Efeito da retroalimentação auditiva atrasada na gagueira com e sem alteração do processamento auditivo central

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Data

2017-04-20

Orientador

Oliveira, Cristiane Moço Canhetti de

Coorientador

Pós-graduação

Fonoaudiologia - FFC

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Dissertação de mestrado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Resumo (português)

O atraso na retroalimentação auditiva tem sido utilizado na gagueira há 50 anos. No entanto, ainda não há consenso sobre qual é o perfil de indivíduos gagos que mais se beneficia com o uso deste recurso. Por que há sucessos e insucessos na utilização da retroalimentação auditiva atrasada nos indivíduos gagos? Algumas variáveis podem interferir nos resultados da retroalimentação auditiva atrasada, como a idade, o gênero, o tempo de atraso, a gravidade da gagueira, a tipologia das disfluências, entre outras. Porém, vale ressaltar que é o sistema auditivo que monitora simultaneamente e continuamente os sons externos do ambiente acústico durante a fala, além de propiciar a retroalimentação da própria voz. Acredita-se que as habilidades auditivas representam importantes variáveis que influenciam os efeitos das alterações na retroalimentação auditiva. Neste sentido, o objetivo geral deste trabalho foi verificar os efeitos da retroalimentação auditiva atrasada na fluência da fala de indivíduos gagos com e sem alteração do processamento auditivo central, por meio da análise das tipologias e frequência das disfluências, da gravidade da gagueira e da taxa de elocução. Participaram deste estudo 20 indivíduos de ambos os gêneros, na faixa etária de 7 a 17 anos, com diagnóstico de gagueira do desenvolvimento persistente, divididos em dois grupos: Grupo Pesquisa 1 (GP1), composto por dez indivíduos, com alteração do processamento auditivo central; e Grupo Pesquisa 2 (GP2), composto por dez indivíduos, sem alteração de processamento auditivo central. Os seguintes procedimentos foram utilizados: avaliação da fluência (fala espontânea) em duas condições de escuta, com retroalimentação auditiva habitual (RAH) e atrasada (RAA), avaliação da gravidade da gagueira e do processamento auditivo central. O software Fono Tools foi utilizado para provocar o atraso na retroalimentação auditiva de 100 milisegundos. Foi realizada a análise estatística dos dados com o teste dos “Postos Sinalizados de Wilcoxon”, para análise intragrupos, e o teste de “Mann-Whitney”, para análise intergrupos, para a elaboração das figuras, foi utilizado o software Prism 5.0 (Graphpad Software, Inc.). Os resultados mostraram efeitos diversos entre os indivíduos gagos com e sem alteração do processamento auditivo central. Duas tipologias de disfluências típicas da gagueira apresentaram redução estatisticamente significante sob o efeito da RAA no GP2, a saber, bloqueios (p=0,010) e repetições de palavras (p=0,042). Houve redução significativa na quantidade de disfluências de duração (bloqueio, prolongamento e pausa) (p=0,036) para os indivíduos do GP2. No Instrumento de Gravidade da Gagueira, foi possível verificar no GP2 diminuição estatisticamente significante no escore da frequência das disfluências típicas da gagueira (p=0,048). Os dois grupos não mostraram diferenças quanto à taxa de elocução e outras disfluências entre as condições de RAH e RAA. Nas variáveis analisadas, verificou-se que a retroalimentação auditiva atrasada não provocou efeitos estatisticamente significantes nos indivíduos do GP1. Como conclusão, os dados demonstraram que o efeito da retroalimentação auditiva atrasada na fala de indivíduos gagos sem alteração do processamento auditivo central (Grupo Pesquisa 2) foi positivo, uma vez que provocou redução estatisticamente significante: na quantidade de bloqueios e de repetições de palavras; na frequência das disfluências típicas da gagueira de duração; e no escore da frequência das disfluências típicas da gagueira, no Instrumento de Gravidade da Gagueira. Os efeitos do atraso na retroalimentação auditiva foram diversos entre os indivíduos gagos com e sem alteração do processamento auditivo central, sugerindo que o fonoaudiólogo deveria avaliar as habilidades auditivas para realizar a indicação do uso da retroalimentação auditiva atrasada na gagueira. Os resultados sugerem que o atraso na retroalimentação auditiva para os indivíduos gagos sem alteração do processamento auditivo central seja um recurso terapêutico viável.

Resumo (inglês)

Delayed auditory feedback has been used in stuttering for 50 years. However, there is still no consensus on the profile of people who stutter who most benefit from using this feature. Why are there successes and failures in using delayed auditory feedback in people who stutter? Some variables may interfere with delayed auditory feedback, such as age, gender, delay time, stuttering severity, typology of disfluencies, among others. However, it should be emphasized that the auditory system simultaneously and continuously monitors external sounds of acoustic environment during speech, in addition to providing feedback of the voice itself. It is believed that auditory abilities represent important variables that influence the effects of changes in auditory feedback. In this sense, the general objective of this study was to verify the effects of delayed auditory feedback on speech fluency of stutterers with and without central auditory processing disorders, by analyzing typologies and frequency of disfluencies, stuttering severity and speech rate. Participated of these study 20 individuals of both genders, aged 7 to 17 years, with diagnosis of developmental persistent stuttering, divided into two groups: Research Group 1 (RG1) composed of ten individuals, with central auditory processing disorder; and Research Group 2 (RG2), composed of ten subjects, without central auditory processing disorders. The following procedures were used: assessment of fluency (spontaneous speech) in two listening conditions, with habitual auditory feedback (HAF) and delayed (DAF), assessment of stuttering severity and central auditory processing. The Fono Tools software was used to cause a 100 millisecond delay in auditory feedback. Statistical analysis of the data was carried out using the Wilcoxon Signal Post test for intragroup analysis and the Mann-Whitney test for intergroup analysis, Prism 5.0 software (Graphpad Software, Inc.) was used for the elaboration of the figures. The results showed several effects among stutterers with and without central auditory processing disorders. Two typologies of stuttering-like disfluencies presented a significant reduction under the effect of RAA on GP2, blocks (p = 0.010) and word repetitions (p = 0.042). There was a significant reduction in amount of disfluencies’ duration (block, extension and pause) (p = 0.036) for RG2 individuals. In Stuttering Severity Instrument, it was possible to verify in RG2 a statistically significant decrease in frequency of stuttering-like disfluencies (p = 0.048). In both groups, there was no differences in speech rate and other disfluencies between HAF and DAF conditions. In the analyzed variables, it was verified that delayed auditory feedback did not provoke statistically significant effects in RG1 subjects. As conclusion, the data showed that the effect of delayed auditory feedback on speech of stutterers without central auditory processing disorders (Research Group 2) was positive, once it led to a significant reduction in: number of blocks and word repetitions; frequency of stuttering-like disfluencies of duration; and in score of stuttering-like dysfluency frequency in Stuttering Severity Instrument. The effects of delayed auditory feedback were different among stutterers with and without central auditory processing disorders, suggesting that speech therapist should evaluate auditory abilities to indicate the use of delayed auditory feedback in stuttering. The results suggest that delayed auditory feedback for people who stutter without central auditory processing disorders is a viable therapeutic resource.

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Português

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