A avaliação da aprendizagem e o seu papel na formação inicial de professores: representações docentes

Abstract

Este trabalho aborda representações docentes sobre a avaliação da aprendizagem. Na atualidade, a avaliação é vista como um dos pilares mais importantes para o planejamento e o desenvolvimento no e do campo educacional. A avaliação feita em sala de aula envolve complexos e dissimulados processos de significação e ressiginificação das realidades sociais, os professores não avaliam apenas as aprendizagens dos alunos: eles observam e ponderam sobre a postura corporal, a linguagem, as vestimentas e relacionam esses aspectos com representações de bons e maus alunos que eles detêm. Logo, estudar as representações de professores auxilia na compreensão da própria organização das instituições de ensino, pois são essas imagens sobre quem são os estudantes, o que é avaliar e como avaliar os alunos, que estruturam o dia a dia das atividades pedagógicas. Nesse sentido, apropriou-se na dissertação conceitos como o de campo, habitus, capital cultural e violência simbólica de Pierre Bourdieu e de representações sociais, apropriações e práticas sociais de Roger Chartier. Com isso, o objetivo do trabalho foi a realização de um mapeamento das representações sobre a avaliação da aprendizagem de professores de três Licenciaturas: Ciências Biológicas, História e Letras, de uma Universidade Pública do Oeste Paulista. A metodologia empregada para o cumprimento da proposta inicial foi a qualitativa, já que o trabalho aborda e analisa fenômenos sociais, isto é, o modo como os professores interpretam a avaliação em cursos de formação de professores. Como instrumentos de coleta de dados, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas e análise documental de Projetos Político-Pedagógicos dos três cursos de Licenciatura mencionados. Entre os resultados constatados, cita-se que: as representações dos professores sobre a avaliação da aprendizagem não estão alinhadas a uma única tendência teórica, mas expressam uma mescla de variadas vertentes pedagógicas; há, para alguns professores, uma dificuldade em diferenciar a avaliação dos instrumentos avaliativos, o que pode condicionar o trabalho pedagógico a um conjunto gradativo de atividades somativas; os comentários sobre a avaliação feitos pelos professores denotaram que ela costuma estar alinhada – direta ou indiretamente – à observação das atitudes dos estudantes e ao desejo dos professores em prepará-los para carreira, não apenas em relação aos conhecimentos, mas, também, na transformação de alunos em professores que, em seu habitus e capital cultural, possam ser legitimados diante da classe profissional almejada.

A discussion about teachers representation on learning assessment. Currently, evaluation has been seen as one of the most important pillars for planning and developing the educational field. The assessments made in the classroom involves complex and hidden processes of signification and re-signification of social realities; teachers do not only evaluate the students’ learning: they observe and ponder about body posture, language, clothing and relate these aspects to the representations of good and bad students. Therefore, studying their representations helps to understand the organization of educational institutions itself, because what structures pedagogical daily activities are these images about who the students are. In this sense, Pierre Bourdieu’s concepts of field, habitus, cultural capital and symbolic violence, and Roger Chartier’s social representations, appropriations and social practices were used in the dissertation. Thus, the aim of this work was to map the representations of the teachers’ learning assessment from three licentiate degree courses: Biological Sciences, History and Languages, in a Public University in the West of São Paulo state, Brazil. Qualitative methodology was used to fulfill the initial proposal, since the work addresses and analyzes social phenomena, i.e., the way teachers interpret the assessment in teacher licentiate degree courses. As instruments of data collection, semi-structured interviews and documentary analysis of Political-Pedagogical Projects of the three courses mentioned were used. Among the results found, it is mentioned that: the representations of teachers about the assessment of learning are not aligned with a single theoretical trend, but express a mixture of varied pedagogical aspects; there is, for some teachers, a difficulty in differentiating the assessment from the evaluation instruments, which can condition the pedagogical work to a gradual set of summative activities; the comments on the evaluation made by the teachers showed that it is usually aligned, directly or indirectly, with the observation of students attitudes and with the teachers desire to prepare them for careers, not only in relation to knowledge, but also in the transformation from students to teachers, who, in their habitus and cultural capital, may be legitimized before the professional class desired.