Estado afetivo, memória transcendente: reverberações do nacionalismo russo na Crimeia e na Transnístria
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Data
2022-12-09
Autores
Orientador
Fuccille, Luís Alexandre
Coorientador
Pós-graduação
Relações Internacionais (UNESP - UNICAMP - PUC-SP) - IPPRI
Curso de graduação
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Tipo
Dissertação de mestrado
Direito de acesso
Acesso aberto
Resumo
Resumo (português)
Este trabalho pretende compreender as razões que levaram a Rússia a tomar atitudes distintas em relação à Crimeia e à Transnístria em 2014. À época, a anexação da península fora justificada sob a égide do direito à autodeterminação após resultado de plebiscito em que mais de 90% da população se identificava como parte do mundo russo. A região separatista da Moldávia, contudo, há anos luta para ser integrada à Federação Russa e, apesar da semelhança entre seu contexto político e o da Crimeia, não recebeu o mesmo tratamento. Nosso argumento central é que, dada a narrativa que embasa a construção do nacionalismo promovido por Putin e por sua coalizão, a manutenção da influência de Moscou sobre a Ucrânia é uma questão de maior interesse do que a tomada de poder sobre a Transnístria. Baseada amplamente em memórias acerca da glória do passado russo e em experiências traumáticas de relações com o Ocidente, o Kremlin esboça um projeto político que pretende retomar o lugar da Rússia no tabuleiro internacional, seu lugar de direito dada a excepcionalidade de seu povo e Estado. Para tanto, o comportamento do Estado é dirigido por uma espécie própria de orientalismo que, a partir de uma amálgama de interesses estratégicos e discursivos, essencializa o externo a fim de legitimar seu domínio sobre ele. Esta essencialização se dá com base em características identitárias compartilhadas e serve ao propósito único da política de grande potência do Kremlim. Crimeia e Transnístria, nesse contexto, ocupam lugares distintos na narrativa de Moscou tanto do ponto de vista geopolítico quanto afetivo. O controle do berço do eslavismo, a Ucrânia moderna, assim, é um objetivo central do governo russo, o que justifica as diferentes posturas tomadas em relação aos casos aqui analisados a despeito das semelhanças partilhadas por ambos.
Resumo (inglês)
This work intends to understand the reasons that led Russia to take different attitudes towards Crimea and Transnistria in 2014. At the time, the annexation of the peninsula was justified under the aegis of the right to self-determination after the result of a plebiscite in which more than 90% of the population identified themselves as part of the Russian world. The breakaway Moldovan region, however, has struggled for years to be integrated into the Russian Federation and, despite the similarity between its political context and that of Crimea, it has not received the same treatment. Our central argument is that, given the narrative that underlies the construction of nationalism promoted by Putin, maintaining Moscow's influence over Ukraine is a matter of greater interest than taking power over Transnistria. Based largely on memories of the glory of the Russian past and on traumatic experiences of relations with the West, the Kremlin outlines a political project that intends to regain Russia's place on the international board, its rightful place given the exceptionality of its people and state. To this end, the behavior of the state is guided by its own kind of orientalism that, based on an amalgamation of strategic and discursive interests, essentializes the external in order to legitimize its dominion over it. This essentialization is based on shared identity characteristics and serves the unique purpose of the Kremlin's great power politics. Crimea and Transnistria, in this context, occupy distinct places in the Moscow narrative both from a geopolitical and affective point of view. The control of the cradle of Slavism, modern Ukraine, is thus a central objective of the Russian government, which justifies the different positions taken in relation to the cases analyzed here, despite the similarities shared by both.
Resumo (espanhol)
Este trabajo pretende comprender las razones que llevaron a Rusia a adoptar actitudes diferentes hacia Crimea y Transnistria en 2014. En ese momento, la anexión de la península se justificó bajo la égida del derecho a la autodeterminación tras el resultado de un plebiscito en el que más del 90% de la población se identificó como parte del mundo ruso. La región separatista de Moldavia, sin embargo, ha luchado durante años por integrarse en la Federación Rusa y, a pesar de la similitud entre su contexto político y el de Crimea, no ha recibido el mismo trato. Nuestro argumento central es que, dada la narrativa que subyace a la construcción del nacionalismo promovida por Putin, mantener la influencia de Moscú sobre Ucrania es un asunto de mayor interés que tomar el poder sobre Transnistria. Basado en gran parte en recuerdos de la gloria del pasado ruso y en experiencias traumáticas de las relaciones con Occidente, el Kremlin esboza un proyecto político que pretende recuperar el lugar de Rusia en el tablero internacional, el lugar que le corresponde dada la excepcionalidad de su pueblo y Estado. Para ello, el comportamiento del Estado se guía por un orientalismo propio que, a partir de una amalgama de intereses estratégicos y discursivos, esencializa lo externo para legitimar su dominio sobre él. Esta esencialización se basa en características de identidad compartidas y sirve al propósito único de la política de gran poder del Kremlin. Crimea y Transnistria, en este contexto, ocupan lugares distintos en la narrativa de Moscú tanto desde un punto de vista geopolítico como afectivo. El control de la cuna del eslavismo, la Ucrania moderna, es así un objetivo central del gobierno ruso, lo que justifica las distintas posiciones adoptadas en relación con los casos aquí analizados, a pesar de las similitudes compartidas por ambos.
Resumo (russo)
Цель этой работы - понять причины, побудившие Россию по-разному относиться к Крыму и Приднестровью в 2014 году. В то время аннексия полуострова была оправдана под эгидой права на самоопределение после результатов плебисцита, в ходе которого более 90% населения идентифицировали себя как часть русского мира. Однако отколовшийся молдавский регион в течение многих лет боролся за интеграцию в Российскую Федерацию, и, несмотря на сходство между его политическим контекстом и контекстом Крыма, он не получил такого же отношения. Наш главный аргумент заключается в том, что, учитывая нарратив, лежащий в основе построения национализма, продвигаемого Путиным, сохранение влияния Москвы на Украину представляет больший интерес, чем захват власти в Приднестровье. Основываясь в основном на воспоминаниях о славном прошлом России и травмирующем опыте отношений с Западом, Кремль намечает политический проект, который призван вернуть России место на международной арене, ее законное место, учитывая исключительность ее народа и государства. С этой целью поведение государства руководствуется своего рода ориентализмом, который, основанный на слиянии стратегических и дискурсивных интересов, эссенциализирует внешнее, чтобы узаконить свое господство над ним. Эта эссенциализация основана на общих характеристиках идентичности и служит уникальной цели великодержавной политики Кремля. Крым и Приднестровье в этом контексте занимают особое место в московском нарративе как с геополитической, так и с эмоциональной точки зрения. Таким образом, контроль над колыбелью славянства, современной Украиной, является центральной целью российского правительства, что оправдывает различные позиции, занятые в отношении анализируемых здесь случаев, несмотря на сходство, разделяемое обоими.
Descrição
Palavras-chave
Idioma
Português