O Departamento de Defesa e a militarização da política externa estadunidense, de Bush a Obama (2001-2017)

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2020-08-21

Autores

Forner, Clarissa Nascimento [UNESP]

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

O aparato militar tem sido um dos principais sustentáculos da projeção internacional dos Estados Unidos da América (EUA). Desde a década de 1950, a institucionalização do Departamento de Defesa (DoD) foi acoplada ao funcionamento das dinâmicas políticas e econômicas do campo doméstico, que garantiram à agência o desenvolvimento de vastas capacidades materiais e destaque nos processos de tomada de decisões. O aumento do intervencionismo militar estadunidense em outras regiões do globo favoreceu o alargamento da presença das tropas norte-americanas no exterior. Após o encerramento da Guerra Fria (1947-1989), a associação entre as capacidades desenvolvidas pela burocracia de defesa e sucessivos ciclos de desinvestimento nos instrumentos civis de política exterior promoveram a maior delegação de funções ao DoD e às forças armadas, as quais se expandiram por força dos atentados de 11 de setembro de 2001 e da deflagração das operações no Afeganistão e no Iraque. Os desequilíbrios orçamentários e o processo de acúmulo de competências despertaram debates domésticos sobre a possibilidade de aumento da dependência da política externa norte-americana em relação ao poder militar. Esta tese de doutorado se insere neste debate, com o objetivo de mapear as funções e autoridades adquiridas pelo Pentágono na esfera da política exterior, particularmente durante as administrações de George W. Bush (2001-2009) e Barack Obama (2009-2017). Hipoteticamente, durante este período, o incremento da presença internacional da agência representou uma militarização setorial da política externa estadunidense. Compreendemos militarização como o processo de acúmulo de funções, autoridades e influência da agência de defesa e das forças militares no processo de elaboração da política exterior. Será também nosso intuito analisar as fontes de legitimação da atuação internacional do DoD e da militarização. Para tanto, mapearemos as relações construídas pela agência com a presidência, o Legislativo, os atores privados e as agências burocráticas civis relacionadas ao campo de política exterior: o Departamento de Estado (DoS) e a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (USAID). Finalmente, buscaremos contribuir para o debate, aprofundando a discussão sobre os conceitos de militarização e militarismo, mediante a qualificação dos termos, a partir da história e das especificidades do caso norte-americano.
The military establishment has been one of the main pillars of the United States of America (USA) international projection. Since the 1950s, the institutionalization of the Department of Defense (DoD) has been intertwined with the political and economic dynamics of the domestic field, which guaranteed a vast array of material capacities and prominence in the decision-making processes for the agency. The ongoing US military interventionism in other regions of the globe favored the spillover of American troops abroad. After the end of the Cold War (1947-1989), the interdependence of the capabilities developed by the defense bureaucracy and the successive budget cuts that affected the civilian foreign policy instruments led to an increase of DOD´s functions and of the armed forces. This expansion was also a result of the September 11, 2001 attacks and the outbreak of operations in Afghanistan and Iraq. Budgetary imbalances and the accumulated competencies have sparked domestic debates about the possibility of an increased dependency of US foreign policy towards military power. This PhD dissertation explores this debate identifying the functions and authorities acquired by the Pentagon in the foreign policy realm, particularly during the administrations of George W. Bush (2001-2009) and Barack Obama (2009-2017). Hypothetically, during this timeframe, the enhanced international presence of the Pentagon represented the militarization of some sectors of American foreign policy. Militarization is defined as the process of juxtaposition of functions, authorities and influence by the defense agency and the armed forces in the foreign policy making process. Thus, it will also be our intention to analyze the sources of legitimacy of DoD's international activities and militarization. To this end, we will map the relations built by the agency with the presidency, the Congress, the private and civilian agencies related to the field of foreign policy, notably the Department of State (DoS) and the US Agency for International Development (USAID). Finally, we will seek to contribute to the debate, deepening the discussion on the concepts of militarization and militarism, through the qualification of terms based on the history and specificities of the American case.
El aparato militar ha sido uno de los principales pilares de la proyección internacional de los Estados Unidos de América (EE.UU.). Desde la década de 1950, la institucionalización del Departamento de Defensa (DoD) se ha unido al funcionamiento de la dinámica política y económica del campo doméstico, lo que ha garantizado al organismo el desarrollo de vastas capacidades materiales y prominencia en los procesos de toma de decisiones. En la misma medida, el aumento del intervencionismo militar estadounidense en otras regiones del mundo favoreció la expansión de la presencia de tropas estadounidenses en el extranjero. Después del final de la Guerra Fría (1947-1989), la asociación entre las capacidades desarrolladas por la burocracia de defensa y los ciclos sucesivos de desinversión en instrumentos de política exterior civil promovieron una mayor delegación de funciones al Departamento de Defensa y las fuerzas armadas, que se expandió como resultado de los ataques del 11 de septiembre de 2001 y el inicio de operaciones en Afganistán e Irak. Los desequilibrios fiscales y el proceso de acumulación de competencias han provocado debates internos sobre la posibilidad de aumento en la dependencia de la política exterior de Estados Unidos en relación con el poder militar. Este trabajo de doctorado es parte de este debate, con el objetivo de mapear las funciones y autoridades adquiridas por el Pentágono en el ámbito de la política exterior, particularmente durante las administraciones de George W. Bush (2001-2009) y Barack Obama (2009-2017). Como hipótesis, señalamos que, durante el período indicado, el aumento de la presencia internacional de la agencia representó una militarización sectorial de la política exterior de Estados Unidos. De manera general, entendemos la militarización como el proceso de acumulación de funciones, autoridades y influencia por parte de la agencia de defensa y las fuerzas armadas. Por lo tanto, también será nuestra intención analizar las fuentes de legitimidad de las actividades internacionales y la militarización del Departamento de Defensa. Con este fin, mapearemos las relaciones construidas por la agencia con la presidencia, el Legislativo, los actores privados y las agencias burocráticas civiles relacionadas con el campo de la política exterior, en particular el Departamento de Estado (DoS) y la Agencia de los Estados Unidos para el Desarrollo Internacional (USAID). Finalmente, buscaremos contribuir al debate, profundizando la discusión sobre los conceptos de militarización y militarismo, a través de la calificación de los términos basados en la historia y las especificidades del caso norteamericano.

Descrição

Palavras-chave

Política externa, Estados Unidos, Militarização, Foreign policy, United States, Militarization, Política exterior, Militarización

Como citar