Investigação de Babesia, Hepatozoon e Ehrlichia em gambás (Didelphis sp.) de vida livre do Estado de São Paulo, Brasil

Abstract

Como resultado da crescente urbanização há um impacto negativo na fauna e na flora, resultando em desequilíbrios ecológicos que podem desencadear na transmissão de zoonoses. O presente estudo teve como objetivo investigar a presença de hemoparasitas em sangue de gambás de vida livre resgatados, além de avaliar o hemograma desses animais. Ao total, 115 amostras sanguíneas de gambás (Didelphis albiventris e Didelphis aurita) oriundos do Parque Zoológico Municipal "Quinzinho de Barros", em Sorocaba, Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres - CeMaCAS, em São Paulo e da Vigilância Ambiental em Saúde, de Botucatu foram analisadas investigando-se a presença de protozoários do gênero Babesia e Hepatozoon e bactérias do gênero Ehrlichia. A partir do material coletado foram realizados hemogramas afim de analisar os valores dos parâmetros hematológicos das duas espécies de hospedeiros, confecção de esfregaços sanguíneos para a procura dos patógenos empregando microscopia óptica, além da utilização de análises moleculares para pesquisa de fragmentos de DNA de Babesia spp., Hepatozoon spp. e Ehrlichia spp. utilizando-se pares de primers específicos para cada patógeno. Nenhuma das lâminas de esfregaço sanguíneo foi positiva para os protozoários pesquisados, porém em uma lâmina foi detectada a presença de mórulas sugestivas de Erhlichia spp. e a amostra era oriunda de D. albiventris do município de Sorocaba-SP. Como resultado da análise molecular, cinco (4,34%) amostras foram positivas para Babesia spp. e duas (1,73%) foram positivas para Ehrlichia spp., todas provenientes do município de Botucatu-SP. Nenhuma amostra foi positiva para protozoários do gênero Hepatozoon spp. Empregando ferramentas de bioinformática foi possível confirmar a positividade de Babesia sp. e Ehrlichia sp. Esses resultados ressaltam a importância de novos estudos para melhor compreensão da ocorrência e distribuição de diversos patógenos em populações de animais silvestres.

As a result of increasing urbanization, there is a negative impact on fauna and flora, leading to ecological imbalances that can trigger the transmission of zoonoses. This study aimed to investigate the presence of hemoparasites in the blood of free-living opossums that were rescued, as well as to evaluate the complete blood count of these animals. A total of 115 blood samples from opossums (Didelphis albiventris and Didelphis aurita) were analyzed, originating from the "Quinzinho de Barros" Municipal Zoo in Sorocaba, the Wildlife Management and Conservation Center (CeMaCAS) in São Paulo, and the Environmental Health Surveillance in Botucatu. The presence of protozoa of the genus Babesia and Hepatozoon, as well as bacteria of the genus Ehrlichia, was investigated. From the material collected, blood counts were taken in order to analyze the values of the hematological parameters of the two host species, blood smears were taken to look for pathogens using optical microscopy, and molecular analysis was used to search for DNA fragments of Babesia spp., Hepatozoon spp. and Ehrlichia spp. using specific primer pairs for each pathogen. None of the blood smear slides were positive for the protozoa investigated, but one slide showed the presence of morulae suggestive of Erhlichia spp. and the sample came from Didelphis albiventris in the municipality of Sorocaba-SP. As a result of the molecular analysis, five (4.34%) samples were positive for Babesia spp. and two (1.73%) were positive for Ehrlichia spp., all samples from the municipality of Botucatu-SP. No samples were positive for protozoa of the genus Hepatozoon spp. Using bioinformatics tools, it was possible to confirm the positivity of Babesia sp. and Ehrlichia sp. These results highlight the importance of further studies to better understand the occurrence and distribution of various pathogens in wild animal populations.