IPERU U’KOMANTO: formas e sentidos no mito Makunaima

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Data

2019-11-14

Autores

Silva, Maria Georgina dos Santos Pinho e [UNESP]

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Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A compreensão dos mitos de uma sociedade configura-se como um dos modos mais legítimos para se decifrar sua realidade cultural, já que, por estarem ligados à tradição oral e escrita, evidenciam determinadas práticas sociais e culturais. Isso ocorre porque a natureza oral das narrativas míticas, especialmente das narrativas indígenas que são objeto desta pesquisa, demonstra aspectos do contexto local e de simbologias construídas ao longo de uma tradição que instaura uma realidade mítica. Esta escapa de uma explicação lógica dos fenômenos naturais, da história do povo, de sua organização social, de suas práticas ritualísticas, rompendo, muitas vezes, com a figuratividade de um mundo natural puramente humano como o conhecemos. A partir dessas considerações, propomo-nos a refletir sobre a construção dos sentidos no mito Makunaima por meio de uma análise comparativa de três narrativas: a “Árvore da vida”, relatada por informantes das comunidades indígenas Ubaru (RR), etnia Taurepang, e São Jorge (RR), etnia Makuxi, e a “A árvore do mundo e a grande enchente”, um dos textos do segundo volume de Mitos e Lendas dos Índios Taulepangue e Arekuná de Theodor Koch-Grünberg (1989). Ambas tratam do mito Makunaima, um dos mais conhecidos nas comunidades indígenas de Roraima, que descreve a origem mítica do peixe, dos rios, da oração, do machado e do Monte sagrado que dá nome ao estado de Roraima. Para a análise dos mitos mencionados, valemo-nos dos pressupostos teórico-metodológico da Semiótica Discursiva, através do percurso gerativo de sentido que nos permite refletir sobre as categorias de significação em cada um dos textos. Durante a análise, buscamos comparar as duas versões do mito “Árvore da vida”, com a versão “A árvore do mundo e a grande enchente”, a partir do percurso gerativo de sentido, para identificar as variações e as regularidades que são frutos das escolhas enunciativas de cada versão. Assim, verificamos que a Semiótica Discursiva revela, de forma sistêmica, a relação entre os valores construídos em torno das narrativas, estabelecendo um todo de sentido, coerente e organizado, evidenciando que as escolhas realizadas pelos sujeitos da enunciação e os percursos temáticos e figurativos não apenas garantem a coerência do texto, mas manifestam a sua intenção e propósito, permitindo-nos entender que as regularidades e variações surgem nos textos devido a liberdade do enunciador para escolher a figura dentro do campo lexical. Além disso, as narrativas míticas se constituem um patrimônio cultural, nato da experiência e imaginação, que fortalece as práticas culturais, por imprimirem uma visão sobre o mundo, as vivências coletivas e a realidade indígena, reconhecendo que existem diferenças entre índios e não índios.
La compréhension des mythes d’une société est l’un des moyens les plus légitimes de déchiffrer leur réalité culturelle car, liés à la tradition orale, ils témoignent et systématisent certaines pratiques sociales et culturelles. En effet, la nature orale des récits mythiques, en particulier des récits autochtones faisant l’objet de cette recherche, met en évidence des aspects du contexte local et des symbologies construites selon une tradition qui fonde une réalité mythique. Cela échappe à une explication logique des phénomènes naturels, de l'histoire des peuples, de leur organisation sociale, de leurs pratiques rituelles, rompant souvent avec la figuration d'un monde naturel purement humain tel que nous le connaissons. À partir de ces considérations, nous proposons de réfléchir à la construction des sens dans le mythe Makunaima, à travers une analyse comparative de deux récits: « l'Arbre de la vie », rapporté par les informateurs d'Ubaru (RR) et de São Jorge ( RR) et « L'arbre du monde et le grand déluge », l'un des textes du deuxième volume de Mythes et légendes des Indiens Taulepangue et Arekuna de Theodor Koch-Grünberg (1989). Tous deux traitent du mythe Makunaima, l’un des plus connus des communautés indigènes de Roraima, qui décrit l’origine mythique des poissons, des rivières, de la prière, de la hache et du mont sacré qui donne son nom à l’état de Roraima. Pour l'analyse des mythes mentionnés, en tant qu'instruments théorico-méthodologiques, nous utilisons les hypothèses de la Sémiotique discursive, à travers du parcours génératif du sens qui nous permet de réfléchir aux catégories de sens de chacun des textes. Au cours de l'analyse, nous cherchons à comparer les versions du mythe « Arbre de vie » à la version « A arbre du monde et le grand déluge », à travers du parcours génératif du sens, pour identifier les variations et les régularités qui sont le fruit des choix énonciatifs de chaque version. Ainsi, nous vérifions que les analyses effectuées montrent ces positions et montrent non seulement que les mythes indigènes sont systématiques et ont une organisation de sens, mais sont également parsemés d’un discours intensément caractérisé par la défense des valeurs de la collectivité en question, ce qui nous permet d’élargir connaissance de la culture indigène brésilienne. Ainsi, nous constatons que la sémiotique discursive révèle systématiquement la relation entre les valeurs construites autour des récits, établissant un ensemble cohérent et organisé de sens, cohérent et organisé, montrant que les choix faits par les sujets de l'énoncé et les parcours thématiques et figuratifs garantissent non seulement la cohérence du texte, mais manifestent également leur intention et leur finalité, nous permettant de comprendre que les régularités et les variations apparaissent dans les textes en raison de la liberté de l'énonciateur pour choisir la figure dans le champ lexical. De plus, les récits mythiques constituent un héritage culturel, né de l'expérience et de l'imagination, qui renforce les pratiques culturelles, car ils donnent un aperçu du monde, des expériences collectives et de la réalité indigène, reconnaissant qu'il existe des différences entre les Indiens et les non-Indiens.

Descrição

Palavras-chave

Cultura indígena, Mito, Semiótica discursiva, Percurso gerativo de sentido

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