As práticas informacionais e a competência em informação em tempos de infodemia: uma análise dos pesquisadores em instituições do ensino superior e de pesquisa em saúde de Moçambique

Abstract

O estudo das práticas informacionais e competência em informação são parte da Ciência da Informação. As práticas informacionais podem ser caracterizadas como uma das vertentes dos estudos de usuários, e a competência em informação como aprendizagem necessária para lidar com a informação na vida cotidiana, principalmente em contexto de infodemia. Ambas são componentes essenciais na formação de uma sociedade ativa, crítica, que exerce os seus direitos de cidadania, pois, enquanto as práticas lidam com o processo informacional em um contexto e meio social, a competência em informação é desenvolvida pela aquisição de conhecimentos e habilidades para o uso eficiente da informação. A partir desse referencial, a pesquisa buscou responder as seguintes questões: “Que práticas informacionais são realizadas pelos pesquisadores em tempos de infodemia? Como lidam com esse fenômeno para selecionar e filtrar a informação correta e precisa para o usuário em uma sociedade em condições precárias de promoção da competência em informação?”. Como objetivo, propôs-se analisar as práticas informacionais e a competência em informação de pesquisadores em instituições do ensino superior e de pesquisa em saúde de Moçambique no contexto da infodemia. Para tal, realizou-se um estudo de caso múltiplo nas instituições do ensino superior e pesquisa, concretamente na Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane e no Centro de Investigação em Saúde de Manhiça. Trata-se de um estudo qualitativo com apoio aos dados quantitativos. O questionário, a entrevista e a observação foram usados para a coleta de dados. O questionário foi dirigido aos pesquisadores com objetivo de buscar informações relativas as práticas informacionais e a competência em informação de uma forma geral; a entrevista dirigida aos responsáveis pela área de pesquisa nas instituições visando recolher dados ligados ao funcionamento das instituições e estratégias desenvolvidas em relação a infodemia da covid-19 e seus mecanismos de controle, prevenção e enfrentamento a possíveis infodemia; e a observação consistiu na verificação do ambiente de trabalho e as condições físicas existentes para a realização das práticas informacionais. Neste sentido, constatou-se que as práticas informacionais dos pesquisadores tanto da UEM-FAMED como do CISM estão diretamente ligadas ao seu trabalho de pesquisa, os quais ganham relevância e impacto social quando traduzem resultados significativos e de aplicação prática às comunidades para a resolução dos seus problemas ligados à saúde. Dos fatores que interferem essas práticas, evidenciam-se sobretudo a inacessibilidade das fontes (72,2% na UEM-FAMED e 87,5% no CISM), escassez de recursos (66,7% na UEM e 43,8% no CISM), a sobrecarga informacional especificamente no período da infodemia (88,9% na UEM-FAMED e 81,3% no CISM) e, as questões de distanciamento impostas pela pandemia. Em relação a CoInfo, tem-se que em certo ponto é desenvolvida pelos pesquisadores da UEM-FAMED a partir da experiência profissional com o uso da informação, legitimado pelo tempo de atuação na carreira (havendo os que possuem mais de 25 anos), e no CISM é desenvolvida como uma aprendizagem ao longo da vida profissional baseada em atualizações e capacitações ligadas a área de pesquisa científica, aliada à prática quotidiana. Verificou-se que para mais de 50% dos respondentes em ambas as instituições, a infodemia trouxe grande aprendizagem quanto ao uso da informação credível e seleção em diferentes mídias. Diante disso, há necessidade de elaboração de um protocolo de atuação dos pesquisadores em contextos infodêmicos, apresentando as principais ações que devem ser levadas a cabo, tendo em conta a especificidade de cada uma das instituições: (UEM-FAMED e CISM), as condições existentes, as áreas de pesquisa e o seu público-alvo.

The study of information practices and information competence are part of Information Science. Information practices can be characterized as one of the aspects of user studies, and information competence as necessary learning to deal with information in everyday life, especially in the context of an infodemic. Both are essential components in the formation of an active, critical society, which exercises its citizenship rights, because, while the practices deal with the informational process in a social context, the competence in information is developed by the acquisition of knowledge and skills for the efficient use of information. Based on this framework, the research sought to answer the following questions: “What informational practices are carried out by researchers in times of infodemic? How do you deal with this phenomenon to select and filter the correct and precise information for the user in a society in precarious conditions for promoting information literacy?” As an objective, it was proposed to analyze the information practices and information competence of researchers in higher education and health research institutions in Mozambique in the infodemic context. To this end, a multiple case study was carried out in higher education and research institutions, specifically at the Faculty of Medicine of the Eduardo Mondlane University and at the Manhiça Health Research Center. This is a qualitative study supported by quantitative data. Questionnaire, interview and observation were used to collect data. The questionnaire was aimed at researchers with the aim of seeking information regarding information practices and information literacy in general; the interview directed to those responsible for the research area in the institutions, aiming to collect data linked to the functioning of the institutions and strategies developed in relation to the covid-19 infodemic and its mechanisms for controlling, preventing and confronting possible infodemics; and the observation consisted of verifying the work environment and the existing physical conditions for carrying out informational practices. In this sense, it was found that the informational practices of researchers from both UEM-FAMED and CISM are directly linked to their research work, which gain relevance and social impact when they translate significant results and practical application to communities to resolve problems their health problems. The factors that interfere with these practices include the inaccessibility of sources (72.2% in UEM-FAMED and 87.5% in CISM), scarcity of resources (66.7% in UEM and 43.8% in CISM ), the information overload specifically during the infodemic period (88.9% in UEM-FAMED and 81.3% in CISM) and the distancing issues imposed by the pandemic. In relation to CoInfo, at a certain point it is developed by UEM-FAMED researchers based on professional experience with the use of information, legitimized by the length of time they have worked in their career (with those having more than 25 years), and at CISM it is developed as lifelong learning based on updates and training linked to the area of scientific research, combined with daily practice. It was found that for more than 50% of respondents in both institutions, the infodemic brought great learning regarding the use of credible information and selection in different media. In view of this, there is a need to develop a protocol for researchers to act in infodemic contexts, presenting the main actions that must be carried out, taking into account the specificity of each of the institutions: (UEM-FAMED and CISM), the conditions existing areas, research areas and target audience.

El estudio de las prácticas informativas y la competencia informacional forman parte de las Ciencias de la Información. Las prácticas informativas pueden caracterizarse como uno de los aspectos de los estudios de usuarios, y la competencia informativa como un aprendizaje necesario para manejar la información en la vida cotidiana, especialmente en el contexto de una infodemia. Ambos son componentes esenciales en la formación de una sociedad activa, crítica y que ejerza sus derechos ciudadanos, porque, mientras las prácticas abordan el proceso informacional en un contexto y entorno social, la competencia informacional se desarrolla a través de la adquisición de conocimientos y habilidades para el uso eficiente de la información. uso de la información. A partir de este marco, la investigación buscado responder las siguientes preguntas: “¿Qué prácticas informacionales llevan a cabo los investigadores en tiempos de infodemia? Cómo se aborda este fenómeno de seleccionar y filtrar la información correcta y precisa para el usuario en una sociedad en condiciones precarias para promover la alfabetización informacional? Como objetivo, se propuesto analizar las prácticas informacionales y la competencia informacional de investigadores de instituciones de educación superior y de investigación en salud en Mozambique en el contexto de la infodemia. Para ello, se realizó un estudio de casos múltiples en instituciones de educación superior y de investigación, específicamente en la Facultad de Medicina de la Universidad Eduardo Mondlane y en el Centro de Investigación en Salud de Manhiça. Se trata de un estudio cualitativo sustentado en datos cuantitativos. Para la recolección de datos se utilizó cuestionario, entrevista y observación. El cuestionario estuvo dirigido a investigadores con el objetivo de buscar información sobre prácticas informacionales y alfabetización informacional en general; la entrevista dirigida a los responsables del área de investigación en las instituciones, con el objetivo de recolectar datos vinculados al funcionamiento de las instituciones y estrategias desarrolladas en relación a la infodemia covid-19 y sus mecanismos de control, prevención y enfrentamiento de posibles infodemias; y la observación consistió en verificar el ambiente de trabajo y las condiciones físicas existentes para la realización de las prácticas informacionales. En este sentido, fue encontrado que las prácticas informacionales de los investigadores tanto de la UEM-FAMED como del CISM están directamente vinculadas con su labor investigativa, las cuales ganan relevancia e impacto social cuando traducen resultados significativos y aplicación práctica a las comunidades para resolver sus problemas de salud. problemas. Los factores que interfieren con estas prácticas incluyen la inaccesibilidad de las fuentes (72,2% en UEM-FAMED y 87,5% en CISM), la escasez de recursos (66,7% en UEM y 43,8% en CISM), la sobrecarga de información específicamente durante el período infodémico (88,9% en UEM-FAMED y 81,3% en CISM) y las cuestiones de distanciamiento impuestas por la pandemia. En relación con CoInfo, en un determinado momento es desarrollado por investigadores de la UEM-FAMED en base a la experiencia profesional con el uso de la información, legitimada por el tiempo de trayectoria profesional (siendo los que tienen más de 25 años), y en el CISM se desarrolla como un aprendizaje permanente basado en la actualización y formación vinculada al área de la investigación científica, combinada con la práctica diaria. Se encontró que para más del 50% de los encuestados en ambas instituciones, la infodemia trajo grandes aprendizajes respecto al uso de información creíble y selección en diferentes medios. Ante esto, surge la necesidad de desarrollar un protocolo para que los investigadores actúen en contextos infodémicos, presentando las principales acciones que deben realizarse, teniendo en cuenta la especificidad de cada una de las instituciones: (UEM-FAMED y CISM), las condiciones de las áreas existentes, áreas de investigación y público objetivo.