Custo-efetividade da terapia preemptiva versus terapia empírica para manejo de infecções fúngicas invasivas em pacientes com neutropenia febril no Sistema Único de Saúde

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Data

2023-02-27

Autores

Cardoso, Luiza Ikeda Seixas

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

Introdução. As infecções fúngicas invasivas (IFI) são uma importante complicação em pacientes com neutropenia febril (NF). Com o uso de antifúngicos profiláticos, a aspergilose invasiva tornou-se uma das principais IFI neste cenário clínico. Há duas formas de manejo destes pacientes. Um deles é a terapia empírica, em que se introduz antifúngicos nos pacientes com NF com duração maior ou igual a quatro dias em uso de antibióticos de amplo espectro. Outra estratégia é a preemptiva, na qual se utiliza de biomarcadores para um diagnóstico precoce e dirigido e uso mais restrito de antifúngicos. Objetivo. Este estudo teve como objetivo avaliar a custo-efetividade da estratégia preemptiva comparada a empírica no manejo de IFI em pacientes com NF, na perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. Métodos. Foi utilizado um modelo analítico de árvore de decisão, com um horizonte temporal de um ano, que teve como população alvo os pacientes com idade acima de 18 anos, com neoplasias hematológicas, transplantados ou não de células hematopóiéticas, que desenvolvem NF. Para a estratégia preemptiva, foi considerado o monitoramento combinado com dosagem sérica de galactomanana (GMN) e pesquisa de Aspergillus spp por reação em cadeia da polimerase (PCR) realizada no sangue. Os dados de desfechos e parâmetros clínicos para cada uma das estratégias avaliadas foram obtidos de estudos prévios publicados para a construção do modelo analítico. A medida de efetividade foi morte evitada. Os custos foram coletados em reais, obtidos da tabela de custos do SUS (SIGTAP) e da média ponderada das compras realizadas nos últimos 18 meses pelas instituições públicas do Brasil e não foram aplicados ajustes pela inflação. Uma análise de sensibilidade determinística de uma via e uma probabilística, pela simulação de Monte Carlo de segunda ordem, foi realizada para avaliar as variações do modelo. Resultados. O modelo analítico estimou uma sobrevida de 91,2% nos pacientes manejados de forma preemptiva comparados a 89,5% na empírica. A estratégia preemptiva (R$ 14.908,80) gerou um custo final por paciente menor que a empírica (R$ 15.417,10). A razão de custo-efetividade incremental (RCEI) foi – 28.993,56 R$/morte evitada. A análise de sensibilidade determinística mostrou que todas as variações encontravam-se abaixo da disposição a pagar. Na análise probabilística, 91,23% das 10.000 simulações ficaram abaixo da disposição a pagar. Conclusão. Este estudo demonstra que a estratégia preemptiva foi mais custo-efetiva que a empírica, o que permite sua incoporação no sistema de saúde pública do Brasil.
Introduction. Invasive fungal infections (IFI) are an important complication in patients with febrile neutropenia (FN). With the use of prophylactic antifungals, invasive aspergillosis has become one of the main IFI in this clinical setting. There are two ways of managing these patients. One of them is empirical therapy, in which antifungals are introduced in patients with FN lasting four days or more using broad-spectrum antibiotics. Another strategy is the preemptive one, in which biomarkers are used for an early and targeted diagnosis and more restricted use of antifungals. Objective. This study aimed to evaluate the cost-effectiveness of the preemptive strategy compared to the empirical one in the management of IFI in patients with FN, from the perspective of the Unified Health System (SUS) in Brazil. Methods. An analytical decision tree model was used, with a time horizon of one year, whose target population was patients aged over 18 years, with hematologic malignancies, receptors or not of hematopoietic cells, who develop FN. For the preemptive strategy, monitoring combined with serum dosage of galactomannan and research for Aspergillus spp by polymerase chain reaction performed in the blood was considered. Outcome data and clinical parameters for each of the evaluated strategies were obtained from previous studies published for the construction of the analytical model. The measure of effectiveness was death avoided. Costs were collected in reais (BRL), obtained from the SUS cost table and from the weighted average of purchases made in the last 18 months by public institutions in Brazil, and adjustments for inflation were not applied. A one-way deterministic and a probabilistic sensitivity analysis, by second-order Monte Carlo simulation, was performed to assess model variations. Results. The analytical model estimated a survival of 91.2% in patients managed preemptively compared to 89.5% in the empirical one. The preemptive strategy (R$ 14,908.80) generated a final cost per patient lower than the empirical one (R$ 15,417.10). The incremental cost-effectiveness ratio (ICER) was – 28,993.56 R$/death avoided. The deterministic sensitivity analysis showed that all variations were below the willingness to pay. In the probabilistic analysis, 91.23% of the 10,000 simulations were below the willingness to pay. Conclusion. This study demonstrates that the preemptive strategy was more cost-effective than the empirical one, which allows its incorporation into the Brazilian public health system.

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Palavras-chave

Custo-efetividade, Terapia preemptiva, Terapia empírica, Neutropenia febril, Infecção fúngica invasiva, Aspergilose invasiva

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