Paradigmas e estratégias do MST para o desenvolvimento de territórios agroecológicos

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2024-02-15

Título da Revista

ISSN da Revista

Título de Volume

Editor

Universidade Estadual Paulista (Unesp)

Resumo

As análises da Agroecologia, no debate acadêmico, são perpassadas pela compreensão dos papeis desempenhados pelos movimentos socioterritoriais no contexto das conflitualidades que envolvem o agronegócio e deve-se entender que existem diferentes formas de se concebê-la. Partimos, neste trabalho, do pressuposto de que a Agroecologia é uma forma de resistência ao avanço do capitalismo no campo, em que os movimentos socioterritoriais camponeses ganham destaque na sua forma de produção e comercialização, gerando desenvolvimento territorial. Assim, a Agroecologia e suas práticas (a nível material e imaterial) refletem um saber, um modo de vida e uma cultura que visa à produção de alimentos saudáveis, sem prejuízo à natureza e ligada à luta pela reforma agrária, representando, assim, um paradigma emergente. Com isso, nosso objetivo é debater a Agroecologia em sua multidimensionalidade nos campos materiais e imateriais dos paradigmas e territórios, bem como dos modelos de desenvolvimento, produção e comercialização, compreendendo esses elementos de acordo com a análise da atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no PE Gleba XV de Novembro no Pontal do Paranapanema no estado de São Paulo (SP). No campo da imaterialidade, a Agroecologia se estabelece no campo científico por meio de diferentes técnicas, disciplinas, aportes teórico-paradigmático-metodológicos em consonância com os saberes tradicionais do campesinato passados de geração em geração, que buscam, a partir de uma análise crítica da crise socioambiental, avançar na consolidação das resistências produtivas, conquistando territórios e gerando desenvolvimento territorial. Compreendemos que essa busca pelo desenvolvimento territorial, conforme o Paradigma da Questão Agrária, é perpassada pelos elementos do território agroecológico, sendo apresentados neste trabalho através da luta e conquista do território, do político, do organizativo, do produtivo e da comercialização no interior das ações do MST. Enquanto perspectiva política-paradigmática, temos a análise da atuação do MST no Brasil, que dá direcionamentos/diretrizes de ação para os camponeses no interior do Movimento com planos e atividades concretas, fomentando e consolidando a Agroecologia em todos os seus espaços dentro do território brasileiro. Essas imaterialidades criam as materialidades nos territórios com ações de resistência no âmbito da luta pela permanência no território e nos campos produtivos e/ou de comercialização, gerando o desenvolvimento territorial, como é caso do Pontal do Paranapanema (SP). Nesta região, a Agroecologia tem forte influência do MST, configurando-se como uma ação de resistência e ganhando centralidade na luta pela permanência na terra a partir da consolidação de espaços formativos que se materializam nas diversas práticas, no campo de diretrizes, produções e comercializações, como é o caso do território PE Gleba XV de Novembro em Rosana e Euclides da Cunha Paulista. O MST não atuou no processo de conquista desse território, mas tem contribuído historicamente para a permanência dos camponeses no que concerne às questões vinculadas à saúde, às renegociações de dívidas, à criação de infraestruturas, à organização em associações, à produção agroecológica e à comercialização em mercados institucionais ou camponeses, de que são exemplos as feiras e as cestas. Em relação aos últimos pontos, temos a Associação Regional de Cooperação Agrícola contribuindo na parte produtiva e de comercialização por meio do Projeto de Cestas Agroecológicas na Universidade Estadual Paulista em Rosana. Esse Projeto auxilia no processo de transição agroecológica, na renda dos camponeses e contribui para o consumo de alimentos saudáveis e para a conscientização política dos consumidores, além de criar laços de afetividade e gerar desenvolvimento territorial.
Los análisis de la agroecología en el debate académico están permeados por la comprensión del papel que juegan los movimientos socioterritoriales en el contexto de los conflictos que involucran al agronegocio y debe entenderse que existen diferentes formas de concebirla. En este trabajo, partimos del supuesto de que la Agroecología es una forma de resistencia al avance del capitalismo en el campo, en la que los movimientos socioterritoriales campesinos adquieren protagonismo en su forma de producción y comercialización, generando desarrollo territorial. Así, la agroecología y sus prácticas (tanto materiales como inmateriales) reflejan un conocimiento, una forma de vida y una cultura que tiene como objetivo producir alimentos sanos, sin dañar la naturaleza y vinculados a la lucha por la reforma agraria, representando así un paradigma emergente. Con esto en mente, nuestro objetivo es debatir la Agroecología en su multidimensionalidad en los campos material e inmaterial de los paradigmas y territorios, así como los modelos de desarrollo, producción y comercialización, entendiendo estos elementos de acuerdo con un análisis de las acciones del Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) en el PE Gleba XV de Novembro en Pontal do Paranapanema en el estado de São Paulo (SP). En el campo de la inmaterialidad, la Agroecología se instala en el campo científico a través de diferentes técnicas, disciplinas, aportes teóricos-paradigmáticos-metodológicos en consonancia con el conocimiento campesino tradicional transmitido de generación en generación, que busca, a partir de un análisis crítico de la crisis socioambiental, avanzar en la consolidación de la resistencia productiva, conquistando territorios y generando desarrollo territorial. Entendemos que esta búsqueda de desarrollo territorial, según el Paradigma de la Cuestión Agraria, está permeada por los elementos del territorio agroecológico, que se presentan en este trabajo a través de la lucha y conquista del territorio, la política, la organización, la producción y la comercialización dentro de las acciones del MST. Desde una perspectiva político-paradigmática, analizamos las acciones del MST en Brasil, que da orientaciones/directrices de acción a los campesinos dentro del Movimiento con planes y actividades concretas, promoviendo y consolidando la agroecología en todos sus espacios dentro del territorio brasileño. Estas inmaterialidades crean materialidades en los territorios con acciones de resistencia en el contexto de la lucha por permanecer en el territorio y en los campos de producción y/o comercialización, generando desarrollo territorial, como es el caso de Pontal do Paranapanema (SP). En esta región, la agroecología está fuertemente influenciada por el MST, que se ha erigido como una acción de resistencia y ha ganado centralidad en la lucha por la permanencia en la tierra a través de la consolidación de espacios formativos que se materializan en diversas prácticas, en el ámbito de las directrices, la producción y la comercialización, como es el caso del territorio PE Gleba XV de Novembro en Rosana y Euclides da Cunha Paulista. El MST no participó en el proceso de conquista de este territorio, pero históricamente ha contribuido a la permanencia de los campesinos en cuestiones de salud, renegociación de deudas, creación de infraestructuras, organización de asociaciones, producción agroecológica y comercialización en mercados institucionales o campesinos, como ferias y cestas. Con respecto a estos últimos puntos, tenemos a la Associação Regional de Cooperação Agrícola contribuyendo a la producción y comercialización a través del Proyecto de Cestas Agroecológicas de la Universidade Estadual Paulista en Rosana. Este proyecto ayuda al proceso de transición agroecológica, a la renta de los agricultores y contribuye al consumo de alimentos saludables y a la concienciación política de los consumidores, además de crear lazos afectivos y generar desarrollo territorial.
Analyses of agroecology, in the academic debate, are permeated by an understanding of the roles played by socioterritorial movements in the context of conflicts involving agribusiness and it must be understood that there are diverse ways of conceiving it. In this work, we start from the assumption that agroecology is a way of resistance in relation to the advance of capitalism in the countryside, in which socioterritorial movements are gaining prominence in the way they are produced and marketed, generating territorial development. In that way, agroecology and its practices (in material and immaterial level) reflect a knowledge, a way of life and a culture that aims the production of healthy food, without damage to nature and relate to the struggle for agrarian reform, representing thus, an emerging paradigm. With this, our aim is to debate agroecology in its multidimensionality in the material and immaterial fields of paradigms and territories, as well as, in the development models, production and commercialisation, understanding these elements according to analysis of the performance of the Landless Rural Workers’ Movement (MST) in the state settlement project Gleba XV de Novembro in the Pontal do Paranapanema, São Paulo state (SP). In the field of immateriality, agroecology is established in the scientific field through different techniques, disciplines, theoretical-paradigmatic-methodological contributions in line with the traditional knowledge of the peasantry passed down from generation to generation, which seeks, from a critical analysis of the socio-environmental crisis, to advance in the consolidation of productive resistance, conquering territories and generating territorial development. We understand that this search for territorial development, according to the Paradigm of Agrarian Question, is permeated by the elements of agroecological territory, which are presented in this work through the struggle and conquest of territory politics, organization, production, and marketing within the actions of the MST. While political-paradigmatic perspective, we have the analysis of MST’s actions in Brazil, which gives directions/directives of action to the peasants within the Movement with concrete plans and activities, fostering and consolidating Agroecology in all its spaces within the Brazilian territory. These immaterialities create the materialities in the territories with resistance actions in the context of the struggle to remain in the territory and in the productive and/or commercial fields, generating territorial development, like is the case in Pontal do Paranapanema (SP). In this region, Agroecology has great influence from MST, becoming an action of resistance and gaining centrality in the struggle to remain on the land through the consolidation of formative spaces that materialize in various practices, in the field of guidelines, production and commercialization, as is the case of the PE Gleba XV de Novembro territory in Rosana and Euclides da Cunha Paulista. The MST was not involved in the process of conquering this territory, but it has contributed historically to the permanence of peasants in terms of health issues, renegotiating debts, creating infrastructure, organizing associations, agroecological production and marketing in institutional or peasant markets, such as food fairs and baskets. Regarding the last points, we have the Associação Regional de Cooperação Agrícola (Regional Agricultural Cooperation Association) contributing to food production and commercialization, through the Agroecological Baskets Project at the São Paulo State University, in Rosana. This project helps with the agroecological transition process, the peasants’ income and it contributes to the consumption of healthy food and the political awareness of consumers, as well as, creating bonds of affection and generating territorial development.

Descrição

Palavras-chave

Agroecologia, Paradigmas, Territórios, Desenvolvimento territorial, Movimento dos trabalhadores rurais sem terra, Gleba XV de novembro, Agroecología, Territorios, Desarrollo territorial, Movimento dos trabalhadores rurais sem terra, Gleba XV de novembro, Agroecology, Paradigms, Territories, Territorial development, Landless rural workers’ movement, Gleba XV de novembro

Como citar

BUSCIOLI, Lara Dalperio. Paradigmas e estratégias do MST para o desenvolvimento de territórios agroecológicos. Orientador: Bernardo Mançano Fernandes. 2024. 362 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2024.