Análise da estabilidade postural e da exploração locomotora em bebês prematuros: estudo transversal e comparativo

Abstract

O objetivo principal do presente estudo foi investigar os efeitos da prematuridade na estabilidade postural e na exploração locomotora em bebês prematuros nos primeiros seis meses de experiência do andar independente. O segundo objetivo foi identificar preditores no perfil de crescimento e desenvolvimento (perfil neonatal, medidas antropométricas e experiência no andar) para as características de controle postural e exploração locomotora em bebês nos primeiros meses do início do andar. Trata-se de um estudo quantitativo, transversal comparativo. Participaram 16 bebês nascidos prematuros (PT) com 17,94 meses (idade cronológica) e 15 bebês nascidos a termo (AT) com 16,03 meses idade, ambos os grupos sem diferença média de experiência no andar (PT=2,53, ±1,50 meses e AT=2,47, ±1,63 meses), em estágios semelhantes do desenvolvimento motor, e sem comprometimento físico ou mental. A estabilidade postural do bebê foi mensurada na posição em pé sobre um pedestal de madeira, posicionado sobre uma plataforma de força. A exploração locomotora foi mensurada a partir da gravação de 20 minutos do brincar livre, em uma sala com brinquedos projetadas para promover a locomoção. O teste de Mann-Whitney não mostrou diferenças entre grupos nas variáveis de estabilidade postural. Entretanto, os resultados mostraram diferenças significativas na exploração locomotora, indicando que o grupo PT passou mais tempo deitado durante a sessão. Ao buscar associações entre o perfil neonatal, medidas antropométricas, experiência no andar e as variáveis de controle postural e exploração locomotora, correlações de Spearman mostraram que a maior experiência no andar (em meses) está associada poderadamente com o maior tempo do bebê andando na sessão, maior número de bouts tiros de caminhada), número de passos, e menor tempo sentado e arrastando. Análises de regressão linear mostraram que a experiência no andar prediz, aproximadamente, 45% do aumento no tempo em movimento, 40% da diminuição do tempo deitado e 37% do tempo sentado, 36% do aumento no número de bouts e 56% do aumento no número de passos totais para o grupo AT. Para o grupo PT, a experiência no andar prediz apenas 9% no aumento do número de passos. Na amostra investigada, a prematuridade parece não afetar 11 diretamente a estabilidade postural. Entretanto, a experiência no andar pode ser considerada um fator preditivo para as mudanças no comportamento exploratório locomotor de bebês AT, mas não de bebês PT, já que este grupo apresentou uma magnitude diferente quando comparada ao grupo AT, reforçando a necessidade de programas de intervenção precoce para esta população. Até o momento, este é o primeiro estudo a investigar a estabilidade postural de bebês PT menores de dois anos, em postura bipodal estática utilizando plataforma de força, e associar seus resultados com medidas de exploração locomotora. Sendo assim, concluímos que a experiência no andar independente prediz mudanças no comportamento exploratório de bebês AT, mas parece não minimizar os sutis impactos associados à prematuridade na exploração locomotora não-orientada a objetos

The main objective of the present study was to investigate the effects of prematurity on postural stability and locomotor exploration in premature infants in the first six months of independent walking experience. The second objective was to identify predictors in the growth and development profile (neonatal profile, anthropometric measurements, and walking experience) for the characteristics of postural control and locomotor exploration in infants in the first months of beginning to walk. This is a quantitative, cross-sectional comparative study. 16 infants born prematurely (PT) aged 17.94 months (chronological age) and 15 infants born full-term (FT) aged 16.03 months participated, both groups with no mean difference in walking experience (PT=2.53, ±1, 50 months and AT=2.47, ±1.63 months), at similar stages of motor development, and without physical or mental impairment. The baby's postural stability was measured while standing on a wooden pedestal, positioned on a force platform. Locomotor exploration was measured by recording 20 minutes of free play, in a room with toys designed to promote locomotion. The Mann-Whitney test showed no differences between groups in postural stability variables. However, the results showed significant differences in locomotor exploration, indicating that the PT group spent more time lying down during the session. When looking for associations between the neonatal profile, anthropometric measurements of walking experience, and postural control and locomotor exploration variables, Spearman correlations showed that greater walking experience (in months) is moderately associated with the baby's longer walking time. in the session, a greater number of bouts (locomotor walk periods), a higher average number of steps, and less time sitting and moving lying down. Linear regression analyses showed that walking experience predicts approximately 45% of the increase in time moving, 40% of the decrease in lying time and 37% in sitting time, 36% of the increase in the number of bouts, and 56% of the increase in the number of total steps for the FT group. For the PT group, walking experience predicted only a 9% increase in the number of steps. In the sample investigated, prematurity does not seem to directly affect the child's postural stability. However, the walking experience can be considered a predictive factor for changes in the locomotor exploratory behavior of FT infants, but not of PT infants, as this group presented a different 13 magnitude when compared to the FT group, reinforcing the need for early intervention programs. for this population. To date, this is the first study to investigate the postural stability of PT infants under two years of age, in a static bipedal posture using a force platform, and to associate its results with measures of locomotor exploration. Therefore, we conclude that experience in independent walking predicts changes in the exploratory behavior of FT infants but does not seem to minimize the subtle impacts associated with prematurity on non-objectoriented locomotor exploration