Variabilidade da precipitação e a prática turística em Foz do Iguaçu-PR: interações e repercussões no Parque Nacional do Iguaçu

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2020-05-07

Autores

Cunha Souza, Mariana Cristina da

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A partir da premissa de que o Brasil tem no clima uma mercadoria diferenciada para o desenvolvimento do turismo, a hipótese defendida nesta tese é que a prática turística possui maiores possibilidades de ampliação e geração de lucro em condições climáticas consideradas estáveis, especialmente quando associada à precipitação. Para tanto, o objetivo geral desta pesquisa é demonstrar como o turismo realizado no Parque Nacional do Iguaçu, em Foz do Iguaçu-PR, articula-se à dinâmica das chuvas, expressando a necessidade de uma abordagem escalar, a fim de compreender as suas variações no tempo e no espaço. A metodologia consistiu na revisão bibliográfica e documental da literatura, com base na concepção dinâmica do clima, cujo entendimento perpassa a relação sociedade e natureza. Portanto, o clima é abordado como um fenômeno geográfico que interfere nas práticas espaciais, tal qual a do turismo, impactando o modo como o espaço é produzido. Nesse sentido, incorpora-se à investigação desenvolvida, os dados sobre a precipitação acumulada e os números de dias com chuvas em Foz do Iguaçu, na série temporal 1980/2017. Esses números são sistematizados por meio de uma abordagem anual, mensal e sazonal, que é correlacionada aos dados de visitação turística no Parque e aos desembarques de passageiros no Aeroporto Internacional da cidade. O conjunto de dados é sistematizado aplicando-se técnicas estatísticas básicas e multivariadas de regressão e tendências juntamente com uma análise qualitativa crítica, quando as bases teóricas da geografia e do turismo permitem tecer considerações a respeito dos fenômenos atmosféricos, sociais e espaciais. Considerando-se a variabilidade climática na cidade e região no qual está localizada, confirma-se que a dinâmica das chuvas é influenciada, sobretudo, por fenômenos atmosféricos que ocorrem em escala sinótica, como o ENOS e pela circulação regional, dinamizada por sistemas frontais, pelos Sistemas Convectivos de Mesoescala e pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul. As chuvas estão concentradas na primavera e no verão. Os anos-padrão chuvosos e muito chuvosos coincidem com períodos de manifestação do El Niño e os anos-padrão secos e muito secos com o La Niña. Os meses com maior movimentação no Parque e Aeroporto são julho, dezembro e janeiro, coincidindo com a alta temporada turística e as férias escolares. Os coeficientes de correlação obtidos mostram que não existe uma relação de causa e efeito do clima com a visitação e os desembarques de passageiros, mas evidenciam que há repercussões diretas no modo como a prática turística é desenvolvida na ocorrência de eventos extremos. Em períodos de muita seca há diminuição do fluxo de pessoas no Parque e Aeroporto. A estiagem pode modificar drasticamente a paisagem natural das Cataratas, que é o principal atrativo turístico de Foz do Iguaçu. Por sua vez, as cheias potencializam a atratividade do destino, mantendo o padrão paisagístico esperado. Do mesmo modo, chuvas fortes e muito acima do que é habitual deflagram situações negativas porque a principal atividade realizada pelos turistas no Parque, é o passeio nas passarelas que dão acesso à Garganta do Diabo, maior queda das Cataratas. Quando a vazão das Cataratas está muito alta, a visitação pode ser interrompida. Portanto, a precipitação pode influenciar na prática turística sob dois aspectos principais: o da experiência turística e o da segurança. Embora o clima seja aceito como parte essencial da prática turística, pouco tem sido detalhado sobre essa relação, por isso, esta pesquisa avança e corrobora, no sentido de que há repercussões, não causalidade, da dinâmica climática no espaço turístico.
Based on the premise that Brazil has a differentiated commodity in the climate for the development of tourism, the hypothesis defended in this thesis is that tourism practice has greater possibilities for expansion and profit generation in climatic conditions considered stable, especially when associated with precipitation. To this end, the general objective of this research is to demonstrate how the tourism carried out in the Parque Nacional do Iguaçu, in Foz do Iguaçu-PR, is linked to the dynamics of the rains, expressing the need for a scalar approach, in order to understand its variations in time and space. The methodology consisted of a bibliographic and documentary review of the literature, based on the dynamic conception of the climate, whose understanding permeates the relationship between society and nature. Therefore, the climate is approached as a geographic phenomenon that interferes with space practices, such as tourism, impacting the way space is produced. In this sense, data on accumulated precipitation and the numbers of days with rains in Foz do Iguaçu, in the 1980/2017 time series, are incorporated into the developed investigation. These numbers are systematized through an annual, monthly and seasonal approach, which is correlated with data on tourist visits in the Park and passengers arrivals at the city's International Airport. The data set is systematized by applying basic and multivariate statistical techniques of regression and trends together with a critical qualitative analysis, when the theoretical bases of geography and tourism allow us to make considerations about atmospheric, social and spatial phenomena. Considering the climatic variability in the city and region where it is located, it is confirmed that the dynamics of the rains are influenced, above all, by atmospheric phenomena that occur on a synoptic scale, such as ENOS and by regional circulation, dynamized by frontal systems, by the Mesoscale Convective Systems and the performance of the South Atlantic Convergence Zone. The rains are concentrated in the spring and summer. The rainy and very rainy standard years coincide with periods of El Niño manifestation and the dry and very dry standard years with La Niña. The busiest months in the Park and Airport are July, December and January, coinciding with the high tourist season and school holidays. The correlation coefficients obtained show that there is no cause and effect relationship between climate and passengers visitation and disembarkation, but they show that there are direct repercussions on the way in which tourist practice is developed in the event of extreme events. In periods of severe drought there is a decrease in the flow of people in the Park and Airport. The drought can drastically modify the natural landscape of the Falls, which is the main tourist attraction in Foz do Iguaçu. In turn, floods enhance the attractiveness of the destination, maintaining the expected landscape pattern. Likewise, heavy rains and much higher than usual trigger negative situations because the main activity performed by tourists in the Park, is the walk on the walkways that give access to the Garganta do Diabo, the biggest fall of the Falls. When the flow of the Falls is very high, visitation can be interrupted. Therefore, precipitation can influence tourism practice in two main aspects: that of tourism experience and that of security. Although the climate is accepted as an essential part of the tourist practice, little has been detailed about this relationship, therefore, this research advances and corroborates, in the sense that there are repercussions, not causality, of the climatic dynamics in the tourist space.
Basado en la premisa de que Brasil tiene una mercancía diferenciada en el clima para el desarrollo del turismo, la hipótesis defendida en esta tesis es que la práctica turística tiene mayores posibilidades de expansión y generación de ganancias en condiciones climáticas consideradas estables, especialmente cuando se asocia con la precipitación. Con este fin, el objetivo general de esta investigación es demostrar cómo el turismo realizado en el Parque Nacional do Iguaçu, en Foz do Iguaçu-PR, está vinculado a la dinámica de las lluvias, expresando la necesidad de un enfoque escalar, para comprender sus variaciones. en tiempo y espacio. La metodología consistió en una revisión bibliográfica y documental de la literatura, basada en la concepción dinámica del clima, cuya comprensión impregná-la la relación entre la sociedad y la naturaleza. Por lo tanto, el clima se aborda como un fenómeno geográfico que interfiere con las prácticas espaciales, como el turismo, que afecta la forma en que se produce el espacio. En este sentido, los datos sobre la precipitación acumulada y el número de días de lluvias en Foz de Iguaçu, en la serie temporal de 1980/2017, se incorporan a la investigación desarrollada. Estos números se sistematizan a través de un enfoque anual, mensual y estacional, que se correlaciona con datos sobre visitas turísticas en el parque y llegadas de pasajeros al aeropuerto internacional de la ciudad. El conjunto de datos se sistematiza aplicando técnicas estadísticas básicas y multivariadas de regresión y tendencias junto con un análisis cualitativo crítico, cuando las bases teóricas de la geografía y el turismo nos permiten hacer consideraciones sobre fenómenos atmosféricos, sociales y espaciales. Considerando la variabilidad climática en la ciudad y región donde se ubica, se confirma que la dinámica de las lluvias está influenciada, sobre todo, por fenómenos atmosféricos que ocurren a escala sinóptica, como ENOS y por circulación regional, dinamizados por sistemas frontales, por los sistemas convectivos de mesoescala y por el desempeño de la zona de convergencia del Atlántico Sur. Las lluvias se concentran en la primavera y el verano. Los años estándar lluviosos y muy lluviosos coinciden con los períodos de manifestación de El Niño y los años estándar secos y muy secos con La Niña. Los meses más ocupados en el parque y el aeropuerto son julio, diciembre y enero, coincidiendo con la temporada alta de turismo y las vacaciones escolares. Los coeficientes de correlación obtenidos muestran que no existe una relación de causa y efecto entre el clima y la visita y desembarque de pasajeros, pero muestran que hay repercusiones directas en la forma en que se desarrolla la práctica turística en caso de eventos extremos. En períodos de sequía severa hay una disminución en el flujo de personas en el parque y el aeropuerto. La sequía puede modificar drásticamente el paisaje natural de las cataratas, que es la principal atracción turística en Foz do Iguaçu. A su vez, las inundaciones mejoran el atractivo del destino, manteniendo el patrón de paisaje esperado. Del mismo modo, las fuertes lluvias y mucho más altas de lo normal desencadenan situaciones negativas porque la actividad principal que realizan los turistas en el parque es la caminata por los senderos que dan acceso a la Garganta do Diabo, la mayor caída de las cataratas. Cuando el flujo de las cataratas es muy alto, las visitas pueden interrumpirse. Por lo tanto, la precipitación puede influir en la práctica turística en dos aspectos principales: el de la experiencia turística y el de la seguridad. Aunque el clima es aceptado como una parte esencial de la práctica turística, se ha detallado poco sobre esta relación, por lo tanto, esta investigación avanza y corrobora, en el sentido de que hay repercusiones, no causalidad, de la dinámica climática en el espacio turístico.

Descrição

Palavras-chave

Clima, Turismo, Escala, Espaço geográfico, Espaço turístico, Climate, Tourism, Scale, Geographic space, Tourist space, Espacio geografico, Espacio turistico

Como citar