Alterações citopatológicas cervicais associadas ao uso de métodos contraceptivos

Abstract

O desenvolvimento de métodos contraceptivos cada vez mais eficazes e seguros beneficiou diversas esferas da sociedade, influenciando em questões que pertencem tanto ao âmbito da saúde pública e reprodutiva, quanto aos âmbitos social, econômico e político. Como consequência dessas vantagens, observa-se um aumento na adesão das mulheres ao uso de tais estratégias, sendo os contraceptivos orais (CO) e os dispositivos intrauterinos (DIU) duas das mais utilizadas. Entretanto, questiona-se a potencialidade desses métodos causarem alterações na citologia cervical de suas usuárias, uma vez que estudos prévios demonstraram possíveis associações do seu uso com alterações epiteliais cervicais benignas e malignas. Essas modificações são questões imprescindíveis a serem estudadas, visto que fornecem informações valiosas para a prática clínica e para a saúde reprodutiva feminina. Nesse sentido, o presente trabalho buscou reunir o conhecimento sobre os efeitos desses métodos sobre a citopatologia do colo uterino, analisando sua associação com achados benignos e com o desenvolvimento de lesões precursoras e malignas. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica com o intuito de selecionar artigos científicos e afins, em bancos de dados nacionais e internacionais. Após a leitura e análise dos 15 artigos selecionados, evidenciou-se que o uso de métodos contraceptivos está associado a repercussões malignas e benignas no esfregaço citopatológico cervical. Enquanto que o uso de CO foi significativamente relacionado com o desenvolvimento de displasia e câncer cervical, a associação do uso de DIU com tal fenótipo maligno permanece inconclusiva. Além disso, tais contraceptivos, principalmente o DIU, foram associados com achados citopatológicos reativos e degenerativos, assim como variações na microbiota vaginal, aumentando a susceptibilidade de suas usuárias a infecções e disbioses vaginais, como a actinomicose e a vaginose bacteriana. Portanto, os resultados obtidos com o presente trabalho fornecem informações relevantes para o manejo clínico, para a saúde pública e para a população feminina, auxiliando na compreensão sobre o uso dos métodos contraceptivos e suas consequências para a saúde das mulheres.

The development of increasingly effective and safe contraceptive methods has benefited different spheres of society, influencing issues that belong both to the public and reproductive health, as well as to the social, economic and political spheres. As a result of these advantages, more and more women adhere to the use of such strategies, with oral contraceptives and intrauterine devices (IUDs) being two of the most used. However, the potentiality of these methods to cause alterations in the cervical cytology of their users is questioned, since previous studies have shown possible associations of their use with benign and malignant cervical epithelial alterations. These modifications are essential issues to be studied, since they provide valuable information for clinical practice and for female reproductive health. In this sense, the present study sought to gather knowledge about the effects of these methods on the cytopathology of the uterine cervix, analyzing its association with benign findings and with the development of precursor and malignant lesions. For that, a bibliographic review was carried out in order to select scientific and related articles, in national and international databases. After reading and analyzing the 15 selected articles, it became clear that the use of contraceptive methods is associated with malignant and benign repercussions on the cervical cytopathological smear. While OC use was significantly related to the development of dysplasia and cervical cancer, the association of IUD use with such a malignant phenotype remains inconclusive. In addition, such contraceptives, mainly the IUD, were associated with reactive and degenerative cytopathological findings, as well as variations in the physiological vaginal microbiota, increasing the susceptibility of their users to vaginal infections and dysbiosis such as actinomycosis and bacterial vaginosis. Therefore, the results obtained from this study provide relevant information for clinical management, for public health and for the female population, helping to understand the use of contraceptive methods and their consequences for women's health.