Potencial biótico de isolado suscetível de Haemonchus contortus na substituição de população resistente a antihelmínticos em ovinos

A elevada prevalência da resistência de Haemonchus contortus aos anti-helmínticos tornou-se uma ameaça para a ovinocultura e, neste cenário, a substituição de populações resistentes por isolados suscetíveis apresenta-se como uma estratégia promissora. Dezesseis cordeiros foram infectados experimentalmente com 4000 larvas infectantes (L3) de um isolado de H, contortus resistente (Grupo R, n=8) ou suscetível (Grupo S, n=8) a anti-helmínticos, os quais foram mantidos em pastagens separadas durante 266 dias. As contagens de ovos por grama de fezes (OPG) apresentaram valores máximos 28-42 dias pós-infecção (PI) e foram diminuindo com o tempo, com semelhanças entre os grupos (P>0,05). Em termos de patogenicidade, ambos isolados se mostraram igualmente capazes de produzir anemia (P=0,440), com diferença estatística no grau de hipoproteinemia aos 56 dias PI (P=0,006). As médias de L3 por grama (LPG) de fezes foram similares (P>0,05), tanto nas coproculturas como em amostras fecais recolhidas da pastagem, demonstrando que ambos isolados são capazes de se desenvolver in vivo e in vitro e gerar novas infecções. O grau de resistência/suscetibilidade foi avaliado por meio do Teste de Desenvolvimento Larvar (RESISTA-Test©), 160 dias PI. O isolado resistente apresentou fatores de resistência (FR) elevados ao tiabendazol (141), levamisol (822), monepantel (34) e ivermectina (196), enquanto os FR do isolado suscetível se mantiveram inferiores a três, indicando manutenção da suscetibilidade aos anti-helmínticos. As similaridades entre os grupos em todos os aspectos avaliados, e a comprovada sensibilidade aos anti-helmínticos por parte do isolado suscetível, demonstram que a substituição pode ser explorada como uma estratégia plausível no controle parasitário sustentável em criações de ovinos.

Resumo (inglês)

The high prevalence of anthelmintic resistance of Haemonchus contortus is threatening sheep farming. In this context, resistant populations’ replacement using susceptible isolates appears to be a promising strategy to overcome this situation. Sixteen lambs were experimentally infected with 4000 infective larvae (L3) of an H, contortus isolate resistant (Group R, n=8) or susceptible (Group S, n=8) to anthelmintics, which were kept in separate pastures for 266 days. Faecal egg counts (FEC) showed maximum values 28-42 days post-infection (PI) and decreased over time, with similarities between groups (P>0.05). In terms of pathogenicity, both isolates were equally capable of producing anemia (P=0.440), with statistical differences in the degree of hypoproteinemia, 56 days PI (P=0.006). The means of L3 per gram (LPG) of faeces were similar (P>0.05), both in cultures and in faecal samples collected from pasture, demonstrating that both isolates are capable of developing in vivo and in vitro and generating new infections. The degree of resistance/susceptibility was evaluated using the Larvae Development Assay (RESISTA-Test©), 160 days PI. The resistant isolate showed high resistance factors (RF) to thiabendazole (141), levamisole (822), monepantel (34) and ivermectin (196), while the RF of the susceptible isolate remained below three, indicating maintenance of susceptibility to anthelmintics. The similarities between the groups in all aspects evaluated, and the proven sensitivity to anthelmintics by the susceptible isolate, demonstrate that substitution can be explored as a plausible strategy for sustainable parasite control in sheep farms.