As alterações do ferro e seu efeito sobre o treinamento resistido e outras atividades físicas

Abstract

A deficiência de ferro é uma ocorrência frequente entre atletas, sendo amplamente estudada por cientistas do esporte e profissionais médicos em escala global. Esse foco se intensifica quando se consideram os diversos tipos de exercícios e suas implicações nas variações de ferro. Da mesma forma que se constatou a influência do treinamento aeróbio prolongado nos estoques de ferro, é crucial investigar também o impacto do treinamento resistido (TR), amplamente praticado nos dias atuais. Portanto, o objetivo desta revisão narrativa foi analisar as alterações do ferro e seu efeito sobre o treinamento resistido e outras atividades físicas. Complementarmente, pretendeu-se destacar a influência do ciclo menstrual, uso de contraceptivos orais e suplementação de ferro na dieta como fatores que podem afetar o treinamento ou desempenho. Os resultados encontrados foram que o treinamento resistido moderado melhora o status do ferro no organismo, e parece que a realização de TR pode ter efeitos positivos e anti inflamatórios em indivíduos com e sem deficiência de ferro. Além de corroborar que o metabolismo do ferro se comporta de forma diferente entre os sexos. Com relação ao tipo de intensidade do exercício de força e sua influência no ferro, foi constatado que o TR moderado não afeta as quantidades de ferro sérico, mas diminui os níveis de hepcidina e o TNF-α. Já o TR intenso diminuiu a ferritina sérica nas mulheres mas não em homens. Sobre os fatores que podem afetar o treinamento e desempenho foi encontrado que os níveis de ferro são menores na fase lútea, podendo ser um indicativo para diminuição da intensidade de treino neste período. A contracepção oral diminui em média 60% da quantidade de sangue em cada ciclo, podendo ser uma boa estratégia para evitar queda de performance em atletas de resistência ou força que tenham mais propensão a desenvolver déficit de ferro por conta do ciclo menstrual e treinamento intenso e prolongado. A suplementação de ferro pode melhorar a resistência em mulheres com estoque de ferro depletado e não anêmicas, podendo ser um ótimo aliado no treinamento e desempenho esportivo.

Iron deficiency is a common occurrence among athletes, extensively studied by sports scientists and medical professionals globally. This focus intensifies when considering the various types of exercises and their implications on iron variations. Just as the prolonged aerobic training has been found to influence iron stores, it is crucial to investigate the impact of resistance training, widely practiced today. Therefore, the aim of this narrative review was to analyze iron changes and its effects on resistance training and other physical activities. Additionally, the goal was to highlight the influence of the menstrual cycle, oral contraceptive use, and dietary iron supplementation as factors that may affect training or performance. The results indicated that moderate resistance training improves iron status in the body, and it appears that engaging in resistance training may have positive and anti-inflammatory effects on individuals with or without iron deficiency. It also confirms that iron metabolism behaves differently between sexes. Regarding the intensity of strength exercise and its influence on iron, it was observed that moderate resistance training does not affect serum iron levels but reduces hepcidin and TNF-α levels. On the other hand, intense resistance training decreased serum ferritin in women but not in men.Concerning factors that may affect training and performance, it was found that iron levels are lower in the luteal phase, possibly indicating a need for reduced training intensity during this period. Oral contraception reduces an average of 60% of blood quantity in each cycle, presenting a potential strategy to prevent performance decline in endurance or strength athletes who are more prone to developing iron deficiency due to the menstrual cycle and intense, prolonged training. Iron supplementation can improve endurance in women with depleted iron stores and non-anemic conditions, making it a valuable ally in training and sports performance.