Mistura de agrotóxicos pode prejudicar a saúde, comportamento e reprodução de abelhas solitárias nativas?

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Data

2024-09-19

Orientador

Malaspina, Osmar

Coorientador

Silva-Zacarin, Elaine Cristina Mathias da

Pós-graduação

Ciências Biológicas (Biologia Celular, Molecular e Microbiologia) - IB

Curso de graduação

Título da Revista

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Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Tese de doutorado

Direito de acesso

Acesso restrito

Resumo

Resumo (português)

O uso de agrotóxicos se destaca entre um dos fatores que intensificam o declínio mundial de populações de abelhas. Dentre as espécies de abelhas descritas no mundo, mais de 70% possuem hábitos solitários. Contudo, a regulamentação de agrotóxicos e maior parte dos estudos são realizados em laboratório e tem como foco a abelha social Apis mellifera. Sabendo-se que a sensibilidade e rotas de exposição aos agrotóxicos de abelhas solitárias diferem da espécie modelo A. mellifera, essas diferenças precisam ser levadas em consideração para conservação de espécies nativas. Contudo, os efeitos dos agrotóxicos em espécies solitárias brasileiras não são conhecidos pela falta de metodologias existentes para manejo das espécies e realização dos testes. Dessa forma, esse trabalho objetivou avaliar os efeitos da exposição aos agrotóxicos em uma espécie de abelha solitária neotropical, Centris analis, e na abelha solitária europeia Osmia bicornis. Para isso, foi desenvolvido um método de manutenção de adultos de C. analis em condições laboratoriais e em condições de semi-campo. Em condições laboratoriais, a caracterização da sensibilidade aos agrotóxicos de machos e fêmeas de C. analis foi realizada pela exposição oral ao inseticida de referência dimetoato. Após a padronização da metodologia, adultos de C. analis foram expostas oralmente por 48 horas ao inseticida acetamiprido (7 ng/µL) e ao fungicida azoxistrobina (10 ng/µL), isolados e combinados, para avaliação de efeitos letais e subletais por parâmetros histológicos e comportamentais. Em O. bicornis, a sensibilidade de machos e fêmeas foi comparada pela exposição oral aguda ao flupiradifurona. Em seguida, avaliou-se o efeito da combinação da exposição oral crônica ao flupiradifurona e infecção ao patógeno Vairimorpha (Nosema) ceranae em O. bicornis. Nos ensaios com C. analis observou-se que machos e fêmeas se adaptaram as metodologias laboratoriais e de semi-campo, sobrevivendo por mais de 30 dias nessas condições. A comparação da dose letal média do dimetoato obtida para C. analis com a reportada na literatura para Apis mellifera, mostrou que C. analis pode ser mais sensível à exposição aos agrotóxicos. Ademais, nos testes de exposição oral ao dimetoato e nos ensaios com acetamiprido foram observadas diferenças de sensibilidade entre machos e fêmeas, sendo que machos de C. analis foram mais sensíveis que fêmeas. Mesmo em uma concentração considerada subletal, o inseticida acetamiprido reduziu a sobrevivência, promoveu danos histológicos no intestino e corpo gorduroso e reduziu a mobilidade das abelhas. Em O. bicornis, fêmeas foram mais sensíveis ao flupiradifurona que machos. O ensaio de combinação de agrotóxico com patógenos revelou que essa combinação pode apresentar um grande risco às populações de abelhas solitárias devido ao seu efeito letal. Portanto, os experimentos em condições controladas mostraram a viabilidade do uso de C. analis em estudos ecotoxicológicos. Os resultados da exposição aos agrotóxicos evidenciaram que essas substâncias podem prejudicar a saúde, comportamento e reprodução de abelhas solitárias. Assim, futuros estudos devem ser desenvolvidos em regiões neotropicais para entender esses efeitos nas populações naturais e em combinação com outros estressores, como patógenos e mudanças climáticas.

Resumo (inglês)

The use of pesticides is a significant factor in the global decline of bee populations. Among the bee species described worldwide, more than 70% have solitary habits. However, pesticide regulations and most studies focus on the social bee Apis mellifera and are conducted in laboratories. Knowing that the sensitivity and exposure routes to pesticides of solitary bees differ from the model species A. mellifera, these differences must be considered for the conservation of native species. However, the effects of pesticides on solitary Brazilian species are not well known due to a lack of suitable methodologies for managing these species and conducting tests. Therefore, this work aimed to evaluate the effects of pesticide exposure on the Neotropical solitary bee Centris analis, and the European solitary bee Osmia bicornis. For this, a method was developed to maintain C. analis bees in laboratory and semi-field conditions. Under laboratory conditions, the sensitivity of male and female C. analis to pesticides was characterized through oral exposure to the reference insecticide dimethoate. After standardizing the methodology, adult C. analis were orally exposed for 48 hours to the insecticide acetamiprid (7 ng/µL) and the fungicide azoxystrobin (10 ng/µL), both individually and combined, to evaluate lethal and sublethal effects using histological and behavioral parameters. In O. bicornis, the sensitivity of males and females was compared through acute oral exposure to flupyradifurone. Additionally, the effect of the pesticide-pathogen combination was assessed through chronic oral exposure to flupyradifurone and infection with Vairimorpha (Nosema) ceranae on the European species. The tests with C. analis showed that males and females adapted to laboratory and semi-field methodologies, surviving for more than 30 days under these conditions. Comparing the median lethal dose (LD50) of dimethoate for C. analis with the LD50 reported in the literature for A. mellifera indicated that C. analis might be more sensitive to pesticide exposure. Moreover, we noticed differences in dimethoate and acetamiprid sensitivity between males and females, with C. analis males being more sensitive than females. Even at a concentration considered sublethal, the insecticide acetamiprid reduced survival, caused histological damage to the midgut and fat body, and reduced bee mobility. In O. bicornis, females were more sensitive to flupyradifurone than males. The pesticide-pathogen combination assay revealed that this combination could pose a significant risk to solitary bee populations due to its lethal effect. Therefore, experiments under controlled conditions demonstrated the feasibility of using C. analis in ecotoxicological studies. The results of pesticide exposure showed that these substances could harm the health, behavior, and reproduction of solitary bees. Future studies should be conducted in neotropical regions to understand these effects on natural populations and in combination with other stressors, such as pathogens and climate change.

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Inglês

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