Imitatio/aemulatio: a tradição menipeica no Decameron, de Boccaccio.

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Data

2019-01-22

Autores

Binatto, Marcela Zupa da Silva

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Na obra O asno de ouro, de Apuleio, Lúcio, o narrador-personagem, transforma-se em asno ao ingerir um unguento mágico que deveria transformá-lo em ave. A condição de asno permite a Lúcio, no invólucro de uma metamorfose, observar os segredos da vida cotidiana de um ponto de vista inusitado na literatura, tendo em vista que em sua presença ninguém hesita em revelar os seus segredos mais íntimos, funcionando a máscara de asno como uma forma de tornar públicos os aspectos da vida privada. A transformação de Lúcio em asno/máscara configura-se uma espécie de arquétipo dos personagens que mais tarde o romance elegerá como um “terceiro” em relação à vida cotidiana, o que lhe permite olhar e escutar às ocultas, como bem observou Bakhtin (2010) ao analisar as funções do trapaceiro, do bufão e do bobo no romance. Considerando-se Boccaccio leitor e emulador de Apuleio e Petrônio, partiremos desse pressuposto para empreendermos um estudo dos vários desdobramentos da máscara menipeica no Decameron. Nossa proposta baseia-se no fato de Boccaccio se utilizar, na maioria de suas novelas, de tipos ou máscaras sociais, na sua maioria padres, freiras, mercadores e representantes de todas as categorias sociais que, ao vestirem suas máscaras, “refratam”, no plano da interdiscursividade, a intenção do autor de desmascarar a hipocrisia reinante no âmbito da cultura oficial, eclesiástica e burguês-mercantil, elaborando uma nova visão do mundo, do homem e do seu destino no alvorecer do Renascimento. Com base nessa questão, pretendemos realizar uma leitura do Decameron como imitação/emulação produto do diálogo que estabelece, no plano da intertextualidade, com o “romance de aventuras e de costumes”, cujos representantes são O asno de ouro, de Apuleio, e Satíricon, de Petrônio.
In Apuleius’s The Golden Ass, Lucius, the character narrator, becomes a ass by ingesting a magic unguent that should turn him into a bird. The condition of a donkey allows Lucius, in a metamorphosis, to observe the secrets of everyday life from an unusual point of view in literature, since in his presence no one hesitates to reveal their most hidden secrets, having the donkey mask as a way to make aspects of private life known. Lucius’s transformation into donkey/mask is a sort of archetype of the characters that later the novel will choose as a “third” one in relation to daily life, which allows him to look and listen to the hidden, as Bakhtin (2010) when analyzing the functions of the crook, the buffoon and the jester in the novel. Considering Boccaccio a reader and emulator of Apuleius and Petronius, we will start from this assumption to undertake a research of the various enfoldments in the menippean mask in the Decameron. We based our proposal on the fact that Boccaccio uses, in most of his novels, types or social masks, mosthy priests, nuns, merchants and representatives of all social categories. When these people wear their masks, they all “refract”, at the level of interdiscursivity, the author’s intention to unmask the hypocrisy reigning within the official ecclesiastical and bourgeois-mercantile culture. That elaborates a new vision of the world, of the man and his destiny in the dawn of the Renaissance. Based on this issue, we intend to read Decameron as an imitation/emulation product of the dialogue that establishes, on the level of intertextuality, the “novel of adventures and customs”, whose representatives are The Golden Ass, by Apuleius and Satyricon, by Petronius.
Nell’opera L’Asino d’oro, di Apuleio, Lucio, il narratore-personaggio, ingerendo un unguento magico che dovrebbe trasformarlo in uccello, diviene asino. La condizione di asino permette a Lucio, nell’involuvro di una metamorfosi, osservare i segreti della vita quotidiana da un punto di vista insolito nella letteratura, visto che nella sua presenza nessuno esita in rivelare i loro segreti più intimi, funzionando la maschera di asino come una forma di rendere pubblici gli aspetti della vita privata. La trasformazione di Lucio in asino/maschera configura una specie di archetipo dei personaggi, che più tardi verrà nominata dal romanzo come un <<terzo>> in relazione alla vita quotidiana, quello che gli permette di guardare ed ascoltare nascosto, come bene osservò Bachtin (2010) quando analizzò le funzioni dell’ imbroglione, del buffone e del giullare nel romanzo. Prendendo in considerazione Boccaccio come lettore ed emulatore di Apuleio e Petronio, partiremo da questo presupposto per svolgere uno studio delle varie articolazioni della maschera menipeica nel Decameron. La nostra proposta si basa sul fatto di Boccaccio utilizzare, nella maggior parte delle sue novelle, tipi o maschere sociali, in prevalenza preti, suore, mercanti e rappresentanti di tutte le categorie sociali che, indossando le loro maschere, <<rinfrangono>>, nel piano dell’interdiscursività, l’intenzione dell’autore di smascherare la ipocrisia regnante nella sfera della cultura ufficiale, ecclesiastica e borghese-mercantile, elaborando una visione nuova del mondo, dell’uomo e del suo destino agli albori del Rinascimento. In base a tale questione intendiamo di realizzare una lettura del Decameron come imitazione/emulazione, prodotto del dialogo che stabilisce, nel piano dell’intertestualità, col <<romanzo di avventure e di costumi>>, i cui rappresentanti sono L’ Asino d’oro, di Apuleio e Satyricon, di Petronio.

Descrição

Palavras-chave

Decameron, O asno de ouro, Satíricon, Imitação, Emulação, Decameron, The Golden Ass, Satyricon, Imitation, Emulation, Decameron, L’asino d’oro, Satyricon, Imitazione, Emulazione

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