Entre Hipócrates e Aristófanes: um estudo sobre o corpo e a sexualidade femininos em Atenas (Sécs. V-IV AEC).

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Data

2023-10-06

Orientador

Carvalho, Margarida Maria de

Coorientador

Pós-graduação

História - FCHS 33004072013P0

Curso de graduação

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Tipo

Tese de doutorado

Direito de acesso

Acesso abertoAcesso Aberto

Resumo

Resumo (português)

Em geral, as sexualidades femininas e os corpos das mulheres gregas não foram concebidos, pela historiografia do século XIX até meados do XX, enquanto objetos de análise válidos, sobretudo porque eram associados unicamente à reprodução de herdeiros e filhos legítimos. No entanto, notamos como ambos se fizeram presentes nas produções históricas da Antiguidade Clássica, desde os vestígios materiais até as obras de filósofos, médicos e teatrólogos, dentre eles Hipócrates e Aristófanes. As conceituações do corpo e da sexualidade foram apresentadas pela historiografia contemporânea como uma preocupação dos autores antigos, sobretudo de Aristóteles, em justificar a inferioridade feminina baseados em sua composição fisiológica. Tal análise acabou por reduzir as possibilidades interpretativas oferecidas por outras perspectivas documentais do período clássico, como a hipocrática e a aristofânica. Ao nos debruçarmos sobre a leitura dos tratados hipocráticos Das doenças das mulheres I e II, Da geração [de filhos], Da natureza da mulher, Esterilidade e Da natureza da criança, e aprofundarmos a investigação da representação cômica nas peças Lisístrata (411 AEC), As Tesmoforiantes (411 AEC) e Assembleia de Mulheres (392 AEC), iniciada em nossa pesquisa de mestrado temos como hipótese que é possível vislumbrar uma autonomia do corpo e das práticas sexuais femininas na sociedade ateniense. Autonomia essa amparada no papel cívico por elas desempenhado enquanto esposas legítimas dos cidadãos. A partir deste entrecruzamento documental, defendemos que Aristófanes e Hipócrates partilhavam visões masculinizadas, ora conflitantes, ora complementares, referentes às concepções de feminilidade e masculinidade norteadoras das ordenações sociais no período clássico.

Resumo (inglês)

Broadly, throughout the 19th century up until the mid-20th century, historiography tended to overlook female sexualities and the bodies of Greek women as subjects worthy of thorough analysis, mainly because they were associated solely with the reproduction of heirs and legitimate children. However, we notice how both are an essential part of the historical productions of Classical Antiquity, from material remains to the works of philosophers, physicians, and playwrights, such as Hippocrates and Aristophanes. The conceptions of the body and sexuality were presented by contemporary historiography as a concern of ancient authors, especially Aristotle, in justifying female inferiority based on their physiological composition. Such interpretations restricted the analytical possibilities offered by other documentary perspectives of the classical period, such as the Hippocratic and Aristophanic ones. When we focus on the Hippocratic treatises On Generation, On the Nature of the Child, On the Nature of Women, Diseases of Women I and II, Barrenness, Diseases of Young Girls, and Eight Month's Child and deepen our investigation of comic representation in the plays Lysistrata (411 BCE), Thesmophoriazusae (411 BCE), and the Assemblywomen (392 BCE) we envision a dual sense of female autonomy, encompassing both their sexual and bodily behaviors. Drawing on the civic roles of women as mothers and lawful wives within Athenian society, our argument suggests a parallel perspective between Aristophanes and Hippocrates. Their views reflect, to a greater or less extent, masculinized perceptions that simultaneously intersect with and diverge from the prevailing notions of femininity and masculinity shaping the social orders of the classical era.

Resumo (espanhol)

En general, las sexualidades femeninas y los cuerpos de las mujeres griegas no fueron concebidos, por la historiografía del siglo XIX hasta mediados del XX, como objetos válidos de análisis, sobre todo porque estaban asociados únicamente a la reproducción de herederos e hijos legítimos. Sin embargo, notamos cómo ambos estuvieron presentes en las producciones históricas de la Antigüedad Clásica, desde vestigios materiales hasta las obras de filósofos, médicos y dramaturgos, entre ellos Hipócrates y Aristófanes. Las conceptualizaciones del cuerpo y la sexualidad fueron presentadas por la historiografía contemporánea como una preocupación de los autores antiguos, especialmente de Aristóteles, en justificar la inferioridad femenina a partir de su composición fisiológica. Tal análisis terminó por reducir las posibilidades interpretativas ofrecidas por otras perspectivas documentales del período clásico, como la hipocrática y la aristofánica. Cuando nos centramos en la lectura de los tratados hipocráticos Sobre la generación, Sobre la naturaleza del niño, Sobre la naturaleza de la mujer, Sobre las enfermidades de las mujeres I y II, Sobre las mujeres estériles, Sobre las enfermidades de las vírgenes y Sobre el parto de ocho meses y profundizamos la investigación de la representación cómica en las obras Lisístrata (411 aec), Tesmoforiantes (411 aec) e Asamblea de Mujeres (392 aec), iniciada en nuestra investigación de maestría, tenemos la hipótesis de que es posible vislumbrar una autonomía del cuerpo femenino y de las prácticas sexuales en la sociedad ateniense. Autonomía apoyada en el papel cívico que desempeñaban como legítimas esposas de ciudadanos. A partir de esta intersección documental, sostenemos que Aristófanes e Hipócrates compartieron visiones masculinizadas, a veces contradictorias, a veces complementarias, refiriéndose a las concepciones de feminidad y masculinidad que guiaron los órdenes sociales en el período clásico.

Descrição

Idioma

Português

Como citar

ANICETO, Bárbara Alexandre. Entre Hipócrates e Aristófanes: um estudo sobre o corpo e a sexualidade femininos em Atenas (Sécs. V-IV AEC). Orientadora: Margarida Maria de Carvalho, 2023. 296 f. Tese (Doutorado em Serviço Social) – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2023.

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