Representação no cinema da luta feminista por direitos: análise bakhtiniana de Revolução em Dagenham, As Sufragistas e Mulheres Divinas.

Abstract

Sendo o objeto artístico uma representação dos valores do mundo apresentados a partir do lugar axiológico do autor que os vivencia, temos na obra de arte o reflexo e a refração das ideologias que constituem a sociedade e os sujeitos. No mundo contemporâneo, o cinema se tornou uma indústria bilionária, que produz enunciados artísticos que representam as mais diversas vozes sociais e ideologias: tanto a hegemonia, vinda da superestrutura, quanto a subversiva vinda da base. Esta dissertação visa analisar como enunciados fílmicos de cunho feminista (mesmo que menos populares por conta de seu caráter revolucionário) representam mulheres em uma jornada de engajamento político, se tornando participantes ativas de lutas pelos direitos das mulheres, em jornadas emancipatórias, e suas valorações dentro de seus respectivos mundos. As obras escolhidas para o corpus são Revolução em Dagenham (2010), As Sufragistas (2015) e Mulheres divinas (2017). A análise dialética-dialógica (PAULA; FIGUEIREDO, 2011) será embasada nos estudos do Círculo de Bakhtin, principalmente nos conceitos de enunciado, dialogia, signo ideológico, e forças centrípetas e centrífugas, e considerará os filmes como enunciados verbivocovisuais (PAULA, 2017), em diálogo com outros enunciados e com o mundo. Os estudos de Beauvoir (2019a e 2019b) e Saffioti (1987 e 2015) serão usados como fundamentação para aspectos sobre feminismo, sendo enriquecidos por Davis (2016) e hooks (2020). A partir das análises, obteve-se como resultado a compreensão mais aprofundada da urgência de apresentar na mídia a mulher políticamente engajada com valoração positiva, assim como reforçar a importância da participação de todos no movimento feminista, não somente mulheres, já que este sistema discriminatório oprime mulheres e ainda traz consequências negativas para todos, além de realçar que uma verdadeira mudança sistemática só é conquistada quando a maioria (se não todos) os sujeitos se envolvem na busca por justiça e igualdade social.

As the artistic object is a representation of the values of the world presented from the axiological place of the author who experiences them, we have in the work of art the reflection and refraction of the ideologies that constitute society and subjects. In the contemporary world, cinema has become a billion dollar industry, which produces artistic statements that represent the most diverse social voices and ideologies: both the hegemony, of the superstructure, and the subversive of the base. This dissertation aims to analyze how feminist film (even if less popular due to their revolutionary character) represent women in a journey to become politically engaged, active participants in fights for women's rights, in their emancipatory journeys, and how they are valued within their worlds. The pieces chosen for the corpus are Made in Dagenham (2010), Suffragette (2015) and The Divine Order (2017). The dialectical-dialogical (PAULA; FIGUEIREDO, 2011) analysis will be based on studies by the Bakhtin Circle, mainly on the concepts of utterance, dialogy, ideological sign, and centripetal and centrifugal forces, and will consider the films as verbivocovisual (PAULA, 2017) utterances, in dialogue with other utterances and with the world. Studies by Beauvoir (2019a and 2019b) and Saffioti (1987 and 2015) will be used as a foundation for aspects of feminism, being enriched by Davis (2016) and hooks (2020). From the analyses, the result achieved was a deeper understanding of the urgency of presenting politically engaged women in the media with positive valuation, as well as reinforcing the importance of the participation of everyone in the feminist movement, not only women, since this discriminatory system oppresses women and still has negative consequences for everyone, in addition to highlighting that true systematic change is only achieved when most (if not all) subjects get involved in the search for justice and social equality