O controle da dor pós-operatória em um hospital terciário

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Data

2018-08-27

Autores

Castilho, Marcelo de Paula Mendes

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Introdução: A dor aguda é um fenômeno universal. O tratamento desse evento, entretanto, ainda é visto através de diversos vieses culturais, sociais e econômicos. Em situação de dor aguda pós-operatória estima-se que 40% dos pacientes apresentam controle inadequado da dor (intensidade moderada a intensa). O presente trabalho visa analisar a percepção de pacientes recém operados quanto à analgesia pós-operatória que receberam em um hospital escola terciário de natureza pública, bem como descrever as medidas prescritas e realizadas para analgesia pós-operatória de acordo com seu registro em prontuário. Método: Estudo transversal, descritivo, realizado em pacientes internados, submetidos a procedimentos cirúrgicos cardiovasculares, gastrointestinais, ginecológicos, hemodinâmicos, mastológicos, neurológicos, ortopédicos, torácicos, urológicos ou vasculares no período de junho a dezembro de 2017 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UNESP, em Botucatu. Os pacientes foram entrevistados no 2º dia pós-operatório (2º PO) sobre sua experiência no 1º dia pós-operatório (1º PO) quanto ao controle da dor. Através de entrevista semiestruturada o paciente foi inquerido quanto a intensidade da sua dor, a satisfação quanto a analgesia recebida, e sua impressão geral do atendimento prestado pela equipe de saúde assistente. Foi realizada revisão dos prontuários e registrados dados quanto a frequência do registro de avaliação da dor, analgesia prescrita e fornecida, bem como sobre o registro de efeitos adversos. Resultados: Ao todo foram selecionados 159 pacientes, durante o período do estudo, os quais preenchiam os critérios estabelecidos para participarem da pesquisa. Contudo, 68 foram excluídos, pois no momento da entrevista já haviam recebido alta, ou não estavam no leito, ou, ainda, a cirurgia havia sido cancelada. No total foram entrevistados 91 pacientes, sendo 46 (50,5%) do sexo masculino e 45 (49,5%) do sexo feminino. A maioria dos entrevistados (86,8%) relataram presença de dor no 1º PO . Os escores médios de dor e pior dor na Escala Numérica Verbal (ENV) foram, respectivamente: 3,1/10 e 5,6/10. Todos relataram terem recebido analgesia, sendo a medicação considerada muito efetiva ou efetiva para 84,6% dos entrevistados. A grande maioria dos entrevistados se sentiram muito respeitados/muitos satisfeitos ou respeitado/satisfeitos com a analgesia recebida. Em 60,4% dos prontuários analisados, não houve qualquer registro quanto a presença ou a ausência de dor, sendo que uma escala padronizada (ENV) foi utilizada em apenas dois dos 91 pacientes. Houve registro de analgesia regular para 84,6% dos pacientes, sendo que ela consistia na maioria dos casos (51,94%) de analgésicos simples associados a opioides fracos. Aproximadamente 54% (53,84%) dos pacientes receberam analgesia sob demanda, que consistia na maioria dos casos (55,10%) de opioides fracos. Os Resumo opioides fortes foram pouco prescritos tanto no regime regular quando no de demanda (2,6% e 4,0%, respectivamente). Conclusão: Embora a grande maioria dos entrevistados tenham relatado dor no 1 oPO, e a avaliação da mesma não ter sido feita de forma sistematizada, a analgesia foi considerada muito efetiva ou efetiva para 84,6% dos entrevistados, havendo grande sentimento de satisfação e respeito pela analgesia recebida.
Justifications and Objectives: Acute pain is a universal phenomenon. However, the treatment of this event still has a diversity of cultural, social and economical biases. It is estimated that 40% of patients present inadequate management of pain (moderate to severe intensity) in a situation of acute postoperative pain. The aim of the present study is to analyze the perception of patients, who recently operated, regarding postoperative analgesia in a public tertiary hospital school. In addition, to describe the prescribed and performed postoperative analgesia according to registration in medical records. Methods: A cross-sectional, descriptive study was performed in hospitalized patients submitted to cardiovascular, gastrointestinal, gynecological, hemodynamic, mastological, neurological, orthopedic, thoracic, urological or vascular surgical procedures from June 2017 to December 2017 at Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da UNESP, Botucatu, Brazil. Patients were interviewed on the second day of the postoperative period about their experience on the first day postoperative as to their pain control. Through a semi-structured interview, patients were asked about the intensity of pain, satisfaction as to the analgesia, and general impression of the process. Medical records were reviewed, and data were recorded as to the frequency of recorded pain, analgesia prescription and its administration, and side effects as well. Results: 159 patients met the criteria established to participate in the study and were selected to participate. However, 68 were excluded. The excusions were due discharge, absence at the moment of the interview or surgery postponed. A total of 91 patients were interviewed, of which 46 (50.5%) were male and 45 (49.5%) were female. Most of the interviewees (86.8%) reported some type of pain on the first postoperative period. The mean pain score and the mean worst pain score in NRS were, respectively, 3.1/10 and 5.6/10. All reported having received analgesia, and the medication was considered very effective or effective for 84.6% of the interviewees. The vast majority of the interviewees felt very respected / many satisfied or respected / satisfied with the analgesia received. In 60.4% of the charts analyzed, there was no record of presence or absence of pain. A standardized scale (NRS) was used in only two patients. There was registration of regular analgesia for 84.6% of the patients, and it consisted, in the majority of cases (51.94%), of simple analgesics associated with weak opioids. On-demand analgesia was recorded for 53.84% of patients, and it consisted, in the majority of cases (55.10%), of weak opioids only. Strong opioids were poorly prescribed in both the regular and non-demand regimens (2.6% and 4.0%, respectively). Conclusions: Although the great majority of the interviewees complained of pain in the 1st PO, and the pain evaluation was not done in a systematized way, analgesia was considered very effective or effective for 84.6% of the interviewees, with a great feeling of satisfaction and respect by the analgesia received

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Palavras-chave

Dor, Pós-operatório, Analgesia, Opioides, Efetividade, Escala numérica verbal (ENV), Pain, Postoperative, Opioids, effectiveness, Numeric rating scale (NRS)

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