Adaptação ao ensino superior, suporte social e evasão acadêmica: estudos com graduandos de medicina

Abstract

A adaptação ao ensino superior envolve ajustamento ao contexto universitário. Para estudantes de medicina, essa adaptação é particularmente desafiadora devido aos fatores e exigências únicas da formação médica. Nessa perspectiva, essa tese é composta por um artigo que explorou a evasão universitária e dois artigos que estudaram o fenômeno da adaptação acadêmica em universitários de medicina. O primeiro artigo se refere a um estudo teórico que teve como objetivo revisar a literatura científica (método PRISMA) acerca da evasão universitária entre 2010 e 2019, por meio do Portal dos Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Portal CAPES). O segundo artigo foi um estudo transversal e quantitativo, cujo objetivo foi avaliar a adaptação ao ensino superior, percepção de suporte social e motivos para evasão acadêmica em uma amostra de 49 universitários de medicina. Em adicional, foi analisado as diferenças de médias de resposta, as correlações entre os construtos e investigou-se o modelo preditivo que melhor explica a adaptação acadêmica. A coleta de dados ocorreu ao final do primeiro semestre letivo do curso. O terceiro estudo, trata-se de uma pesquisa longitudinal, de coorte e quantitativa, a qual buscou-se comparar os níveis de adaptação, percepção de suporte social e motivos para evasão acadêmica na mesma amostra durante os três primeiros semestres do curso, comparando esses indicadores ao final de cada semestre. O segundo e o terceiro estudo foram realizados com amostragem por conveniência, pois o número de participantes foi estabelecido em função dos critérios de inclusão. Os universitários eram estudantes de uma instituição de ensino superior privada, localizada no interior do estado de São Paulo. Para a coleta de dados, foram utilizados os seguintes instrumentos à saber, Ficha de Dados Sociodemográficos, Escala de Percepção de Suporte Social (EPSUS-A), Questionário de Adaptação Acadêmica ao Ensino Superior (QAES) e Escala de Motivos de Evasão do Ensino Superior (M-ES). Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva e inferencial. Quanto aos resultados do primeiro estudo, dos 18 artigos analisados, as maiores frequências foram de estudos transversais, publicados entre 2016 e 2019, em periódicos das áreas de Psicologia e da Educação. Verificou-se que as vivências acadêmicas, adaptabilidade de carreira, satisfação com a instituição e autoeficácia são os construtos mais associados à evasão universitária. Questionários sem estudos psicométricos anteriores foram os instrumentos mais utilizados para mensurar motivos para evasão. Em relação aos resultados do segundo estudo, verificou-se nível satisfatório de adaptação na amostra e diferenças de médias de respostas apenas na variável psicoterapia. Das correlações, 25 apresentaram significância estatística, sendo 12 com magnitudes fracas e 13 com magnitudes moderadas, com correlações negativas e positivas entre adaptação acadêmica e motivos para a evasão, e correlações positivas entre adaptação acadêmica e percepção de suporte social. Sobre as predições, a variável afetividade prediz melhor a adaptação à carreira e adaptação social, ao passo que, as interações sociais predizem em maior proporção a adaptação no que diz respeito aos estudos e à instituição. A adaptação pessoal emocional foi melhor explicada por motivos de evasão relacionados ao desempenho acadêmico. A respeito dos resultados do terceiro estudo, no que diz respeito à QAES, percebeu-se ao longo do tempo a diminuição da satisfação com a escolha do curso e da segurança de ser a melhor opção para o futuro profissional; da organização da rotina de estudos, da concentração para aprender e da sistematização das informações; e a diminuição da satisfação dos alunos com a universidade, com o ambiente intelectual, com os professores e com o apoio para resolver questões burocráticas. Com relação à EPSUS-A, as análises sugeriram o aumento da percepção de suporte ao longo desse período. Quanto à M-ES, não foram encontradas diferenças de médias de respostas com significância estatística ao longo dos tempos avaliados, indicando que ao longo de um ano e meio de curso, não foi possível perceber aumento ou diminuição significativa de motivos para evasão do curso, nesta amostra. Conclui-se que os objetivos propostos quanto à esta tese de doutorado foram atingidos e espera-se que os resultados e discussões aqui apresentados, promovam avanços na literatura da área e sirvam como base para pesquisas futuras.

Adapting to higher education involves adjusting to the university context. For medical students, this adaptation is particularly challenging due to the unique factors and demands of medical training. From this perspective, this thesis is composed of an article that explored university dropout and two articles that studied the phenomenon of academic adaptation in medical students. The first article refers to a theoretical study that aimed to review the scientific literature (PRISMA method) about university dropout rates between 2010 and 2019, through the Periodicals Portal of the Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel (CAPES Portal). The second article was a cross-sectional and quantitative study, whose objective was to evaluate adaptation to higher education, perception of social support and reasons for academic dropout in a sample of 49 medical students. Additionally, differences in response averages and correlations between constructs were analyzed and the predictive model that best explains academic adaptation was investigated. Data collection took place at the end of the first academic semester of the course. The third study is a longitudinal, cohort and quantitative research, which sought to compare the levels of adaptation, perception of social support and reasons for academic dropout in the same sample during the first three semesters of the course, comparing these indicators at the end of each semester. The second and third studies were carried out using convenience sampling, as the number of participants was established based on the inclusion criteria. The university students were students at a private higher education institution, located in the interior of the state of São Paulo. For data collection, the following instruments were used, namely, Sociodemographic Data Sheet, Social Support Perception Scale (EPSUS-A), Academic Adaptation to Higher Education Questionnaire (QAES) and Higher Education Dropout Reasons Scale (M-ES). Data were analyzed using descriptive and inferential statistics. Regarding the results of the first study, of the 18 articles analyzed, the highest frequencies were cross-sectional studies, published between 2016 and 2019, in journals in the areas of Psychology and Education. It was found that academic experiences, career adaptability, satisfaction with the institution and self-efficacy are the constructs most associated with university dropout. Questionnaires without previous psychometric studies were the most used instruments to measure reasons for evasion. Regarding the results of the second study, there was a satisfactory level of adaptation in the sample and differences in mean responses only in the psychotherapy variable. Of the correlations, 25 showed statistical significance, 12 with weak magnitudes and 13 with moderate magnitudes, with negative and positive correlations between academic adaptation and reasons for dropping out, and positive correlations between academic adaptation and perception of social support. Regarding predictions, the affectivity variable best predicts career adaptation and social adaptation, while social interactions predict adaptation to a greater extent with regard to studies and the institution. Emotional personal adaptation was best explained by dropout reasons related to academic performance. Regarding the results of the third study, with regard to QAES, a decrease in satisfaction with the choice of course and the confidence that it was the best option for the professional future was noticed over time; the organization of the study routine, the concentration to learn and the systematization of information; and a decrease in student satisfaction with the university, with the intellectual environment, with professors and with support to resolve bureaucratic issues. Regarding EPSUS-A, analyzes suggested an increase in the perception of support over this period. As for M-ES, no statistically significant differences in mean responses were found over the time periods evaluated, indicating that over the course of a year and a half, it was not possible to notice a significant increase or decrease in reasons for dropping out of the course, in this sample. It is concluded that the objectives proposed for this doctoral thesis were achieved and it is expected that the results and discussions presented here will promote advances in the literature in the area and serve as a basis for future research.