Lembrar para esquecer: a construção da memória social da esquerda armada no Brasil (1974-1988)

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Data

2016-10-18

Autores

Cruz, Vivian Montezano [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O presente trabalho visa à análise do processo de construção da memória social da esquerda armada atuante no contexto da ditadura civil-militar brasileira. Assim, partindo do processo analítico de dois tempos específicos, isto é, da análise da guerrilha (1964-1973) e de suas narrativas (1974-1988), busca-se compreender as possíveis incompatibilidades no discurso dos ex-militantes, os quais, por meio de relatos memorialísticos, contribuíram para a construção da memória social da esquerda armada. Para isso, foram utilizados três fontes memorialísticas – O que é isso, companheiro?(1979), escrito por Fernando Gabeira; Os Carbonários: memórias de uma guerrilha perdida (1980), de Alfredo Syrkis; A fuga (1984), de Reinaldo Guarany – somadas aos documentos de orientação teórica referentes aos grupos de guerrilha em que os autores destas fontes autobiográficas participaram – Linha Política e Orientação para a Prática (1969), do MR-8; A vanguarda armada e as massas na primeira fase da revolução (1969), da VPR; O papel da ação revolucionária na organização (1969), da ALN. Publicados em um contexto de redemocratização, posterior à promulgação da Lei de Anistia (1979) e à revogação do AI-5, os relatos memorialísticos de autocrítica da luta armada tiveram influência direta na construção da memória social que atribuía aos grupos de guerrilha os ideais de resistência e democracia. Por isso, o foco deste trabalho consiste em pesquisar acerca dos motivos que levaram os ex-guerrilheiros da luta armada a vincularem suas obras a estes ideais e a silenciar sobre a proposta inicial dos grupos de guerrilha: a instauração de uma ofensiva revolucionária que levasse o Brasil ao regime socialista por meio da ditadura do proletariado.
This study aims to analyze the process of building the social memory of the armed left in the context of the Brazilian civil-military dictatorship. Thus, starting from the analytical process of two specific times, that is, from the analysis of the guerrilla (1964-1973) and its narratives (1974-1988), we seek to understand the possible incompatibilities in the discourse of exmilitants, Through memorialistic accounts, contributed to the construction of the social memory of the armed left. For this, three memorialistic sources were used - O que é isso, companheiro? (1979) written by Fernando Gabeira; Os Carbonários: memórias de uma guerrilha perdida (1980), of Alfredo Syrkis; A fuga (1984), of Reinaldo Guarany - Linha Política e Orientação para a Prática (1969), of MR-8; A vanguarda armada e as massas na primeira fase da revolução (1969), of VPR; O papel da ação revolucionária na organização (1969), of ALN. Published in a context of redemocratization, following the promulgation of the Amnesty Law (1979) and the revocation of AI-5, the memorialistic accounts of selfcriticism of the armed struggle had a direct influence on the social memory that gave guerrilla groups the ideals of resistance and democracy. Therefore, the focus of this work is to investigate the reasons why the former guerrillas of the armed struggle linked their works to these ideals and to silence about the initial proposal of the guerrilla groups: the establishment of a revolutionary offensive that took the Brazil to the socialist regime through the dictatorship of the proletariat.

Descrição

Palavras-chave

Ditadura civil-militar, Memória social, Esquerda armada, Civil-military dictatorship, Social memory, Armed left

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