Alguns efeitos de sentido a respeito da dimensão estética na formação do professor de matemática
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Data
Autores
Orientador
Bozelli, Fernanda Cátia 

Coorientador
Pós-graduação
Educação para a Ciência - FC
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Tese de doutorado
Direito de acesso
Acesso aberto

Resumo
Resumo (português)
Esta tese de doutorado convida a um encantamento: olhar a Matemática com outros olhos. Não apenas como ciência exata ou disciplina escolar, mas como uma prática social permeada de nuances estéticas, especialmente quando pensada na formação de professores. Trata-se de atravessar o senso comum e perceber que a estética, desde suas origens na filosofia grega, não se limita ao belo ou ao feio. Ela se desdobra em sensações, corpos, percepções e subjetividades, nas formas plurais com que habitamos e compreendemos o mundo. É por esse fio encantado que esta pesquisa se tece: mais do que perguntar se a Matemática é bonita, interessa compreender as sensações que ela desperta em quem a vive, a ensina, a aprende. E tudo isso pulsa na linguagem, esse tecido vivo por onde os sentidos se constroem, se desconstroem e se reconstroem, sempre marcados pelas tramas culturais, sociais, históricas e ideológicas de quem fala e de quem escuta. A lente teórica que guia nossa jornada é a da Análise de Discurso de orientação francesa, que permite espiar os sentidos de matemática e estética que emergem dos discursos. Para isso, foram ouvidas dez vozes docentes – sete formadores e três quase-formandos – além do Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de uma licenciatura em Matemática. A escuta se deu por meio de entrevistas semiestruturadas, e a análise foi tecida com o cuidado de não capturar sentidos prontos, mas de deixar vir à tona as tensões e contradições que atravessam as falas. Os achados da pesquisa revelam uma dança tensa entre dois mundos: de um lado, a Matemática formal, lógica e estruturada; de outro, os saberes vivos da prática pedagógica. Essa tensão carrega memórias longas, com raízes fincadas nos ecos da Educação Matemática e nos rastros do Movimento da Matemática Moderna dos anos 1960. Dentre os discursos, emergem duas figuras simbólicas: o matemático e o educador – cada qual com suas fantasias, discursos e ideologias sobre o que é ensinar matemática. E o que se revela é que os sentidos mais cristalizados sobre essa Ciência – como precisão, ordem, padronização e até certa ideia de sacrifício pessoal – acabam moldando uma estética rígida, encerrada em si mesma, pouco aberta à multiplicidade das experiências sensíveis. Essa rigidez ergue muros. Barreiras que abafam outras possibilidades estéticas, outras formas de viver e sentir a Matemática, ou seja, modos que poderiam florescer, mas que muitas vezes são sufocados antes mesmo de brotar. Esta tese, então, é um convite à escuta dessas outras vozes, à invenção de novos olhares, à abertura do sensível naquilo que, por tanto tempo, foi visto apenas como racional.
Resumo (inglês)
This doctoral thesis invites a kind of enchantment: to look at Mathematics with different eyes. Not merely as an exact science or a school subject, but as a social practice imbued with aesthetic nuances – especially when considered in the context of teacher education. It is about moving beyond common sense and recognizing that aesthetics, since its origins in Greek philosophy, is not confined to the beautiful or the ugly. It unfolds in sensations, bodies, perceptions, and subjectivities, in the plural ways we inhabit and make sense of the world. It is through this enchanted thread that this research is woven: rather than asking whether Mathematics is beautiful, the aim is to understand the sensations it awakens in those who live it, teach it, and learn it. And all of this pulses through language, that living fabric in which meanings are constructed, deconstructed, and reconstructed – always marked by the cultural, social, historical, and ideological threads of those who speak and those who listen. The theoretical lens that guides our journey is French Discourse Analysis, which allows us to glimpse the meanings of mathematics and aesthetics that emerge from discourse. To this end, ten teaching voices were heard – seven teacher educators and three almost-graduates – alongside the Pedagogical Project of a Mathematics degree program. Listening took place through semi-structured interviews, and the analysis was carefully conducted not to capture ready-made meanings, but to allow the tensions and contradictions running through the speeches to surface. The findings reveal a tense dance between two worlds: on one side, formal, logical, structured Mathematics; on the other, the living knowledge of pedagogical practice. This tension carries long memories, with roots reaching back to echoes of Mathematics Education and traces of the Modern Mathematics Movement of the 1960s. Within the discourses, two symbolic figures emerge: the mathematician and the educator – each carrying fantasies, discourses, and ideologies about what it means to teach mathematics. What is revealed is that the most crystallized meanings of this Science – such as precision, order, standardization, and even a certain notion of personal sacrifice – end up shaping a rigid aesthetic, closed in upon itself and scarcely open to the multiplicity of sensitive experiences. This rigidity raises walls. Barriers that stifle other aesthetic possibilities, other ways of living and feeling Mathematics – modes that might otherwise flourish, but are often suffocated before they can even sprout. This thesis, then, is an invitation: to listen to those other voices, to invent new ways of seeing, to open the sensitive within that which, for so long, has been perceived only as rational.
Descrição
Palavras-chave
Educação matemática, Estética, Análise de discurso, Formação de professores, Mathematical education, Aesthetics, Discourse analysis, Teacher training
Idioma
Português
Citação
SANTOS, Edvan Ferreira dos. Alguns efeitos de sentido a respeito da dimensão estética na formação do professor de matemática. Orientadora: Fernanda Cátia Bozelli. 2025. 350 f. Tese (Doutorado em Educação para Ciência) – Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Bauru, 2025.

