As relações diplomáticas Argentina-México diante das denúncias humanitárias e anti-ditatoriais de exilados argentinos (1974-1983)

Abstract

Esta tese analisa as repercussões das mobilizações humanitárias e anti-ditatoriais de exilados argentinos no México nas relações diplomáticas Argentina-México (1974-1983), entendidos como atores não estatais situados em uma rede transnacional de ativismos e de resistências contra a última ditadura civil-militar argentina. A partir disso, pretendeu-se responder ao seguinte problema de pesquisa: em que medida as mobilizações de denúncias e a própria existência de exilados argentinos em território mexicano, entre 1974 e 1983, foram fatores determinantes nas relações diplomáticas Argentina-México? A hipótese é a de que as denúncias dos exilados não apenas inseriram o México na rede transnacional contra a ditadura civil-militar argentina, mas também se somaram às divergentes pressões e demandas de distintos atores estatais e não estatais mexicanos sobre o país, o que dificultou o avanço das relações diplomáticas Argentina-México em outras questões além dos direitos humanos e dos exilados. A metodologia incluiu análise documental e realização de entrevistas. Os documentos são de arquivos da diplomacia argentina e mexicana, organizações de exilados argentinos, de organizações internacionais e de instituições e grupos de direitos humanos. Esses materiais são interpretados a partir de conceitos e ferramentas analíticas dos estudos sobre redes e ativismos transnacionais. As entrevistas são orientadas pela perspectiva da História Oral, por viabilizar uma compreensão menos restrita da política externa argentina e mexicana (da clássica ótica de militares e diplomatas), ao incluir os exilados, os quais trazem distintas perspectivas de sujeitos historicamente excluídos das narrativas, dos processos e das estruturas que são de interesse da História das Relações Internacionais na região do Cone Sul. Os resultados demonstram que as ações de denúncia e a própria existência dos exilados argentinos no México e dos asilados na Embaixada do México na Argentina foram fatores estruturantes das relações diplomáticas Argentina-México, quando os países tentaram avançar em negociações de seus interesses nacionais para além da pauta dos direitos humanos.

Esta tesis analiza las repercusiones de las movilizaciones humanitarias y antidictatoriales de exiliados argentinos en México en las relaciones diplomáticas Argentina-México (1974-1983), entendiéndolos como actores no estatales situados en una red transnacional de activismos y resistencias contra la última dictadura civil-militar argentina. A partir de esto, se abordó el siguiente problema de investigación: ¿en qué medida las movilizaciones denuncialistas y la propia existencia de exiliados argentinos en territorio mexicano, entre 1974 y 1983, fueron factores determinantes en las relaciones diplomáticas Argentina-México? La hipótesis es que las denuncias de los exiliados no sólo integraron a México en la red transnacional contra la dictadura civil-militar argentina, sino que también se sumaron a las diversas presiones y demandas de varios actores estatales y no estatales mexicanos sobre el país, lo que dificultó el avance de las relaciones diplomáticas Argentina-México en cuestiones más allá de los derechos humanos y los exiliados. La metodología incluyó el análisis documental y la realización de entrevistas. Los documentos provienen de archivos diplomáticos argentinos y mexicanos, organizaciones de exiliados argentinos, organizaciones internacionales e instituciones y grupos de derechos humanos. Estos materiales se interpretan utilizando conceptos y herramientas analíticas de estudios sobre redes y activismos transnacionales. Las entrevistas están guiadas por la perspectiva de la Historia Oral, lo que permite una comprensión menos restringida de la política exterior argentina y mexicana (más allá de la visión clásica de militares y diplomáticos) al incluir las perspectivas de los exiliados, actores historicamente excluídos de las narrativas, procesos y estructuras que interesan a la Historia de las Relaciones Internacionales en la región del Cono Sur. Los resultados demuestran que las acciones de denuncia y la propia existencia de exiliados argentinos en México y de asilados en la Embajada de México en Argentina fueron factores estructurantes de las relaciones diplomáticas Argentina-México, cuando los países intentaron avanzar en negociaciones de sus intereses nacionales más allá de la agenda de derechos humanos.

This thesis analyzes the repercussions of humanitarian and anti-dictatorial mobilizations of Argentine exiles in Mexico on Argentina-Mexico diplomatic relations (1974-1983), understanding these exiles as non-state actors situated in a transnational network of activism and resistance against the last Argentine civil-military dictatorship. From this, the following research problem was addressed: to what extent were the mobilizations of complaints and the very existence of Argentine exiles in Mexican territory, between 1974 and 1983, determining factors in Argentina-Mexico diplomatic relations? The hypothesis is that the exiles' complaints not only integrated Mexico into the transnational network against the Argentine civil-military dictatorship but also added to the divergent pressures and demands of several Mexican state and non-state actors on the country, which hindered the advancement of Argentina-Mexico diplomatic relations in issues beyond human rights and exiles. The methodology included document analysis and interviews. The documents come from Argentine and Mexican diplomatic archives, Argentine exiles organizations, international organizations, and human rights institutions and groups. These materials are interpreted using concepts and analytical tools from studies on transnational networks and activism. The interviews are guided by the perspective of Oral History, enabling a less restricted understanding of Argentine and Mexican foreign policy (beyond the classical view of military and diplomats) by including exiles, who bring different perspectives of subjects historically excluded from the narratives, processes, and structures that shape the History of International Relations in the Southern Cone region. The results demonstrate that the complaints and the very existence of Argentine exiles in Mexico and asylum seekers at the Mexican Embassy in Argentina were structuring factors in Argentina-Mexico diplomatic relations, when the countries tried to advance in negotiations of their national interests beyond the human rights agenda.