Identidade goiana e o mito do atraso na obra de Hugo de Carvalho Ramos

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2023-03-03

Orientador

Wimmer, Norma

Coorientador

Pós-graduação

Letras - IBILCE 33004153015P2

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Tese de doutorado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Resumo (português)

O presente trabalho propõe uma reflexão acerca da obra Tropas e Boiadas (1917), de Hugo de Carvalho Ramos e sua inserção no regionalismo. Partindo de pesquisa histórica realizada ao longo da dissertação de mestrado, quando se rastreou os viajantes e comerciantes que frequentavam o Caminho do Anhanguera, o atual trabalho procurou identificar elementos históricos na narrativa do escritor goiano, utilizando as noções de contrabando cultural em regiões de fronteira e reinterpretações acerca da definição de regionalismo, respaldadas por autores como Lea Masina, Ricardo Kaliman e Paulo Sérgio Nolasco. Nas investigações que buscaram compreender a influência de mão dupla entre a memória individual do escritor e a coletiva de sua sociedade, identifica-se uma cadeia vetorial de produção, definida da seguinte forma: Nostalgia – Memória – Fruição – Escrita. Mais adiante, ao se debruçar nos procedimentos criativos do autor da obra, nota-se uma relação entre as questões de identidade individual e coletiva que se desenvolveram em torno de uma disputa histórica entre as noções de atraso e progresso, tradicionalmente imbricadas nas visões de administradores, historiadores, escritores e diferentes indivíduos nascidos em Goiás. O ano de publicação do livro Tropas e Boiadas, 1917, se insere em um contexto de disputas de narrativas sobre o papel que deveria exercer o estado esmeraldino na construção de uma integração nacional. Assim notou-se que Victor de Carvalho Ramos, o irmão do jovem autor, trabalhou para alcançar uma inclusão compulsória dos textos carvalhianos no rol das produções regionalistas, após seu trágico suicídio. Por outro lado, a presente análise entende que ao se dimensionar um paralelo entre a obra de Hugo de Carvalho Ramos e outras produções tradicionalmente consideradas pela crítica como regionalistas, percebe-se um diferencial que permite algumas ressalvas ao regionalismo dos textos do autor estudado. Ao contrário de outros escritores que partem do elemento geográfico para alcançar os aspectos humanos, o contista goiano prefere percorrer o caminho inverso. Mesmo quando realiza precisas descrições e exalta a paisagem, foca em aprofundar o leitor nas personagens e propor reflexões que provocam fruições sobre pontos universais. Portanto a preocupação premeditada com o enaltecimento da paisagem regional e, consequentemente, um comprometimento pensado com o regionalismo, não pode ser visto de maneira tão assertiva no livro analisado. Ao final, realiza-se uma breve comparação com outras produções, a fim de atestar as especificidades apontadas.

Resumo (inglês)

This thesis proposes a reflection on the book Tropas e Boiadas (1917), by Hugo de Carvalho Ramos, and its insertion in regionalism. Based on the historical research carried out in the Master's dissertation, which tracked down the travelers and merchants who frequented the Caminho do Anhanguera, the present work aimed to identify historical elements in the narrative of the writer from the state of Goiás. For that, we use the notions of cultural smuggling in frontier regions and reinterpretations of the definition of regionalism, supported by authors such as Léa Masina (1995, 2002), Ricardo Kaliman (1994) and Paulo Sérgio Nolasco Santos (2008, 2009). In the investigations that sought to understand the two-way influence between the writer’s individual memory and the collective memory of his society, a vector production chain is identified as follows: Nostalgia - Memory - Fruition - Writing. Further on, when looking at the author’s creative procedures, one notices a relationship between individual and collective identity issues that developed around a historical dispute between the notions of backwardness and progress, traditionally imbricated in the visions of administrators, historians, writers and different individuals born in Goiás. 1917, the year of publication of the book Tropas e Boiadas, is inserted in a context of disputes of narratives on the role that the state of Goiás should play in the construction of national integration. Thus, it was noted that Victor de Carvalho Ramos, the young author’s brother, worked to achieve a compulsory inclusion of his sibling’s texts in the list of regionalist productions, after his tragic suicide. On the other hand, the analysis understands that when drawing a parallel between the work of Hugo de Carvalho Ramos and other productions traditionally considered by critics as regionalist, a differential is perceived that allows some reservations to the regionalism in the author’s texts. Unlike other writers who start from the geographical element to reach human aspects, such storyteller prefers to take the opposite path. Even when he makes precise descriptions and exalts the landscape, he focuses on forcing the reader to understand the characters and proposes reflections that brings fruition on universal points. Therefore, the premeditated concern with the exaltation of the regional landscape and, consequently, a thoughtful commitment to regionalism, cannot be seen so assertively in the book. Finally, a brief comparison with other productions is made in order to attest the specificities pointed out.

Descrição

Idioma

Português

Como citar

SANCHES, Thiago. Identidade goiana e o mito do atraso na obra de Hugo de Carvalho Ramos. (Doutorado em Letras). 2023. Universidade Estadual Paulista (Unesp), Instituto de Biociências Letras e Ciências Exatas (Ibilce), São José do Rio Preto, 2023.

Itens relacionados