Principais interações entre fármacos e etanol: papel do farmacêutico na orientação

Abstract

As interações medicamentosas entre fármacos e etanol constituem um tema de grande relevância no âmbito da saúde pública e da farmácia clínica. Considerando os altos índices de consumo de etanol no mundo, o fácil acesso da população a determinados fármacos e o uso irracional de medicamentos, não é raro que ocorra o consumo simultâneo de etanol e terapias medicamentosas. A coadministração de bebidas alcoólicas e medicamentos pode gerar efeitos adversos com intensidades variadas, desde desconforto e náuseas até coma e morte do indivíduo. A partir de uma revisão da literatura, este trabalho busca abordar as principais interações que ocorrem entre fármacos e etanol, destacando a importância do profissional farmacêutico na orientação dos pacientes. Compreendendo a farmacocinética e farmacodinâmica do etanol, pode-se observar como essas interações se originam, seus impactos e fatores de risco associados. A associação de etanol com fármacos que atuam no sistema nervoso central, como os benzodiazepínicos, pode aumentar os efeitos depressivos, levando a maior sonolência e ataxia. O consumo de etanol também pode agravar a hepatotoxicidade causada pelo paracetamol em sobredosagens, comprometer a eficácia terapêutica dos antimicrobianos quimioterápicos e desencadear reações semelhantes às do dissulfiram. A interação entre anti-inflamatórios não esteroides e etanol é capaz de aumentar a incidência de irritação gástrica, que pode evoluir para úlceras e hemorragias, já os pacientes diabéticos que consomem bebidas alcoólicas enquanto fazem uso de medicamentos hipoglicemiantes estão susceptíveis a episódios severos de hipoglicemia. Nesse contexto, o farmacêutico, como profissional melhor capacitado sobre os medicamentos e seus mecanismos, é capaz de orientar os pacientes sobre as possíveis interações que podem ocorrer entre fármacos e etanol, como evitá-las e como identificá-las, possuindo um papel crucial na disseminação de informações e na prevenção de ocorrências de interações medicamentosas deste tipo.

Drug interactions between drugs and ethanol are a topic of great relevance in the context of public health and clinical pharmacy. Considering the high rates of ethanol consumption in the world, the population's easy access to certain drugs, and the irrational use of medications, it is not uncommon for the simultaneous consumption of ethanol and drug therapies to occur. The co-administration of alcoholic beverages and medications can generate adverse effects of varying intensities, from discomfort and nausea to coma and death of the individual. Based on a literature review, this study seeks to address the main interactions that occur between drugs and ethanol, highlighting the importance of pharmaceutical professionals in guiding patients. By understanding the pharmacokinetics and pharmacodynamics of ethanol, it is possible to observe how these interactions originate, their impacts, and associated risk factors. The association of ethanol with drugs that act on the central nervous system, such as benzodiazepines, can increase the depressive effects, leading to more significant drowsiness and ataxia. Ethanol consumption can also aggravate the hepatotoxicity caused by paracetamol in overdoses, compromise the therapeutic efficacy of chemotherapy antimicrobials, and trigger reactions similar to those of disulfiram. The interaction between non-steroidal anti-inflammatory drugs and ethanol is capable of increasing the incidence of gastric irritation, which can progress to ulcers and hemorrhages. Diabetic patients who consume alcoholic beverages while taking hypoglycemic medications are susceptible to severe episodes of hypoglycemia. In this context, the pharmacist, as a professional better trained on medications and their mechanisms, can guide patients on the possible interactions that may occur between drugs and ethanol, how to avoid them, and how to identify them, playing a crucial role in the dissemination of information and prevention of occurrences of drug interactions of this type.