Núcleo Terra e Raiz

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Data

2001

Autores

Silveira, Ubaldo [UNESP]

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O Núcleo "Terra e Raiz" é formado por um grupo de alunos de graduação dos cursos da Faculdade de História, Direito e Serviço social - Câmpus de Franca - juntamente com o coordenador, que preocupados com a real situação da problemática da terra no país, tomou a iniciativa de uma atuação junto aos trabalhadores rurais "Sem-Terra". Portanto o núcleo iniciou seu processo de formação em 1997, uma vez que nesta Unidade não havia nenhum trabalho de extensão nesta área. O final deste século configura-se na forma de profundas mudanças estruturais por todos os continentes do globo terrestre, evidenciando um mundo globalizado. A implementação da tecnologia no campo e na cidade expulsou das fábricas e das fazendas milhares de trabalhadores. Tal fato, conjugado com a inexistência de uma política social voltada para esse problema por parte do governo apenas contribui para o estabelecimento de considerável parcela da sociedade na condição de verdadeiros marginalizados. Mais do que o aumento de excluídos do processo social, essa situação reflete-se na maioria das vezes na forma de aumento do índice de criminalidade, de favelados e de "Sem- Terra". A região de Franca pode exemplificar este processo, localizada no nordeste do Estado de São Paulo, próximo à cidade de Ribeirão Preto, tem sua inserção econômica concentrada basicamente na indústria calçadista, sendo sua composição social formada na sua maioria, por operários. A cidade vive atualmente uma enorme crise estrutural, causando um desemprego e um aumento circunstancial no número de trabalhadores no mercado informal. Esta região caracteriza-se ainda pelo intenso contado com a comunidade rural empregada na produção e colheita da cana de açúcar e do café, e na agropecuária em especial na produção de leite. Dada essas características é notável os problemas de ordem social e econômica vivido pelas famílias de trabalhadores: na área rural é comum a figura do bóia-fria vagando pelas fazendas em busca de trabalho com baixíssimos salários levando-os à insalubre condições de vida. Nesse sentido a necessidade de assentamento do homem no campo e principalmente da reforma agrária, apresenta-se como uma das principais, senão a maior, inquietação política no Brasil. Sobre esse aspecto, cabe aqui algumas considerações sobre o papel social que a Universidade deve desempenhar nesse processo, haja vista que: em primeiro lugar enquanto apêndice do Estado sofre em sua estrutura as contradições que se operam no seio de outros níveis da sociedade; em segundo por ser instituição produtora de conhecimento pode, à medida que reflete sobre os problemas do mundo contemporâneo, apontar algumas soluções para as comunidades, e, mais especificamente, nesta realidade, no meio rural. Frente a esta situação real a extensão é um processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a universidade e o meio rural. Concretiza-se em um conjunto de atividades que constrói um vínculo orgânico entre a universidade e os interesses e necessidades do homem no campo. Desta maneira vem permitindo o fortalecimento dos vínculos da Faculdade de História, Direito e Serviço Social com a realidade do município e da região - em especial na zona rural, através da atuação no acampamento do "17 de Abril" na Fazenda Boa Sorte, no município de Restinga (SP). Um dos traços distintivos da extensão é, pois, o atendimento às demandas sociais por meio de projetos e atividades de ensino e pesquisa, permitindo a expansão da Universidade para além de suas fronteiras internas. A extensão concretiza e alarga a dimensão pública da instituição universitária - a serviço da coletividade -, democratizando-a e revertendo suas atividades em um reforço da esfera pública. A partir de 19 de março de 1998 este núcleo vem se estruturando de maneira mais eficiente, pois, antes o grupo estava encontrando dificuldade de uma atuação mais concreto. Em início de 1998, quando ocorreu o acampamento dos "Sem- Terra" na Fazenda Boa Sorte surgiu a oportunidade de uma real extensão no meio rural. Atualmente sua atuação se desenvolve em três setores: a) jurídica - há um início de atuação junto aos acampados em suas necessidades nesta área; b) educação - está se estruturando uma ação mais efetiva de educação, com base no método de Paulo Freire, junto às crianças, jovens e adultos; c) saúde - o grupo tem procurado intermediar as necessidades da área da saúde dos acampados aos recursos oferecido pela comunidade Francana, e também está iniciando um trabalho de medicina alternativa neste acampamento. Até a presente data o Núcleo já realizou os seguintes eventos: Ø Realização do I Ciclo de Debates sobre a Questão Agrária no Brasil, nos dias 18 e 19 de novembro de 1997 que contou com a participação de membros da coordenação nacional do MST, representantes do Núcleo de Estudos sobre Reforma Agrária da UNESP do Câmpus de Araraquara, além de professores do próprio Câmpus; Ø Exposição fotográfica "TERRA" de Sebastião Salgado com o lançamento simultâneo do cantor e compositor Chico Buarque e do livro do literato português José Saramago. Durante o evento, que ocorreu neste Câmpus, entre os dias 10 e 17 de abril de 1997 foram vendidos fotos, CD's e livros visando arrecadar fundos para o MST; Ø Participação de alunos de graduação no estágio de vivência no acampamento do MST localizado na fazenda Pirituba de 02 a 20 de janeiro de 1997. A atividade foi organizada pelos alunos e professores do Câmpus de Botucatu; Ø Participação do ato em solidariedade à Marcha Nacional por Reforma Agrária, emprego e justiça no dia 06 de março de 1997 na cidade de Ribeirão Preto (SP); Ø Organização da visita ao "Acampamento 17 de Abril" com os calouros de 1999 dos cursos de graduação de História, Direito e Serviço Social, no início deste ano letivo;. Ø Realização de um Debate - Mesa Redonda "A Violência invade o campo"-, organizado pelo núcleo que contou com a participação de professores debatedores deste Câmpus, com representantes do MST, com a presença da comunidade acadêmica e com representantes de lideranças sindicais. O evento ocorreu no Salão Nobre desta unidade, em 14 de abril de 1999, com o objetivo de tornar presente aquele pavoroso massacre em Eldorado dos Carajás, no Pará que aconteceu em 17 de abril de 1996, onde ocorreu 19 assassinatos efetuados pela Polícia Militar, justamente por causa de terras na fazenda Macaxeira. Portanto o Núcleo tem a preocupação em auxiliar na formação de seus membros, como futuros assistentes sociais, advogados e historiadores críticos e competentes através de atividades de extensão, visando contribuir para o processo de cidadania e democratização da sociedade brasileira, entendendo que formação do universitário não se dá unicamente em sala de aula.

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