Armas, capital e dependência: um estudo sobre a militarização na América do Sul
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Data
2018-05-02
Autores
Orientador
Saint-Pierre, Héctor Luís
Coorientador
Pós-graduação
Relações Internacionais (UNESP - UNICAMP - PUC-SP) - FFC
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Tese de doutorado
Direito de acesso
Acesso aberto
Resumo
Resumo (português)
Como os países sul-americanos financiam suas atividades militares? A militarização, aqui compreendida como o acúmulo das capacidades de coerção, é uma atividade que demanda a provisão de volumosos recursos por períodos relativamente longos. A despeito desta necessidade, os investimentos militares na América do Sul são realizados de forma cíclica. O caráter errático da disponibilidade de recursos financeiros representa um dos principais obstáculos à sustentabilidade dos projetos de Defesa. Nesta pesquisa, argumentaremos que o caráter cíclico da militarização na América do Sul é tributário de especificidades nos processos de formação econômica e estatal dos países que a compõem. A forma econômica exportadora de commodities e os impedimentos políticos ao avanço da extração fiscal renderam as finanças estatais dependentes de financiamento externo via endividamento ou exportações de commodities. Esses traços, emersos dos processos formação econômica e estatal de outrora, mostram-se resilientes e ainda influentes no período contemporâneo. Neste predicamento, a militarização, em essência, é um problema de receita: o acúmulo das capacidades de coerção se relacionará a momentos de disponibilidade de crédito externo e/ou apreciação nos preços das commodities. Esta hipótese é submetida a escrutínio em um estudo de caso sobre os gastos militares venezuelanos entre 1970 e 2013 e em um estudo sobre os determinantes da produção de armamentos na América do Sul entre 1960 e 2015. Nossas conclusões evidenciam o papel do endividamento externo e das receitas das exportações de commodities no financiamento militarização sul-americana, e jogam luz sobre os efeitos deletérios da reprimarização econômica sobre a produção doméstica de armamentos.
Resumo (inglês)
How do South American countries fund their militaries? Militarization, understood here as the accumulation of coercive capacities, is an activity that demands the provision of large resources for relatively long periods. Despite this necessity, military investments in South America are carried out cyclically and episodically. The erratic nature of military spending is one of the main obstacles to national defense strategies. In this research, we argue that the cyclical character of militarization in South American countries is a result of certain specificities regarding their economic and state formation processes. The commodity-exporting economies and the political impediments to fiscal extraction yielded the state finances dependent on external financing sources, namely external borrowing, and commodity export revenues. These traits are fairly resilient and still influential to this day. In this predicament, militarization constitutes a revenue problem: the accumulation of coercive capacities will occur when external credit is available and/or commodity prices ascend. This hypothesis is subject to scrutiny in a case study on Venezuela’s military expenditures between 1970 and 2013 and in a study on the determinants of arms production in South America between 1960 and 2015. Our findings highlight the role of external indebtedness and revenues from commodity exports in financing South American militarization and shed light on the deleterious effects of economic reprimarization on domestic arms production.
Resumo (espanhol)
¿Cómo los países sudamericanos financian sus actividades militares? La militarización, aquí comprendida como la acumulación de las capacidades de coerción, es una actividad que demanda la provisión de voluminosos recursos por períodos relativamente largos. A pesar de esta necesidad, las inversiones militares en América del Sur se realizan de forma cíclica y episódica. El carácter errático de la disponibilidad de recursos financieros representa uno de los principales obstáculos a las estrategias nacionales de Defensa. En esta investigación, argumentaremos que el carácter cíclico de la militarización en América del Sur es tributario de las especificidades de los procesos de formación económica y estatal de los países que la componen. La forma económica exportadora de commodities y los impedimentos políticos al avance de la extracción fiscal rindieron las finanzas estatales dependientes de financiamiento externo vía endeudamiento o exportaciones de commodities. Estos rasgos, resultantes de los procesos de formación económica y estatal de antaño, se muestran resilientes e influyentes en el período contemporáneo. En este predicamento, la militarización, en esencia, es un problema de ingresos: la acumulación de las capacidades de coerción se relacionará a momentos de disponibilidad de crédito externo y/o apreciación de las commodities. Esta hipótesis es sometida a escrutinio en un estudio de caso sobre los gastos militares venezolanos entre 1970 y 2013, y en un estudio sobre los determinantes de la producción de armamentos en América del Sur entre 1960 y 2015. Nuestras conclusiones evidencian el papel del endeudamiento externo y de los ingresos de las exportaciones de commodities en el financiamiento militarización sudamericana, y arrojan luz sobre los efectos deletéreos de la reprimarización económica sobre la producción doméstica de armamentos.
Descrição
Idioma
Português