Burnout e riscos psicossociais em líderes: indicadores e relações entre as temáticas

Abstract

As mudanças no mundo do trabalho são constantes e trazem consequências para a saúde do trabalhador. O fenômeno do burnout conceitua-se a partir de três dimensões: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho, e é amplamente reconhecido como um desafio significativo para a saúde mental dos trabalhadores. Adicionalmente, ambientes de trabalho com altos índices de fatores de risco psicossociais foram associados a baixos indicadores de saúde física e mental. Em contrapartida, a literatura aponta que boas práticas de liderança se mostraram benéficas para todo o contexto organizacional. Esta pesquisa explorou a interligação entre o burnout, os fatores de risco psicossociais no trabalho e estilos de liderança em profissionais que ocupam cargos de liderança em organizações de diferentes setores. Os dados foram coletados por intermédio de quatro instrumentos, sendo um questionário sociodemográfico, e escalas que mensuram sintomas de burnout, comportamentos de diferentes estilos de liderança e fatores de risco psicossociais no trabalho. A amostra consistiu em 43 indivíduos maiores de 18 anos, autodenominados líderes, cuja participação na pesquisa teve início após autorização por meio do TCLE. Os dados foram examinados a partir de análises descritivas e inferenciais. Em todos os contextos, os índices de despersonalização relativos ao burnout foram altos. Líderes com idade até 35 anos e que trabalhavam em organizações do contexto público se mostraram como o grupo mais afetado por indicadores de burnout. Os resultados indicam também que as organizações públicas e do contexto da prestação de serviços são as que sofrem com maiores índices de fatores de risco psicossociais. Sobre a liderança, de forma geral, o estilo transacional prevaleceu nos contextos analisados. Esses achados apontam para a complexidade da interação entre burnout, fatores psicossociais e liderança, destacando a necessidade de intervenções e estratégias organizacionais para promover a saúde mental e o bem-estar no ambiente de trabalho.

Changes are constant in work environments and have consequences for worker's health. Burnout is a syndrome conceptualized through three dimensions: emotional exhaustion, depersonalization, and low personal accomplishment at work. It is widely recognized as a significant challenge to the mental health of different professionals. Additionally, workplace environments with high levels of psychosocial risk factors have been associated with low indicators of physical and mental health. In contrast, the literature indicates that good leadership practices are beneficial for the entire organizational context. This research explores the interconnection between burnout, psychosocial risk factors at work, and leadership styles in professionals holding leadership positions in organizations from different sectors. The data was collected through four instruments, including a sociodemographic questionnaire and scales measuring burnout symptoms, different leadership styles, and psychosocial risk factors at work. This study's sample was composed of 43 professionals in leadership positions, and the data was analyzed using descriptive and inferential analyses. In all contexts, depersonalization rates related to burnout were high. Young leaders working in the public sector, and leading up to 10 people were identified as the most affected by burnout. The results also indicate that public and service sector organizations suffer from higher psychosocial risk factors. Regarding leadership, the transactional style appeared more frequently in the analyzed contexts. These findings point to the complexity of the interaction between burnout, psychosocial factors, and leadership, highlighting the need for interventions and organizational strategies to promote mental health and well-being in the workplace. Keywords: Burnout; Psychosocial Factors; Leadership Styles.