Do manejo da vegetação à produção de alimentos: um olhar sobre a sociobiodiversidade no Sertão do Ubatumirim

Abstract

Este trabalho analisa as transformações da sociobiodiversidade no Sertão do Ubatumirim, território tradicional caiçara no litoral norte de São Paulo, em meio a pressões socioambientais e econômicas. O conceito de sociobiodiversidade, utilizado como eixo central da análise, reflete a relação complexa entre biodiversidade e práticas culturais. O objetivo principal foi compreender como as comunidades locais têm enfrentado transformações impostas pela especulação imobiliária, turismo de massa e restrições relacionadas às políticas ambientais, além de documentar as práticas tradicionais e explorar as estratégias de resistência. A pesquisa foi conduzida por meio da metodologia de Pesquisa-Ação Participante, com envolvimento ativo da comunidade. A coleta de dados foi realizada por meio de conversas, relatos orais e formulários preenchidos por 29 produtores locais, além da análise de documentos institucionais. A metodologia possibilitou uma análise aprofundada das práticas produtivas caiçaras e de como essas práticas têm se adaptado às mudanças, incluindo o manejo agroflorestal, o extrativismo sustentável e a implementação de quintais agroecológicos. Os resultados revelam que, apesar das adversidades, as práticas tradicionais permanecem essenciais para a subsistência das famílias e a conservação da biodiversidade local. A pesquisa destacou o papel crucial de políticas públicas, como o PNAE e o PAA, no fortalecimento da autonomia produtiva de comunidades rurais. Contudo, desafios relacionados à criminalização das práticas agrícolas e à perda de território continuam ameaçando o modo de vida tradicional. Concluiu-se que a sociobiodiversidade do Sertão do Ubatumirim é uma manifestação resiliente de práticas culturais em interação com o ambiente, cuja preservação depende de políticas públicas inclusivas que reconheçam o valor das práticas agroecológicas e dos modos de vida tradicionais frente às pressões do capitalismo contemporâneo.

This work analyzes the transformations in sociobiodiversity in the Sertão do Ubatumirim, a traditional Caiçara territory on the northern coast of São Paulo, amidst socio-environmental and economic pressures. The concept of sociobiodiversity, used as the central axis of analysis, reflects the complex relationship between biodiversity and cultural practices. The main objective was to understand how local communities have faced transformations imposed by real estate speculation, mass tourism, and restrictions related to environmental policies, as well as to document traditional practices and explore resistance strategies. The research was conducted using the Participatory Action Research methodology, with active community involvement. Data collection was carried out through conversations, oral accounts, and forms filled out by 29 local producers, along with the analysis of institutional documents. The methodology enabled an in-depth analysis of Caiçara productive practices and how these practices have adapted to changes, including agroforestry management, sustainable extractivism, and the implementation of agroecological home gardens. The results reveal that, despite adversities, traditional practices remain essential for family subsistence and the conservation of local biodiversity. The research highlighted the crucial role of public policies, such as PNAE and PAA, in strengthening the productive autonomy of rural communities. However, challenges related to the criminalization of agricultural practices and land loss continue to threaten the traditional way of life. It was concluded that the sociobiodiversity of Sertão do Ubatumirim is a resilient manifestation of cultural practices in interaction with the environment, whose preservation depends on inclusive public policies that recognize the value of agroecological practices and traditional ways of life in the face of contemporary capitalist pressures.

Este trabajo analiza las transformaciones de la sociobiodiversidad en el Sertão do Ubatumirim, un territorio tradicional caiçara en la costa norte de São Paulo, en medio de presiones socioambientales y económicas. El concepto de sociobiodiversidad, utilizado como eje central del análisis, refleja la relación compleja entre biodiversidad y prácticas culturales. El objetivo principal fue comprender cómo las comunidades locales han enfrentado las transformaciones impuestas por la especulación inmobiliaria, el turismo masivo y las restricciones relacionadas con las políticas ambientales, además de documentar las prácticas tradicionales y explorar las estrategias de resistencia. La investigación se llevó a cabo mediante la metodología de Investigación-Acción Participativa, con el involucramiento activo de la comunidad. La recolección de datos se realizó a través de conversaciones, relatos orales y formularios completados por 29 productores locales, además del análisis de documentos institucionales. La metodología permitió un análisis profundo de las prácticas productivas caiçaras y de cómo estas prácticas se han adaptado a los cambios, incluyendo el manejo agroforestal, el extractivismo sostenible y la implementación de huertos agroecológicos. Los resultados revelan que, a pesar de las adversidades, las prácticas tradicionales siguen siendo esenciales para la subsistencia de las familias y la conservación de la biodiversidad local. La investigación destacó el papel crucial de políticas públicas como el PNAE y el PAA en el fortalecimiento de la autonomía productiva de las comunidades rurales. Sin embargo, desafíos relacionados con la criminalización de las prácticas agrícolas y la pérdida de territorio continúan amenazando el modo de vida tradicional. Se concluyó que la sociobiodiversidad del Sertão do Ubatumirim es una manifestación resiliente de las prácticas culturales en interacción con el entorno, cuya preservación depende de políticas públicas inclusivas que reconozcan el valor de las prácticas agroecológicas y los modos de vida tradicionales frente a las presiones del capitalismo contemporáneo.