Do Cinema Novo à Política Nacional de Cultura: a representação dos nordestinos do Brasil sob o olhar de Nelson Pereira dos Santos (1960-1980)

Abstract

Nelson Pereira dos Santos foi um cineasta paulistano que marcou a história do cinema brasileiro por produzir filmes com os quais discutiu a realidade social e política do país. Militante do PCB durante os anos 1950, se engajou em importantes movimentos cinematográficos, entre eles o Cinema Novo, conhecido nos anos 1960 por inaugurar uma nova estética e uma nova forma de produção de filmes, consideradas autenticamente nacionais, e por representar a nação e o povo brasileiro com base na crítica às desigualdades sociais do país. A partir de 1964, com a tomada do poder pelas Forças Armadas, o país entrou em um período marcado pela modernização da sociedade e pela violência de Estado, e o Cinema Novo passou a ser considerado um foco de oposição artística e política ao novo governo. Diretor de uma vasta lista de filmes, Santos dirigiu obras em que discutia a identidade do povo brasileiro, entre elas, Vidas Secas (1963), O amuleto de Ogum (1974) e Tenda dos Milagres (1977), tomaram a população e a cultura popular nordestina como representantes do povo e da cultura nacional. A partir dessas três obras, com este estudo procuraremos compreender as variações do modo que o cineasta representou o povo e a cultura popular nordestina, considerando as mudanças sociais, econômicas e políticas do país entre os anos 1960 e 1980.

Nelson Pereira dos Santos was a São Paulo filmmaker who marked the history of Brazilian cinema by producing films with which he discussed the social and political reality of the country. Militant of the Brazilian Communist Party PCB during the 1950s, he engaged on important cinematographic movements, including Cinema Novo, known in the 1960s for inaugurating a new aesthetic and a new form of film production, considered authentically national, and for representing the nation and the Brazilian people based on criticism of the country's social inequalities. In 1964, with the seizure of power by the Armed Forces, the country started a period characterized by the modernization of society and state violence, and Cinema Novo came to be considered a focus of artistic and political opposition to the new government. Director of a vast list of films, Santos discussed the identity of the Brazilian people, including Vidas Secas (1963), O amuleto de Ogum (1974) and Tenda dos Milagres (1977), which took over the culture and Northeastern people as representatives of the people and national culture. From these three works, this study will try to understand the variations of the way the filmmaker represented the Northeastern people and its popular culture, considering the social, economic and political changes in the country between the 1960s and the 1980s.