Mapeando o mundo: a cartografia de André Homem (1559) e a prática de mapas mundi no século XVI.

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Data

2024-06-25

Orientador

Moura, Denise Aparecida Soares de

Coorientador

Pós-graduação

História - FCHS

Curso de graduação

Título da Revista

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Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Dissertação de mestrado

Direito de acesso

Acesso restrito

Resumo

Resumo (português)

O planisfério assinado na Antuérpia em 1559 pelo cartógrafo português André Homem não foi alvo de estudo aprofundado até este trabalho. As poucas informações tanto sobre seu contexto de produção, quanto de seu produtor demonstraram que as políticas de contestação, principalmente francesas no Atlântico que buscavam quebrar o monopólio ibérico de comércio, foram o pano de fundo de sua produção. Através da correspondência de embaixadores que atuaram ativa e estrategicamente nas dinâmicas de inteligência para defender o interesse de suas cortes, André Homem surge como um dos agentes técnicos ligados à ciência náutica altamente cobiçados pelas cortes, como figura multifacetada de acordo com as necessidades individuais. Sua passagem na Antuérpia segue como uma incógnita que ratifica a necessidade de averiguar com atenção as contribuições da comunidade de judeus e cristãos novos para a ciência náutica portuguesa no século XVI. O planisfério nesse sentido, é produto direto das técnicas de adaptação que os pilotos portugueses do Mediterrâneo ao Atlântico, possuindo sua base de construção nas cartas náuticas utilizadas para navegação, tendo no século XVI a união com a tradição cartográfica terrestre e também erudita dos mapas mundi medievais, resultando nos planisférios e atlas ornamentados destinados a presentear figuras ligadas ao contexto expansionista em questão. Para entender em que medida essa prática de mapas mundi se manifestou no período, o planisfério de André foi, por fim, cotejado com os produtos de seus familiares e também com outros produzidos no período, constatando a base de produção não só nas cartas náuticas, enfatizada pela presença de tábuas de declinação solar no próprio planisfério, mas também que compartilhava um modelo próprio familiar, aliado à cartografia normanda, de contestação dos mares. O contexto de produção do planisfério de 1559 demonstrou, portanto, a complexidade das dinâmicas entre as cortes europeias e como estas modificaram a visualidade, principalmente do oceano Atlântico, na medida em que influenciaram os produtos cartográficos dos agentes envolvidos, de modo que utilizaram sua técnica como base para a construção de mapas que representavam o mundo.

Resumo (inglês)

The planisphere signed in Antwerp in 1559 by the Portuguese cartographer André Homem has not been the subject of in-depth study until this work. The limited information available about both its production context and its producer has demonstrated that the background to its production was the policies of contestation, particularly French ones in the Atlantic that sought to break the Iberian trade monopoly. Through the correspondence of ambassadors who actively and strategically engaged in intelligence dynamics to defend the interests of their courts, André Homem emerges as one of the highly coveted technical agents linked to nautical science by the courts, as a multifaceted figure according to individual needs. His time in Antwerp remains an enigma that reaffirms the need to carefully investigate the contributions of the community of Jews and New Christians to Portuguese nautical science in the 16th century. In this sense, the planisphere is a direct product of the adaptation techniques that Portuguese pilots used to transition from the Mediterranean to the Atlantic, having its construction base in the nautical charts used for navigation. In the 16th century, these techniques were combined with the terrestrial cartographic tradition and the erudite medieval world maps, resulting in the ornate planispheres and atlases intended as gifts for figures linked to the expansionist context in question. To understand the extent to which this practice of world maps manifested itself in the period, André's planisphere was finally compared with the products of his relatives and also with others produced in the period, confirming that the production base was not only in the nautical charts, emphasized by the presence of solar declination tables in the planisphere itself, but also that it shared a unique family model, allied to Norman cartography, of contesting the seas. The production context of the 1559 planisphere thus demonstrated the complexity of the dynamics between the European courts and how these modified the visualization, mainly of the Atlantic Ocean, insofar as they influenced the cartographic products of the agents involved, so that they used their technique as a basis for the construction of maps that represented the world.

Resumo (francês)

Le planisphère d'André Homem, signé à Anvers en 1559, n'a fait l'objet d'études approfondies qu'à partir de cette recherche. Les rares informations disponibles sur son contexte de production et sur son auteur indiquent que les politiques de contestation du monopole commercial ibérique dans l'Atlantique, menées principalement par la France, ont constitué le contexte de sa création. D'après la correspondance des ambassadeurs qui jouaient un rôle actif et stratégique dans les dynamiques de renseignement pour défendre les intérêts de leurs cours, André Homem se révèle être l'un des agents techniques liés à la science nautique les plus convoités par les cours européennes, assumant un rôle multiforme en fonction des besoins individuels. Son séjour à Anvers reste une énigme, ce qui renforce la nécessité d'examiner attentivement les contributions de la communauté des juifs et des nouveaux chrétiens à la science nautique portugaise au XVIe siècle. Le planisphère, en ce sens, est le produit direct des techniques d'adaptation que les pilotes portugais ont développées en passant de la Méditerranée à l'Atlantique. Sa base de construction réside dans les cartes nautiques utilisées pour la navigation, qui, au XVIe siècle, se sont unies à la tradition cartographique terrestre et érudite des mappemondes médiévaux, donnant naissance aux planisphères et aux atlas ornés destinés à être offerts aux personnalités liées au contexte expansionniste de l'époque. Afin de comprendre dans quelle mesure cette pratique des mappemondes s'est manifestée au cours de la période, le planisphère d'André Homem a été comparé aux produits de ses proches et à d'autres exemplaires produits à la même époque. Cette comparaison a permis de constater que la base de production reposait non seulement sur les cartes nautiques, comme en témoigne la présence de tables de déclinaison solaire sur le planisphère lui-même, mais aussi qu'il partageait un modèle familial propre, allié à la cartographie normande, de contestation des mers. Le contexte de production du planisphère de 1559 a donc démontré la complexité des dynamiques entre les cours européennes et la manière dont celles-ci ont modifié la représentation visuelle, notamment de l'océan Atlantique, en influençant les produits cartographiques des acteurs impliqués. Ces derniers ont utilisé leur technique comme base pour la construction de cartes représentant le monde.

Descrição

Idioma

Português

Como citar

CAMARGO, Aline dos Santos Franco de. Mapeando o mundo: a cartografia de André Homem (1559) e a prática de mapas mundi no século XVI. Orientadora: Denise Aparecida Soares de Moura. 2024. 205 f. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2024.

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