Flores e dores, vozes e vidas: contexto geográfico de mulheres e suas experiências interseccionais em Presidente Prudente, SP

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Data

2022-09-30

Autores

Pedroso, Mateus Fachin

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

A presente tese de doutorado teve como objetivo central interpretar os processos que constituem as experiências fundadas pelas mulheres que vivem com HIV/AIDS em Presidente Prudente, São Paulo (SP) a partir de seus cursos de vida e campos de possibilidades priorizando entender os encontros e acontecimentos relacionados às interseccionalidades que estruturam o contexto geográfico. Este estudo exigiu um afinado aparato metodológico que orientasse a produção e análise dos dados de pesquisa. Posto isso, a tese em tela manteve o emprego e articulação de metodologias alinhadas à dois elementos fulcrais: as demandas reais de pesquisa e as contribuições teórico-metodológicas feministas que, de forma conjunta, permitiram reelaborar o movimento de construção da tese junto às participantes envolvidas. A concepção desses movimentos garantiu que as narrativas das mulheres estivessem ao centro, enquanto protagonistas, de modo que suas histórias fossem os fundamentos primeiros para a compreensão do contexto geográfico, uma vez que a ambientação e atmosfera das narrativas dependeram das vozes entoadas, das tonalidades, texturas, dos ethos e dêixis discursivas que deram dimensão ao vivido. Destarte, propomos o contexto geográfico como um conjunto de relações dialógicas, relacionais e dinâmicas, que tomam os sujeitos como princípio de ação e significação e, portanto, são passíveis de transformações que os configuram ao mesmo tempo que os conectam ao particular e ao universal. Esta construção teórica preza pela interpretação de relações complexas, sobretudo, a dos movimentos de ser/existir dos indivíduos em realidades geográficas para que os sujeitos sejam compreendidos por meio das diferentes articulações entre Espaço-tempo, Conteúdo e Agência, pilares móveis que configuram relações de caráter caleidoscópico, contribuindo assim para o alargamento da interpretação das vivências construídas pelos sujeitos por meio das experiências de seus contextos geográficos que geram opressão e/ou ressignificação. Portanto, defendemos a tese de que as evocações das vozes dessas mulheres configuraram interpretações acerca da realidade vivida e assim desvendaram uma Geografia presente no cotidiano, o que possibilitou a compreensão do contexto geográfico enquanto um raciocínio calcado no real, isso por considerarmos que no processo histórico - por vezes - estas mulheres não foram protagonistas de suas escolhas no campo de possibilidades durante os cursos de vida tendo, majoritariamente, suas capacidades de ações restringidas pelos poderes de instituições sociais como a família, o trabalho e os relacionamentos, sendo estas relacionais em cada etapa de vida (infância, juventude e vida adulta). Logo, a construção deste raciocínio se debruçou sobre o movimento característico do contexto geográfico experienciado pelas mulheres que vivem com HIV/AIDS, processo este que vai além da individuação de cada qual, já que consolida coletivamente o estabelecer de outras normatividades vitais, ou seja, novas formas de compreender e viver a vida para além da sobrevivência. Assim, a relação da epidemiologia social - interlocução indivíduo/coletivo - está atrelada à organização da sociedade espacialmente contextualizada aos modos de existência dessas mulheres, já que são elas quem experienciaram o processo de saúde-doença e assim tensionaram a relação existente entre o normal e o patológico por meio da coprodução dos respectivos contextos geográficos. Deste modo, os contextos geográficos estão respaldados pelas vozes e vidas dessas mulheres, o que garante a força de uma Geografia que rompe a hegemonia da norma e os estigmas, em outras palavras, se trata de uma Geografia própria que se nutre de tempos e espaços, da cultura, da linguagem que, se faz e se soma à carne e, assim, floresce outras formas de viver.
The central objective of this doctoral thesis was to interpret the processes that constitute the experiences produced by women living with HIV/AIDS in Presidente Prudente, São Paulo (SP) from their life courses and fields of possibilities prioritizing understanding the encounters and events related to intersectionalities that structure the geographical context. This study required a refined methodological basis to guide the production and analysis of research data. Having said this, the thesis in question maintained the employment and articulation of methodologies aligned by two central elements: the real demands of research and the feminist theoretical and methodological contributions that, together, allowed the reworking of the construction movement of the thesis with the participants involved. The conception of these movements ensured that the narratives of the women were at the center, as protagonists, so that their stories were the first foundations for the understanding of the geographical context, since the setting and atmosphere of the narratives depended on the voices intoned, the tones, textures, the ethos and discursive de dêixis which gave dimension to what was lived. We propose the geographical context as a set of dialogic, relational and dynamic relationships, which take the subjects as the principle of action and meaning and, therefore, are subject to transformations that shape them while connecting the particular and the universal. This theoretical construction values the interpretation of complex relationships, especially the movements of being/existing of individuals in geographic realities so that the subjects are understood through the different articulations between Space-time, Content and Agency, moving pillars that configure intertwined relationships, thus contributing to the broadening of the interpretation of the experiences built by the subjects through the experiences of their geographic contexts that generate oppression and/or re-signification. Therefore, we defend the thesis that the evocations of the voices of these women configured interpretations about the lived reality and thus unveiled a Geography present in everyday life, which enabled the understanding of the geographical context as a reasoning based on the real, this is because we consider that in the historical process - sometimes - these women were not the protagonists of their choices in the field of possibilities during their life courses, having, for the most part, their capacity for actions restricted by the powers of social institutions such as family, work and relationships, which are relational in each stage of life (childhood, youth and adulthood). Therefore, the construction of this reasoning focused on the characteristic movement of the geographical context experienced by women living with HIV/AIDS, a process which goes beyond the individualization of each one, since it collectively consolidates the establishment of other vital normativities, that is, new ways of understanding and living life beyond survival. Thus, the relationship of social epidemiology - individual/collective interlocution - is linked to the organization of society spatially contextualized these women's ways of existence, since they are the ones who experienced the health-disease process and thus tensioned the existing relationship between the normal and the pathological through the co-production of their respective geographical contexts. Thus, the geographical contexts are supported by the voices and lives of these women, which ensures the strength of a Geography that breaks the hegemony of the norm and the stigmas, in other words, it is a Geography of its own that is nourished by times and spaces, culture, language, which is made and added to the flesh and thus flourishes other ways of living.
El objetivo central de esta tesis doctoral fue interpretar los procesos que constituyen las experiencias fundadas por las mujeres que viven con VIH/SIDA en Presidente Prudente, São Paulo (SP) a partir de sus trayectorias de vida y campos de posibilidades priorizando la comprensión de los encuentros y eventos relacionados con las interseccionalidades que estructuran el contexto geográfico. Este estudio requirió un aparato metodológico refinado para guiar la producción y el análisis de los datos de la investigación. Dicho esto, la tesis en cuestión mantuvo el uso y la articulación de metodologías alineadas a dos elementos clave: las exigencias reales de la investigación y los aportes teóricos y metodológicos feministas que, en conjunto, permitieron reelaborar el movimiento de construcción de la tesis con los participantes involucrados. La concepción de estos movimientos hizo que las narraciones de las mujeres estuvieran en el centro, como protagonistas, de modo que sus relatos fueran los primeros cimientos para la comprensión del contexto geográfico, ya que la ambientación y la atmósfera de las narraciones dependían de las voces entonadas, de los tonos, de las texturas, del ethos y de la dêixis discursiva que daba dimensión a lo vivido. Así, proponemos el contexto geográfico como un conjunto de relaciones dialógicas, relacionales y dinámicas, que toman a los sujetos como principio de acción y de sentido y, por tanto, están sujetos a transformaciones que los configuran al tiempo que conectan lo particular y lo universal. Esta construcción teórica valora la interpretación de las relaciones complejas, especialmente los movimientos de ser/existir de los individuos en las realidades geográficas para que los sujetos sean comprendidos a través de las diferentes articulaciones entre Espacio-tiempo, Contenido y Agencia, pilares móviles que configuran relaciones caleidoscópicas, contribuyendo así a la ampliación de la interpretación de las experiencias construidas por los sujetos a través de las vivencias de sus contextos geográficos que generan opresión y/o resignificación. Por lo tanto, defendemos la tesis de que las evocaciones de las voces de estas mujeres configuraron interpretaciones sobre la realidad vivida y desvelaron así una Geografía presente en la vida cotidiana, que permitió la comprensión del contexto geográfico como un razonamiento basado en lo real, esto se debe a que consideramos que en el proceso histórico -a veces- estas mujeres no fueron protagonistas de sus elecciones en el campo de las posibilidades durante sus cursos de vida, teniendo, en su mayoría, su capacidad de acción restringida por los poderes de las instituciones sociales como la familia, el trabajo y las relaciones, que son relacionales en cada etapa de la vida (infancia, juventud y adultez). Por lo tanto, la construcción de este razonamiento se centró en el movimiento característico del contexto geográfico experimentado por las mujeres que viven con VIH/SIDA, un proceso que va más allá de la individualización de cada una, ya que consolida colectivamente el establecimiento de otras normatividades vitales, es decir, nuevas formas de entender y vivir la vida más allá de la supervivencia. Así, la relación de la epidemiología social -interlocución individual/colectiva- está ligada a la organización de la sociedad contextualizada espacialmente a las formas de existencia de estas mujeres, ya que son ellas las que experimentaron el proceso salud-enfermedad y así tensionaron la relación existente entre lo normal y lo patológico a través de la coproducción de sus respectivos contextos geográficos. Así, los contextos geográficos se apoyan en las voces y las vidas de estas mujeres, lo que asegura la fuerza de una Geografía que rompe la hegemonía de la norma y los estigmas, es decir, es una Geografía propia que se nutre de los tiempos y los espacios, de la cultura, del lenguaje, que se hace y se suma a la carne y así florecen otras formas de vivir.

Descrição

Palavras-chave

Mulheres, Geografia da saúde, Gênero, Interseccionalidades, HIV/AIDS, Women, Health geography, Gender, Intersectionalities, Mujeres, Geografía de la Salud, Género, Interseccionalidades, VIH/SIDA

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