Estudo dos efeitos de estatinas em ratas prenhes na interação neuromuscular

Abstract

Os sintomas musculares associados às estatinas (SAMS) são o efeito adverso associado mais comum ao tratamento com estatinas. As estatinas são medicamentos inibidores da enzima 3- hidroxi-3-metil-glutaril-CoA redutase, que levam a efeitos redutores do colesterol sérico. As SAMS ocorrem em cerca de 30% dos pacientes tratados com essas drogas, causando uma ampla variedade de distúrbios neuromusculares, desde cãibras e dores musculares até eventos raros de rabdomiólise fatal. Mesmo com a alta incidência na prática clínica, os mecanismos subjacentes à patogênese da SAMS permanecem desconhecidos. Por outro lado, a gravidez é um período crítico para a saúde cardiovascular da mãe e está relacionada ao aumento dos níveis de colesterol. As estatinas podem ser úteis durante esse estado, mas sua segurança ainda não está determinada. Dessa maneira, investigamos os efeitos pós-parto da exposição à rosuvastatina e sinvastatina durante a gravidez em ratos Wistar com foco nas estruturas neuromusculares. Para isso, vinte e uma ratas Wistar prenhes foram distribuídas em: Controle (C), tratadas com veículo (dimetilsulfóxido + dH20); Sinvastatina (S), 62,5 mg/kg/dia; e Rosuvastatina (R), 10 mg/kg/dia. Os tratamentos (gavagem) foram realizados diariamente do 8º ao 20º dia gestacional. No desmame, os tecidos maternos pós-parto foram coletados e submetidos à: análise morfológica e morfométrica do músculo sóleo e junções neuromusculares associadas (JNMs) e nervo isquiático; quantificação de proteínas; quantificação sérica do colesterol total e enzima creatina quinase; e análise de colágeno intramuscular. Foi observado aumento de diâmetro e área nas JNMs dos grupos S e R, também com perda de circularidade. O número de miofibras com núcleos centrais foi maior nos mesmos grupos. Os mionúcleos têm papel fundamental no desenvolvimento e manutenção das JNMs e são determinantes no rearranjo do citoesqueleto de agrupamentos de receptores de acetilcolina. Esta exposição pode tê-los remodelado, alterando a morfologia dos JNMs. Nossos resultados podem ser associados ao desenvolvimento e progressão da SAMS observada na prática clínica.