are the most widespread, medium-frequency currents gain prominence due to their greater penetration and comfort. This blinded randomized clinical trial, with blinded evaluators, participants, and statistician, aimed to compare the effects of different electrical currents in treating female UUI symptoms through bilateral TTNS, assess the long-term effect post-therapy, and determine if there is superiority in any of the currents used. Methods: A total of 123 incontinent women were randomized, with evaluations on days one, ten, and twenty of the intervention. Participants were randomly allocated to five groups, each representing an electrostimulation modality, one serving as the gold standard in the low-frequency category (TTNS-LF), another in high frequency (TTNS-HF), and the rest comprising medium-frequency aussie (GAMF), interferential (GIMF), and high-voltage (GHVS) currents. The treatment protocol consisted of 20 sessions lasting 30 minutes, administered two to three times per week. Personal data, medical history, specific questionnaires, and pelvic floor physical assessments were collected. Results: In ICIC-SF (severity of IU and interference in daily life), all currents reduced scores in the first half of the protocol (p<0.05), with no significant differences among electrostimulation types. In OAB-V8 (perception of overactive bladder symptoms), except for GTTNS-HF, which continued to enhance positive results after ten sessions. In ICIC-OAB (urgency symptom severity), all groups had a significant reduction in symptoms (p<0.05) by the tenth session, but improvement did not sustain for TTNS-HF, GAMF, and GIMF. Regarding UI severity by ISI, "aussie" caused no changes, GHVS had benefits only at the end, while TTNS-LF, TTNS-HF, and GIMF showed positive results from the tenth session to the end of the protocol. Conclusion: In the context of this randomized clinical trial, it was observed that both low and medium-frequency currents could reduce UUI symptoms when applied bilaterally to the tibial nerve. All tested currents exhibited similar characteristics in reducing UUI symptoms, with a rapid decrease at the beginning of treatment and sustained effects until the tenth week, with no significant additional gains in subsequent sessions.