Escolhas alimentares em diferentes estados reprodutivos no modelo experimental de diabete gestacional

Abstract

O diabetes mellitus gestacional (DMG) é uma das complicações mais comuns da gestação. Sabe-se que a nutrição inadequada pode agravar o DMG e que a preferência alimentar é um aspecto importante para nortear a ingestão alimentar. A nutrição da gestante tem um impacto na homeostasia glicêmica e é uma aliada importante no tratamento de gestantes com DMG. O estudo dos diferentes aspectos da preferência alimentar materna pode contribuir para entendermos melhor as escolhas alimentares e, ainda, servir como base para estudos clínicos que podem melhorar o aconselhamento nutricional de mulheres com DMG. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar a preferência alimentar de ratas em diferentes estados reprodutivos no modelo experimental de diabete gestacional. Para avaliar a preferência alimentar dos animais, utilizamos um modelo experimental de hiperglicemia moderada induzida através da administração de estreptozotocina (STZ) durante a prenhez. Parte das ratas receberam injeção intraperitoneal de STZ diluído em tampão citrato no dia 7 de prenhez (STZ, n=11), enquanto as demais fêmeas receberam veículo (Controle, n=9). A avaliação da preferência alimentar foi conduzida em diferentes momentos: antes do acasalamento, durante a prenhez, lactação e pós-lactação. O teste consistiu no oferecimento de 3 tipos de dietas (hiperglicídica, hiperlipídica e hiperproteica) por um período de 12h e posteriormente foi calculado o índice de preferência alimentar. Houve um efeito significativo de período reprodutivo na preferência de todas as dietas. Esse efeito se deve ao fato de que a preferência a dieta hiperlipídica e hiperproteica tende a reduzir ao longo dos períodos reprodutivos e a dieta hiperglicídica tende a ter sua preferência aumentada durante os períodos reprodutivos. Houve também um efeito significativo de metabolismo na preferência à dieta hiperproteica no período de lactação. No entanto, não foi observada uma interação entre período reprodutivo e metabolismo para nenhuma das dietas estudadas. Como conclusão, a preferência às diferentes dietas foi modificada de acordo com os estados reprodutivos, havendo uma redução na preferência pela dieta hiperlipídica e hiperproteica e aumento na preferência a dieta hiperglicídica ao longo do tempo. A presença do diabete materno influenciou a preferência à dieta hiperproteica na lactação sem interferir na preferência às demais dietas e períodos. Apesar das diferenças encontradas, não houve associação entre os fatores estudados, ou seja, a presença do diabete materno não contribuiu para uma maior alteração da preferência alimentar dos animais ao longo dos diferentes períodos reprodutivos avaliados.

Gestational diabetes mellitus (GDM) is one of the most common complications of pregnancy. It is known that inappropriate nutrition can aggravate GDM and that food preference is an important aspect that determines food intake. Pregnant women's nutrition has an impact on glycemic homeostasis and is an important ally in the treatment of GDM. Studying different aspects of maternal food preferences can contribute to better understand food choices during pregnancy and post-partum and also as a basis for clinical studies aimed at improving nutritional counseling for women with GDM. Therefore, the aim of the present study was to evaluate the food preference of female rats in different reproductive states in an experimental model of gestational diabetes. To evaluate the animals' food preference, we used an experimental model of mild hyperglycemia induced by streptozotocin (STZ)administration during pregnancy. A subset of the rats received an intraperitoneal injection of STZ (35mg/Kg; 0,1 M e pH 4,5) diluted in citrate buffer on day 7 of pregnancy (STZ, n=11), while the other females received vehicle only (Control, n=9). Food preference evaluation was performed at different time points: before mating, during pregnancy, lactation, and post-lactation. This test consisted of offering 3 types of diets (high-glucose, high-fat and high-protein) for a period of 12 hours and then calculating the food preference index. There was a significant effect of the reproductive state on all diets preference. This effect was due to the fact that the preference for a high-fat and high-protein diet tended to reduce over the reproductive states and the high-glucose diet tended to have its preference increased over time. There was also a significant metabolism effect on the preference for the high-protein diet during lactation. However, there was no interaction between any reproductive state and metabolism for any of the diets evaluated. In conclusion, the preference for the different diets was modified according to the reproductive status, with a reduction in the high-fat and high-protein preference and an increase in the preference for the high-fat diet over time. The presence of maternal hyperglycemia influenced the preference for a high-protein diet during lactation without interfering with the preference for other diets. Despite the differences found, the presence of maternal hyperglycemia did not contribute to a greater change in the animals' food preference throughout their different reproductive states.