Preservação digital, ciência aberta e periódicos científicos: uma reflexão em torno da democratização da ciência

Abstract

Este estudo investiga a interseção entre preservação digital, ciência aberta e periódicos científicos digitais, visando levantar uma reflexão em torno de como a preservação digital e a ciência aberta discutem a da democratização da ciência. O problema central não se resume à falta de acesso, como frequentemente se argumenta no debate sobre a democratização da ciência e da informação. O acesso, por si só, é apenas um sintoma de um problema maior: as relações de poder que governam a produção, o controle e a disseminação do conhecimento. Refletir essas práticas de modo crítico, levando em consideração o contexto sociopolítico que estão inseridas é essencial para traçar e identificar os interesses por trás das pautas da ciência aberta e a seleção na preservação digital. O objetivo principal do estudo é relacionar preservação digital, ciência aberta e periódicos digitais, propondo-se principalmente compreender as consequências da preservação digital no movimento de acesso aberto. A pesquisa é de natureza exploratória e qualitativa, envolvendo um levantamento bibliográfico para identificar os objetivos por trás das práticas de seleção e levantar uma discussão com pluralidade epistêmica. As seções deste trabalho abordam três temas centrais: periódicos científicos, preservação digital e ciência aberta. O resultado é responder as indagações “Para quem estamos preservando, afinal?” E “Para quem a ciência realmente está aberta?”. Em conclusão, a preservação digital e a ciência aberta, se não forem acompanhadas de uma reflexão crítica e ética sobre suas implicações sociais e políticas, podem acabar reforçando as mesmas estruturas de poder que buscam transformar.

This study investigates the intersection between digital preservation, open science, and digital scientific journals, aiming to raise a reflection on how digital preservation and open science discuss the democratization of science. The central problem is not limited to the lack of access, as is often argued in the debate on the democratization of science and information. Access, in itself, is only a symptom of a larger problem: the power relations that govern the production, control, and dissemination of knowledge. Reflecting on these practices critically, taking into account the sociopolitical context in which they are inserted, is essential to outline and identify the interests behind the open science agendas and selection in digital preservation. The main objective of the study is to relate digital preservation, open science, and digital journals, proposing mainly to understand the consequences of digital preservation in the open access movement. The research is exploratory and qualitative in nature, involving a bibliographic survey to identify the objectives behind selection practices and to raise a discussion with epistemic plurality. The sections of this paper address three central themes: scientific journals, digital preservation, and open science. The result is to answer the questions “For whom are we preserving, after all?” and “For whom is science really open?” In conclusion, digital preservation and open science, if not accompanied by a critical and ethical reflection on their social and political implications, may end up reinforcing the same power structures they seek to transform.