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Associação dos marcadores de consumo alimentar saudável e não saudável com o estado nutricional de crianças em idade escolar

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Orientador

Carvalhaes, Maria Antonieta de Barros Leite

Coorientador

Pós-graduação

Enfermagem - FMB

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Dissertação de mestrado

Direito de acesso

Acesso restrito

Resumo

Resumo (português)

Introdução:A obesidade infantil tem se tornado um dos principais desafios de saúde pública, impulsionada por mudanças nos padrões alimentares e pelo aumento do consumo de ultraprocessados. A literatura aponta que o consumo elevado de ultraprocessados está diretamente associado ao aumento do IMC e da adiposidade infantil, enquanto dietas ricas em alimentos in natura contribuem para melhores indicadores de saúde. No contexto da atenção primária, os marcadores de consumo alimentar foram incorporados ao Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) como ferramenta para monitorar a qualidade da alimentação em diferentes ciclos da vida, incluindo crianças, gestantes, adultos e idosos. Esses marcadores permitem avaliar a frequência de consumo de alimentos protetores da saúde, como frutas, hortaliças e feijão, e de alimentos prejudiciais, como bebidas adoçadas, embutidos e ultraprocessados. Apesar da relevância dos marcadores na vigilância nutricional, estudos populacionais que investigam sua relação com o estado nutricional infantil ainda são escassos. Objetivo: Analisar a relação entre marcadores de consumo alimentar saudável e não saudável com excesso de adiposidade em crianças na idade escolar. Métodos: Trata-se de um estudo transversal inserido na segunda fase do estudo Coorte de Lactentes de Botucatu. Na fase I, conduzida em 2015/2016, foram inseridos 656 recém-nascidos e suas mães e 585 binômios completaram o seguimento até 12 meses de idade. Estes foram considerados elegíveis para a segunda fase, realizada em 2023/2024, composta por três entrevistas. A primeira incluiu 394 crianças e obteve dados socioeconômicos, demográficos e de saúde da criança, agora com sete ou oito anos de idade, além da tomada de peso, altura e circunferências do braço e cintura da criança e do peso e altura maternos. A segunda e terceira entrevistas, realizadas por telefone, abrangeram 363 e 290 crianças, respectivamente. Nas duas foram questionados o consumo no dia anterior de sete alimentos, quatro marcadores de consumo não saudável, todos alimentos ultraprocessados (macarrão instantâneo, bebidas adoçadas, embutidos e doces/guloseimas) e três indicativos de consumo saudável (frutas, hortaliças e feijão). Para o diagnóstico nutricional da criança, com base no Índice de Massa Corporal, foi utilizado o software WHO AnthroPlus. Em relação à circunferência da cintura e do braço, utilizaram-se os referenciais e pontos de corte de Santos (2020) e Frisancho (1990), respectivamente. Os marcadores foram agrupados para compor duas variáveis resumo, um escore de consumo alimentar saudável variando de 0 a 6 e o outro de consumo não saudável, variando entre 0 e 8. Quanto mais alto o escore, mais frequente o consumo. As associações entre cada um dos marcadores (sim, não) e entre os dois escores com os três desfechos: obesidade, circunferência da cintura elevada e circunferência do braço excessiva foram investigadas por regressão de Poisson com variância robusta, bivariadas e múltiplas, calculando-se as razões de prevalência e os respectivos intervalos de confiança 95%. Resultados: Das 585 crianças que completaram a fase I do estudo CLaB, aos 12 meses de idade, foram incluídas no presente estudo 222 crianças, número com informações completas dos marcadores alimentares em dia de semana e final de semana e dados válidos dos três índices antropométricos de interesse: IMC, CB e CC. A prevalência de obesidade foi 23%. Uma em cada quatro crianças apresentaram CC elevada e 23,2% CB elevada. Considerando o consumo em dia de semana, feijão, frutas e hortaliças foram consumidas por 77,5%, 62,2% e 77,5% das crianças, respectivamente. Proporções um pouco menores foram observadas no final de semana. O consumo dos marcadores de consumo não saudável foi frequente em dia de semana, macarrão instantâneo (27,4%), bebidas adoçadas (72,0%), hambúrgueres e embutidos (38,7%) e biscoitos recheados, doces ou guloseimas (53,6%), e maior no final de semana, macarrão (29,7%), bebidas adoçadas (85,1%), hambúrgueres e embutidos (46%) e biscoitos recheados, doces e guloseimas (57,2%). O escore de consumo saudável médio foi de 3,74 (DP= 1,428), mínimo 0 e máximo de 6, mediana de 4,0, no caso do escore não saudável, a média foi de 4,11 (DP=1,625), mínimo 0 e máximo 8. Não houve associação entre os marcadores de consumo saudável e entre o escore síntese de consumo saudável e os três desfechos. Em relação aos marcadores não saudáveis, apenas para o desfecho CC elevada houve associação inversa com o consumo de macarrão instantâneo e biscoitos recheados, doces ou guloseimas em dia de semana. No entanto, o efeito foi contrário ao esperado, pois crianças que consumiram esses alimentos apresentaram menor prevalência de CC elevada. Conclusão: Os marcadores de consumo utilizados pelo SISVAN não se associaram ao estado nutricional de crianças em idade escolar, exceto macarrão instantâneo e biscoitos recheados, doces e guloseimas com CC. A ausência de associação entre os escores de consumo alimentar e o estado nutricional não invalida os marcadores do SISVAN, cujo objetivo é o monitoramento populacional e não a predição individual de adiposidade.

Resumo (inglês)

Introduction: Childhood obesity has become one of the main public health challenges, driven by changes in dietary habits and increased consumption of ultra-processed foods. The literature indicates that high intake of ultra-processed foods is directly associated with increased BMI and childhood adiposity, whereas diets rich in unprocessed foods contribute to better health outcomes. In the context of primary health care in Brazil, food consumption markers have been incorporated into the Food and Nutrition Surveillance System (SISVAN) as a tool to monitor diet quality across all life stages, including children, pregnant women, adults, and the elderly. These markers assess the frequency of consumption of health-promoting foods, such as fruits, vegetables, and beans, as well as harmful foods, such as sugar-sweetened beverages, processed meats, and ultra-processed products. Despite their relevance in nutritional surveillance, population-based studies investigating their relationship with children's nutritional status remain limited.Objective: To analyze the association between healthy and unhealthy food consumption markers and excess adiposity in school-aged children. Methods: This was a cross-sectional study embedded in the second phase of the Botucatu Infant Cohort Study (CLaB). In Phase I (20152016), 656 newborns and their mothers were enrolled, with 585 dyads completing follow-up up to 12 months of age. These participants were considered eligible for Phase II, conducted in 2023–2024, which comprised three rounds of data collection. The first included 394 children, aged seven or eight years, and collected socioeconomic, demographic, and health data, along with anthropometric measurements (weight, height, arm circumference, and waist circumference of the child; maternal weight and height). The second and third interviews, conducted by phone, included 363 and 290 children, respectively. In both, the consumption of seven foods on the previous day was assessed: four unhealthy markers—all ultra-processed (instant noodles, sugar sweetened beverages, processed meats, and sweets/snacks)—and three healthy markers (fruits, vegetables, and beans). Nutritional status was assessed using the WHO AnthroPlus software based on BMI. Waist and arm circumference were analyzed using the reference values proposed by Santos (2020) and Frisancho (1990), respectively. The markers were grouped into two summary scores: a healthy consumption score (ranging from 0 to 6) and an unhealthy consumption score (ranging from 0 to 8), with higher scores indicating more frequent consumption. Associations between individual markers and the two summary scores with three outcomes—obesity, high waist circumference, and high arm circumference—were analyzed using Poisson regression with robust variance, both in bivariate and multivariate models, estimating prevalence ratios and 95% confidence intervals. Results: Of the 585 children who completed Phase I, 222 had complete information on dietary markers for both weekdays and weekends, and valid anthropometric data for BMI, arm circumference, and waist circumference. The obesity prevalence was 23%. One in four children presented with high waist circumference, and 23.2% had high arm circumference. On weekdays, beans, fruits, and vegetables were consumed by 77.5%, 62.2%, and 77.5% of the children, respectively. Slightly lower proportions were observed on weekends. Unhealthy food consumption was frequent on weekdays: instant noodles (27.4%), sugar-sweetened beverages (72.0%), processed meats (38.7%), and sweets/snacks (53.6%). On weekends, these proportions were higher: instant noodles (29.7%), sugar-sweetened beverages (85.1%), processed meats (46.0%), and sweets/snacks (57.2%). The mean healthy consumption score was 3.74 (SD = 1.428), with a range of 0 to 6 and a median of 4. The mean unhealthy score was 4.11 (SD = 1.625), with a range of 0 to 8. No associations were found between the healthy consumption markers or score and any of the three outcomes. Among the unhealthy markers, only high waist circumference was inversely associated with the consumption of instant noodles and sweets/snacks on weekdays—contrary to expectations, as children who consumed these items had a lower prevalence of high waist circumference. Conclusion: The dietary markers used by SISVAN were not associated with the nutritional status of school-aged children, except for an inverse association between consumption of instant noodles and sweets/snacks with high waist circumference. The absence of association between food consumption scores and nutritional status does not undermine the value of SISVAN markers, which are designed for population-level dietary monitoring rather than individual adiposity prediction.

Descrição

Palavras-chave

Obesidade pediátrica, Consumo alimentar, Alimentação saudável, Alimentos ultraprocessados, Nutrição da criança, Pediatric obesity, Dietary intake, Healthy eating, Ultra-processed foods, Child nutrition

Idioma

Português

Citação

TORRES, Talita Miranda. Associação dos marcadores de consumo alimentar saudável e não saudável com o estado nutricional de crianças em idade escolar. Orientador: Maria Antonieta de Barros Leite Carvalhaes. 2025. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu. 2025.

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