Correlação da atividade da lactato desidrogenase com variáveis clínicolaboratoriais em cães com linfoma multicêntrico de alto grau

Abstract

A lactato desidrogenase (LDH) é amplamente reconhecida como biomarcador prognóstico nos linfomas humanos, mas a sua aplicabilidade prognóstica e preditiva nos linfomas caninos ainda é pouco investigada na medicina veterinária. Este estudo revisou a literatura sobre a LDH e o linfoma multicêntrico (LM) nos cães e explorou a relação dessa enzima com o LM, com base em dados previamente relatados. Idicionalmente, foi elaborado um artigo científico como parte desta dissertação, no qual os níveis séricos da LDH total foram mensurados em dois grupos distintos: controle (G1, n = 7), composto por cães saudáveis com exames laboratoriais dentro da normalidade, e grupo de cães diagnosticados com LM de alto grau (G2, n = 20). O diagnóstico baseou-se nos exames clínico e citopatológico e pelo “Polymerase Chain Reaction for Antigen Receptor Rearrangement” (PARR). Ambos os grupos foram submetidos a hemograma e análises bioquímicas (alanina aminotransferase [ALT], fosfatase alcalina [FA], creatinina, ureia, proteínas totais [PTs], albumina, globulinas e bilirrubinas total, direta e indireta), no tempo 0 (T0). Ressalta-se que, nesse mesmo período, os cães do G2 que apresentaram trombocitopenia foram testados para ehrlichiose e anaplasmose, pela técnica de imunocromatografia. No G2, os níveis da LDH total foram avaliados no T0, antes do tratamento, e no tempo 1 (T1), após 42 dias de quimioterapia com protocolo CHOP-19 semanas. Os linfonodos periféricos aumentados de volume foram mensurados, no seu maior diâmetro, em ambos os momentos para classificar a resposta ao tratamento em doença progressiva (DP), doença estável (DE), remissão completa (RC) ou remissão parcial (RP). As análises estatísticas incluíram os testes de Kruskal-Wallis, Wilcoxon, correlação de Pearson e modelos de efeitos mistos com termos de interação. O nível de significância estatística foi definido como p ≤ 0,05. Como resultados, os níveis séricos da LDH total foram significativamente mais elevados nos cães com LM de alto grau (mediana = 545,5) em comparação aos cães saudáveis (mediana = 143, p = 0,001). No G2, cães com trombocitopenia apresentaram níveis iniciais da LDH total mais altos (mediana = 746, p = 0,006) e maior redução após o tratamento (-1011,72, p = 0,004). Os resultados indicaram que a LDH total é um biomarcador valioso no auxílio diagnóstico e monitoramento do tratamento de cães com LM de alto grau, correlacionando-se com trombocitopenia e apresentando resposta dinâmica à quimioterapia. Elevações persistentes dos níveis da LDH total podem sugerir doença residual mínima (DRM) e maior risco de recidiva precoce, o que reforça a importância da dosagem dessa enzima no acompanhamento pós-tratamento. Estudos futuros são recomendados para validar seu uso em conjunto com outros biomarcadores na oncologia veterinária.

Lactate dehydrogenase (LDH) is widely recognized as a prognostic biomarker in human lymphomas, but its prognostic and predictive applicability in canine lymphomas remains underexplored in veterinary medicine. This study reviewed the literature on LDH and multicentric lymphoma (ML) in dogs and investigated the association between this enzyme and ML based on previously reported data. Additionally, a scientific article was developed as part of this dissertation, wherein total serum LDH levels were evaluated in two groups: a control group (G1, n = 7), consisting of healthy dogs with normal laboratory test results, and dogs diagnosed with high-grade ML group (G2, n = 20). Diagnosis in G2 was based on clinical examination, cytopathology, and the Polymerase Chain Reaction for Antigen Receptor Rearrangement (PARR). Both groups underwent complete blood count (CBC) and biochemical analyses, including alanine aminotransferase (ALT), alkaline phosphatase (ALP), creatinine, blood urea nitrogen (BUN), total proteins (TPs), albumin, globulins, and bilirubin (total, direct, and indirect) at baseline (T0). Notably, at this same point, dogs in G2 presenting thrombocytopenia were evaluated for ehrlichiosis and anaplasmosis by immunochromatography. In G2, total LDH levels were assessed at T0, prior to treatment, and at T1, after 42 days of chemotherapy using a 19-week CHOP protocol. Peripheral lymph nodes were measured at both time points to classify the treatment response as progressive disease (PD), stable disease (SD), complete remission (CR), or partial remission (PR). Statistical analyses included Kruskal-Wallis and Wilcoxon tests, Pearson’s correlation, and mixed-effects models with interaction terms. The level of statistical significance was set at p ≤ 0.05. The results revealed that total serum LDH levels were significantly higher in dogs with high-grade ML (median = 545.5) compared to healthy dogs (median = 143, p = 0.001). In G2, dogs with thrombocytopenia had higher baseline total LDH levels (median = 746, p = 0.006) and showed greater reductions after treatment (-1011.72, p = 0.004). These findings indicate that total LDH is a valuable biomarker for aiding in the diagnosis and monitoring of treatment in dogs with high-grade ML, correlating with thrombocytopenia and demonstrating dynamic responses to chemotherapy. Persistently elevated total LDH levels suggest minimal residual disease (MRD) and an increased risk of early relapses, underscoring the importance of this biomarker in post-treatment follow-up. Further studies are recommended to validate its use in combination with other biomarkers in veterinary oncology.