Setor sucroenergético no Oeste Paulista: desenvolvimento, grupos econômicos e grau de dependência do emprego

Abstract

Mudanças macroestruturais no setor sucroenergético em escala internacional, nacional e regional iniciadas na segunda metade do século XX, aceleradas em suas três últimas décadas e nas duas primeiras do século XXI, contribuíram para alterações nas dinâmicas da organização da produção, do consumo e sobre a geração de renda e empregos. O poder de mercado de grupos econômicos, a serem nesta tese problematizados, que a partir das mudanças ocorridas passaram a integrar o setor sucroenergético contribuíram, por sua vez, para intensificar o processo de internacionalização, oligopolização e financeirização deste setor no Brasil. A região oeste do estado de São Paulo, a partir da segunda metade da década de noventa, sofreu forte impulso de capitais específicos organizados a partir de grupos econômicos nacionais e internacionais, intensificados na década de 2000. Essas mudanças impactaram na dinâmica dos territórios onde se encontram presentes, em particular nos municípios integrantes dos EDRs de Andradina, Araçatuba, Dracena, Presidente Prudente e Presidente Venceslau, localizados no estado de São Paulo. O objetivo principal é analisar as diferenciadas consequências da expansão da atividade sucroenergética em termos espaciais no que se refere, principalmente, àquilo que denominamos como grau de dependência de empregos, nos EDRs citados. Visando atender o objetivo a pesquisa partiu da hipótese de que alterações na morfologia dos capitais, ocorridas a partir da concentração por meio de incorporações e de novos investimentos realizados por grupos econômicos que controlam as unidades de produção sucroenergéticas, interferem de formas distintas na geração de emprego e valor adicional da produção nos territórios onde estão instaladas, gerando dependência do emprego ofertado por essas empresas. Para análise do grau de dependência dos municípios, foi desenvolvido o coeficiente de dependência setorial do emprego - cdse, que permitiu relacionar a dependência do emprego com a variação real do valor agregado da produção, no período de 2002 a 2017, comparando municípios pertencentes ao território de atuação de um mesmo Escritório de Desenvolvimento Rural e que possuem unidades agroindustriais sucroenergéticas – UAS, com aqueles que não possuem. As principais conclusões do trabalho são: o processo de dependência setorial do emprego não ocorre de forma linear em todos os municípios em que grupos econômicos estão instalados, mas de maneira contundente em municípios de pequeno porte onde tais organizações empresariais se fazem presentes; o modelo de desenvolvimento endógeno não abarca o conjunto das transformações multiescalares, tornando-o neste contexto, limitado para a análise do desenvolvimento territorial; o argumento da “dependência bem-vinda” como justificativa da participação de grupos econômicos na oferta de empregos e arrecadação municipal se apresenta como uma visão de curto prazo e incompleta e; a reversão do quadro de dependência não requer a exclusão de atividades produtivas de grupos econômicos sucroenergéticos, mas sim a implementação de planejamento de longo prazo que permita integrar novas atividades produtivas que se complementem. Tais complementações devem ser direcionadas ao adensamento de circuitos espaciais produtivos, inserindo o território em múltiplas escalas, diminuindo a dependência setorial do emprego.

Macrostructural changes in sugarcane sector on an international, national and regional scale initiated in second half of the twentieth century, they were accelerated in the past three decades and in the first decades of the twenty-first century, contributed to alteration of the dynamic organization of production, consumption and employment and income generation. Market power of economical groups, it will be problematic in this thesis, which from the changes that occurred became part of the sugarcane sector contributed, in turn, to intensify the process of internationalization, oligopolization and financialization of this sector in Brazil. The western region of the state of São Paulo, from the second half of the nineties, suffered a strong impulse from specific capitals organized from national and international economic groups, intensified in the 2000s. These changes impacted the dynamic of the territories where they are present, in particular, in the municipalities that are part of the EDRs of Andradina, Araçatuba, Dracena, Presidente Prudente and Presidente Venceslau, located in the state of São Paulo. The main objective is to analyze the different consequences of the expansion of sugarenergy activity in spatial terms, mainly with regard to what we call the degree of dependence on jobs, in the aforementioned EDRs. Aiming to meet the objective, the research started from the hypothesis that changes in the morphology of capital, which occurred from the concentration through incorporations and new investments carried out by economic groups that control the sugar-energy production units, interfere in different ways in the generation of employment and additional production value in the territories where they are installed, generating dependence on the employment offered by these companies. To analyze the degree of dependence of the municipalities, the sectoral dependence coefficient on employment - cdse was developed, which allowed relating the dependence on employment with the real variation of the added value of production, in the period from 2002 to 2017, comparing municipalities belonging to the territory of action of the same Rural Development Office and that have sugarcane agribusiness units - UAS, with those that do not have. The main conclusions of the paper are: the process of sectoral dependence on employment does not occur in a linear way in all municipalities where economic groups are installed, but in a forceful way in small municipalities where such business organizations are present; the endogenous development model does not encompass the set of multiscale transformations, making it, in this context, limited for the analysis of territorial development; the argument of “welcome dependency” as a justification for the participation of economic groups in the provision of jobs and municipal revenue is presented as a short-term and incomplete vision and; the reversal of the dependency framework does not require the exclusion of productive activities from sugarcane economic groups, but the implementation of long-term planning that allows the integration of new productive activities that complement each other. Such complements must be directed to the densification of productive spatial circuits, inserting the territory in multiple scales, reducing sectorial dependence on employment.

Los cambios macroestructurales del sector sucroenergético a escala internacional, nacional y regional iniciados en la segunda mitad del siglo XX, acelerados en sus últimas tres décadas y en las dos primeras del siglo XXI, contribuyeron a modificar la dinámica de la organización de la producción, el consumo y la generación de renta y empleos. El poder de mercado de los grupos económicos, a ser problematizado en esta tesis que, a partir de los cambios ocurridos, pasaron a formar parte del sector sucroenergético, contribuyó, a su vez, a intensificar el proceso de internacionalización, oligopolización y financiarización de este sector en Brasil. La región oeste del estado de São Paulo, a partir de la segunda mitad de la década de 1990, sufrió un fuerte impulso de capitales específicos organizados a partir de grupos económicos nacionales e internacionales, intensificado en la década de 2000. Estos cambios impactaron en la dinámica de los territorios donde están presentes, particularmente en los municipios que forman parte de las EDR de Andradina, Araçatuba, Dracena, Presidente Prudente y Presidente Venceslau, ubicados en el estado de São Paulo. El objetivo principal es analizar las diferentes consecuencias de la expansión de la actividad sucroenergética en términos espaciales, principalmente en lo que se refiere a lo que llamamos el grado de dependencia del empleo, en las EDR antes mencionadas. Con el fin de cumplir con el objetivo, la investigación partió de la hipótesis de que los cambios en la morfología del capital, ocurridos a partir de la concentración a través de las incorporaciones y nuevas inversiones realizadas por grupos económicos que controlan las unidades de producción de energía azucarera, interfieren de diferentes maneras en la generación de empleo y valor adicional de la producción en los territorios donde se instalan, generando dependencia del empleo que ofrecen estas empresas. Para analizar el grado de dependencia de los municipios, se elaboró el coeficiente de dependencia sectorial del empleo - cdse, que permitió relacionar la dependencia del empleo con la variación real del valor agregado de la producción, en el período de 2002 a 2017, comparando municipios pertenecientes al territorio de actuación de la misma Oficina de Desarrollo Rural y que cuenten con unidades agroindustriales sucroenergéticas - UAS, con las que no las tengan. Las principales conclusiones del trabajo son: el proceso de dependencia sectorial del empleo no se da de forma lineal en todos los municipios donde se instalan grupos económicos, sino de forma llamativa en los municipios pequeños donde están presentes dichas organizaciones empresariales; el modelo de desarrollo endógeno no abarca el conjunto de transformaciones multiescalares, lo que lo vuelve, en este contexto, limitado para el análisis del desarrollo territorial; el argumento de la “dependencia bienvenida” como justificación de la participación de los grupos económicos en la provisión de empleos y rentas municipales se presenta como una visión cortoplacista e incompleta; la reversión del marco de dependencia no requiere la exclusión de las actividades productivas de los grupos económicos cañeros, sino la implementación de una planificación de largo plazo que permita la integración de nuevas actividades productivas que se complementen entre sí. Tales complementaciones deben estar dirigidas a la densificación de los circuitos espaciales productivos, insertando el territorio en múltiples escalas, reduciendo la dependencia sectorial del empleo.