Interação entre comportamento e fisiologia em morcegos frugívoros

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Data

2024-09-10

Orientador

Cruz-Neto, Ariovaldo P.

Coorientador

Batisteli, Augusto Florisvaldo

Pós-graduação

Ecologia, Evolução e Biodiversidade - IB

Curso de graduação

Título da Revista

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Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Tese de doutorado

Direito de acesso

Acesso restrito

Resumo

Resumo (português)

A perda e fragmentação de habitat, resultantes de mudanças no uso e cobertura da terra por ações humanas, estão entre as principais causas da perda de biodiversidade em todo o mundo. Os morcegos frugívoros, sendo importantes dispersores de sementes, podem ser particularmente afetados por essas mudanças ambientais, inclusive quanto a seu comportamento, fisiologia e sua relação com patógenos. A personalidade reflete a estabilidade nas respostas comportamentais individuais ao longo do tempo (ou seja, o padrão de repetibilidade), e diferentes traços de personalidade podem estar associados, formando síndromes comportamentais. No entanto, poucos estudos analisaram a existência de traços de personalidade e síndromes comportamentais em morcegos frugívoros, o impacto da perda de habitat e a infecção viral. Neste contexto, esta tese aborda três assuntos principais, estruturada em três capítulos: (1) a existência de personalidade e síndromes comportamentais em morcegos frugívoros, (2) os efeitos da perda de habitat no comportamento e fisiologia desses morcegos, e (3) a influência da degradação do habitat e do comportamento na ocorrência de vírus em morcegos. O primeiro capítulo destacou a presença de padrão de alta repetibilidade individual em comportamentos de docilidade, atividade e ousadia em Artibeus lituratus e Carollia perspicillata, mas com síndromes comportamentais diferentes para cada espécie. Em C. perspicillata, os três comportamentos estavam correlacionados, enquanto em A. lituratus, apenas docilidade e ousadia estavam correlacionadas. Esses resultados sugerem variações nas pressões seletivas específicas de cada espécie. O segundo capítulo investigou os efeitos da perda de habitat no comportamento de docilidade e na fisiologia dos morcegos, utilizando a região Cantareira-Mantiqueira como área de estudo. Os resultados mostraram que a cobertura florestal influencia significativamente os níveis de estresse fisiológico, indicados pelo proxy da análise de células brancas feitos através da razão neutrófilo/linfócito, e a condição corporal dos morcegos. Maior cobertura florestal foi associada a menores níveis de estresse fisiológico, indicados pela razão neutrófilo/linfócito. Também houve uma relação positiva entre a razão neutrófilo/linfócito e a docilidade. No entanto não houve uma relação direta significativa entre a cobertura florestal e o comportamento de docilidade. Isso sugere que a influência do ambiente sobre o comportamento pode ser mediada por efeitos fisiológicos, como o estresse. O terceiro capítulo analisou a influência da perda de habitat e da docilidade na ocorrência de vírus da família Coronaviridae em morcegos na Mata Atlântica, com amostras coletadas da saliva e de material retal para detecção viral. Foi observado que a ocorrência de vírus aumenta com a porcentagem de cobertura florestal e com a docilidade dos morcegos. Áreas com maior cobertura florestal podem suportar populações mais densas de morcegos, facilitando a transmissão viral, enquanto morcegos mais dóceis são mais propensos a infecções devido ao aumento das interações sociais. Esses achados ressaltam a importância de integrar análises comportamentais, ecológicas e imunológicas nas estratégias de conservação e monitoramento de zoonoses, contribuindo para a compreensão dos impactos das mudanças ambientais na biodiversidade e na saúde dos ecossistemas. A compreensão detalhada dos comportamentos individuais e suas correlações com o ambiente e a fisiologia é essencial para entender melhor as respostas dos morcegos às mudanças ambientais e os potenciais riscos de zoonoses.

Resumo (inglês)

Habitat loss and fragmentation, resulting from changes in land use and cover due to human activities, are among the main causes of biodiversity loss worldwide. Frugivorous bats, being important seed dispersers, can be particularly affected by these environmental changes, impacting their behavior, physiology, and their relationship with pathogens. Personality reflects the stability of individual behavioral responses over time (i.e., the pattern of repeatability), and different personality traits can be associated, forming behavioral syndromes. However, few studies have examined the existence of personality traits and behavioral syndromes in frugivorous bats, the impact of habitat loss, and viral infection. In this context, this thesis addresses three main topics, structured into three chapters: (1) the existence of personality and behavioral syndromes in frugivorous bats, (2) the effects of habitat loss on the behavior and physiology of these bats, and (3) the influence of habitat degradation and behavior on the occurrence of viruses in bats. The first chapter highlighted the presence of a pattern of high individual repeatability in docility, activity, and boldness behaviors in Artibeus lituratus and Carollia perspicillata, but with different behavioral syndromes for each species. In C. perspicillata, the three behaviors were correlated, whereas in A. lituratus, only docility and boldness were correlated. These results suggest variations in species-specific selective pressures. The second chapter investigated the effects of habitat loss on docility behavior and bat physiology, using the Cantareira-Mantiqueira region as the study area. The results showed that forest cover significantly influences stress levels, indicated by the proxy of white cell analysis through the neutrophil/lymphocyte ratio, and the bats' body condition. Greater forest cover was associated with lower physiological stress levels, indicated by the neutrophil/lymphocyte ratio. There was also a positive relationship between the neutrophil/lymphocyte ratio and docility. However, there was no direct significant relationship between forest cover and docility behavior. This suggests that the influence of the environment on behavior may be mediated by physiological effects, such as stress. The third chapter analyzed the influence of habitat loss and docility on the occurrence of viruses from the Coronaviridae family in bats in the Atlantic Forest, with samples collected from saliva and rectal swabs for viral detection. It was observed that the occurrence of viruses increases with the percentage of forest cover and with the bats' docility. Areas with greater forest cover may support denser bat populations, facilitating viral transmission, while more docile bats are more prone to infections due to increased social interactions. These findings emphasize the importance of integrating behavioral, ecological, and immunological analyses into conservation strategies and zoonosis monitoring, contributing to the understanding of the impacts of environmental changes on biodiversity and ecosystem health. A detailed understanding of individual behaviors and their correlations with the environment and physiology is essential for better understanding the responses of bats to environmental changes and the potential risks of zoonoses.

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Português

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