Avaliação do programa de uso da imunoglobulina palivizumabe no Estado de São Paulo

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Data

2016-11-18

Autores

Gonçalves, Ivana Regina [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O programa de uso da imunoglobulina palivizumabe teve início em 2007 no Estado de São Paulo e em 2013 estendeu-se nacionalmente, sendo destinado a crianças com maior risco para a infecção pelo Virus Sincicial Respiratório (VSR). Desde seu início, o programa permanece sem avaliação sistemática. O objetivo dessa pesquisa foi avaliar o programa de uso da imunoglobulina palivizumabe no Estado de São Paulo. Foram avaliados os 16 locais de aplicação: cinco Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) e 11 postos de aplicação existentes no Estado de São Paulo, seguindo o referencial de avaliação proposto por Donabedian. Dados de estrutura e processo foram obtidos por entrevista com os responsáveis pela aplicação da imunoglobulina; para avaliação de resultado foram entrevistadas as mães das crianças do programa, visando identificar a associação entre falha na tomada do palivizumabe e a necessidade de hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva por doença ou sintomatologia respiratória no período de sazonalidade do VSR. Participaram desta pesquisa 693 crianças/responsáveis (85,1% da população elegível), que ingressaram no programa entre março e agosto de 2014, sendo a coleta de dados realizada entre março e setembro do mesmo ano. Para análise de resultado foi utilizado o odds ratio pontual e intervalar com intervalo de confiança de 95%, considerando-se associações estatisticamente significativas se p < 0,05. Para avaliação de estrutura foram consideradas 30 variáveis relacionadas a condições preconizadas pelas políticas públicas de saúde e para o processo elencaram-se 10 variáveis relativas aos cuidados com a aplicação e conservação da imunoglobulina e sala de aplicação, sendo em ambos os casos o serviço classificado de acordo com o percentual de desconformidade em: adequado (até 10%), parcialmente adequado (de 10 a 20%) e inadequado (superior a 20%). Apenas dois locais de aplicação (P7 e P9), tiveram estrutura e processo considerados adequados. Apesar de terem estrutura classificada como adequada, nove locais tiveram processo parcialmente adequado (C2, C3, C4, P3 e P10) ou inadequado (C1, P2, P5 e P8). As principais falhas de estrutura foram relativas à climatização, disponibilidade de medicamentos e materiais para uso em caso de choque anafilático, sala exclusiva para aplicação de imunobiológicos e protocolo de uso da palivizumabe disponível e, no caso do processo, a não aplicação da imunoglobulina em crianças hospitalizadas, falta de supervisão do médico durante a aplicação, falha na temperatura de conservação do produto e não aplicação no mês anterior à sazonalidade. De acordo com os resultados, pode-se verificar que o risco de hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva por doença/sintomatologia respiratória foi diretamente proporcional ao número de falhas (p=0,007; OR=1,29, IC=1,07-1,56). Conclui-se que a avaliação da estrutura do programa de uso da imunoglobulina palivizumabe no Estado de São Paulo é, em geral, mais favorável que o processo. Os resultados evidenciaram aumento médio da chance de internação por doença/sintomatologia respiratória de 29% a cada falha no recebimento das doses.
The palivizumab immunoglobulin health program was introduced in 2007 in São Paulo State and it was initiated nationally in 2013, aiming at being administered to highly risk children for respiratory syncytial virus infections. Since its beginning, such a program has remained with no systematic evaluation. The objetive of the present research was evaluate the palivizumab immunoglobulin health program in São Paulo State. For doing so, 16 places of palivizumab application in São Paulo State were considered: five of which are reference centers for special immunobiologicals and other 11 places of application. The theoretical framework adopted for the evaluation was the one proposed by Donabedian. Structural and processual data on the program was obtained by interviewing each worker responsible for the immunoglobulin in each application place. As for the evaluation of the program outcomes, the childrens mothers/responsible were also interviewed with the aim of identifying the association between palivizumab dose failure and respiratory-related hospitalizations in the seasonality period of respiratory syncytial virus. A total of 693 children/responsibles (85.1% of the eligible individuals) composed the research, all of which made part of the program in the period March-August of 2014, being the data collection performed between March and September of the same year. The data was analysed by the punctual and intervalar odds ratio, with a confidence interval of 95% and a statistical significance fixed at 5%. To the evaluation of program structure, 30 variables preconized by the public health policies were considerated; regarding the program process, 10 variables related to the immunoglobulin care of application and conservation and room of application were considered. Structure and process were both classificated as its nonconformity rate in: adequate (less than 10%), partially adequate (from 10% to 20%) and inadequate (greater than 20%). Only in two of the application places (P7 and P9) structure and process were found to be inadequate. Despite having an adequate structure, in nine places the process was found to be either partially adequate (C2, C3, C4, P3 and P10) or inadequate (C1, P2, P5 and P8). The main structural failures were the ones related to: climate control, availability of materials and medicines used in anaphylactic shock, exclusive room for immunobiological application and palivizumab usage protocol availability and, regarding the process, the absence of application in hospitalized children, absence of medical care during the immunoglobulin administration, inappropriate temperature for immunoglobulin conservation and absence of application prior to the respiratory syncytial virus seasonality. According to the results, the hospitalization risk in intensive care unit due to respiratory disease and related-symptoms was directly proportional to the number of dose failures (p=0.007; OR=1.29, IC=1.07-1.56). As a conclusion for the evalution, the structure of the São Paulo State palivizumab immunoglobulin health program is in general more favorable than the process. As for the results, they an average increasing of 29% in respiratory-related hospitalizations in intensive unit to each dose failure in palivizumab adminstration.

Descrição

Palavras-chave

Avaliação de programas, Imunoglobulinas, Palivizumabe, Grupos de risco, Recém-nascido, Lactente, Imunização passiva, Program evaluation, Immunoglobulins, Palivizumab, Risk groups, Newborn, Breastfeeding infant, Passive immunization

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